Com viagens, Lula garantiu ao Brasil 57 acordos e 96 novos mercados

Problema central da série do “Poder360” é a tentativa de transformar em escândalo o custo das viagens internacionais do presidente

O Poder360 se define como um “grupo de comunicação jornalística” voltado a “aperfeiçoar a democracia”. O caminho para esse propósito – diz o site – é “apurar a verdade dos fatos para informar e inspirar”. Nada disso esteve presente na série de reportagens que o Poder360 publicou nesta segunda-feira (18) sobre o “giro internacional” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Eivadas de malícia, as matérias se limitam a divulgar o custo das viagens realizadas por Lula desde sua volta ao Planalto. Veja-se pelos títulos: “Lula gastou R$ 65,9 mi em 62 dias de viagens ao exterior em 2023”; “Hospedagens de Lula e equipe em 2023 custaram R$ 27,8 mi”; e “Giro internacional de Lula foi R$ 27 mi mais caro que o de Bolsonaro”.

Tirar números de contexto é uma velha artimanha para qualquer veículo fingir que conseguiu “apurar a verdade dos fatos para informar e inspirar”. Lula viajou para 28 países, permanecendo fora do Brasil por 62 dias. O máximo de honestidade que a série alcança é admitir que “os valores não se referem somente aos gastos do presidente, mas sim de todas as suas comitivas”.

O problema central da série do Poder360 é a tentativa de transformar essas cifras em escândalo, como se Lula viajasse à custa do erário para “curtir a vida adoidado”, à margem dos interesses nacionais. Por preguiça ou desfaçatez, os autores das matérias, Gabriel Benevides e Tiago Mali, omitem deliberadamente os resultados dessas viagens – que foram decisivas para incrementar os investimentos no Brasil e afastar a imagem do País como “pária internacional”.

Coube, então, à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) fazer o serviço que se esperava de um “grupo de comunicação jornalística” que quer “aperfeiçoar a democracia”. Uma nota divulgada pela Secretaria de Imprensa da Secom listou os números impactos positivos do giro internacional de Lula.

Antes de tudo, a Secom lembra que “viagens presidenciais são um importante instrumento para o fortalecimento de relações entre países e para a promoção de negócios. O Brasil, após hiato de quatro anos como pária internacional, voltou a ser convidado para os principais eventos globais e a ser recebido pelas principais lideranças do mundo”. Ao mesmo tempo, “líderes globais também voltaram a visitar o País”.

Há muitos números e cifras – por sinal, todos públicos – que evidenciam o impacto positivo da visita do presidente brasileiro a 28 países. Um exemplo é a “atração de mais de R$ 117 bilhões de montadoras estrangeiras no País”. Sob o governo Bolsonaro, o Brasil viveu uma onda de fechamento de fábricas e até de saída de multinacionais do País, como a Ford.

Graças à investida de Lula, essa tendência foi invertida, e o Brasil voltou a receber investimentos de peso do setor automotivo. De acordo com a Secom, “estes investimentos são fruto do trabalho constante de promoção do Brasil realizado pelo governo brasileiro, que tem colocado o País na vanguarda da transição energética, um dos temas mais relevantes da atualidade”.

As visitas de Lula também expandem o mercado para produtos brasileiros, melhorando nossa balança comercial. “Na viagem à China, além dos 15 acordos entre os dois governos, outros 42 acordos foram assinados entre empresas brasileiras e chinesas e entre empresas chinesas e o governo brasileiro”, informa a Secom. “A previsão é que os acordos com a China rendam investimentos de até R$ 50 bilhões.”

A atração de parcerias não parou por aí: o Brasil será o destino de R$ 12,5 bilhões de investimentos dos Emirados Árabes “especialmente na área de energia verde” e de R$ 50 bilhões do Fundo Soberano da Arábia Saudita. As empresas portuguesas EDP e Galp investirão R$ 32 bilhões, enquanto o Japão abriu uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para o setor de saúde no Brasil.

Ao todo, as viagens internacionais de Lula resultaram em 57 acordos bilaterais e ajudaram a abrir 96 novos mercados para produtos brasileiros. “Alguns desses acordos” – esclarece a Secom – “têm impacto direto na vida dos cidadãos, como a isenção de vistos para visitantes brasileiros ao Japão e a facilitação do reconhecimento de diplomas entre Brasil e Portugal”. Gastar R$ 65,9 milhões em 64 dias de viagens pode parecer demais – mas não quando se sabe que, só com doações estrangeiras ao Fundo Amazônia, o Brasil atraiu cerca de R$ 3,6 bilhões em 2023 – e deve atrair mais R$ 3,1 bilhões em 2024.

Caso o Poder360 queira continuar com o propósito “apurar a verdade dos fatos para informar e inspirar”, vale a pena incorporar a célebre citação de Hubert Beuve-Méry, ex-diretor do diário francês Le Monde: “A objetividade não existe, mas a honestidade, sim”. No jornalismo, informação sem contexto é a antessala da manipulação.

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