Nicolás Maduro é oficializado como candidato do PSUV para reeleição na Venezuela
A oposição tem até o dia 25 de março para confirmar sua candidatura, após o descarte de María Corina Machado, por participar do complô com Guaidó, que bloqueou o país.
Publicado 18/03/2024 17:01
O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) oficializou neste sábado (16) a candidatura do presidente Nicolás Maduro para as eleições presidenciais marcadas para 28 de julho. Maduro, que concorrerá ao terceiro mandato, foi proclamado como candidato durante um evento realizado em um ginásio em Caracas.
Durante seu discurso, Maduro expressou confiança na vitória do povo venezuelano, declarando: “Só há um desfecho: a vitória do povo em 28 de julho. Eles não foram capazes de nos parar, nem serão capazes de fazê-lo.”
A escolha interna do PSUV ocorreu após Maduro concorrer sozinho, sendo indicado como candidato único do partido. De acordo com informações divulgadas por Diosdado Cabello, vice-presidente do PSUV, houve uma ampla participação popular no processo de seleção do candidato, que incluiu assembleias realizadas em diferentes estados venezuelanos. “4.240.032 militantes do PSUV nomearam o presidente Nicolás Maduro como candidato presidencial em 317.187 assembleias de base”, disse o primeiro vice-presidente do partido.
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Cabello já havia indicado anteriormente que Maduro seria o candidato “por consenso” do PSUV. Nos últimos meses, Maduro intensificou sua presença pública, realizando campanhas e anunciando programas sociais direcionados a setores vulneráveis. O presidente Maduro conseguiu manter a paz e a unidade no país, duas razões importantes para ser eleito candidato, considerou Cabello.
“No dia 16 de março deste ano de 2024, aceito a candidatura presidencial para as eleições de 28 de julho, aceito, assumo e com o apoio do povo iremos a uma nova vitória das forças bolivarianas e chavistas, “, declarou Maduro, que busca um segundo mandato de seis anos.
Cabello acrescentou que foi ideia de Nicolás Maduro, durante a pandemia da Covid-19, trazer as vacinas e criar a Comissão Local de Abastecimento e Produção (CLAP) para fornecer alimentos à população. “Ninguém foi questionado a que partido político pertenciam”. Considerou que apesar das sanções, Maduro estruturou um programa de desenvolvimento e descolagem da economia, agora projetado através das Sete Transformações (7T). Tem liderança sobre as forças armadas, a união civil-militar patriótica. Ativou uma política externa soberana e promoveu “incansavelmente” o diálogo nacional, lembrou.
Candidatura de oposição
Enquanto isso, a oposição venezuelana enfrenta desafios para definir um candidato, especialmente após a inabilitação política de María Corina Machado, que venceu as primárias da principal coalizão, a Plataforma Unitária, em outubro. Embora Machado tenha manifestado intenção de concorrer, sua candidatura está descartada na prática. A oposição tem até o dia 25 de março para confirmar um candidato alternativo.
A habilitação de candidatos foi um dos pontos mais polêmicos dos diálogos entre governo e oposição, mediados pela Noruega. Um acordo assinado em Barbados, em outubro do ano passado, estabeleceu a organização das eleições com a presença de observadores internacionais.
Segundo a sentença contra Machado, um dos motivos é a participação no complô de corrupção orquestrado pelo ex-deputado da oposição Juan Guaidó, promovendo o bloqueio criminoso ao país. Além disso, por participar na espoliação de empresas e riquezas do povo venezuelano no exterior, destacando casos como a entrega da empresa Citgo à empresa canadense Crystallex. Esta ação causou danos ao patrimônio do país de aproximadamente 32,5 bilhões de dólares. Também pela entrega da empresa Monómeros, que estava falida, bem como pelo sequestro e roubo de 31 toneladas de ouro venezuelano, que se encontram no Banco da Inglaterra.
A sentença estabelece também que Machado, juntamente com Guaidó e outros, solicitou a aplicação de sanções e bloqueio econômico contra o país, gerando o sequestro de 4.000 milhões de dólares retidos no sistema bancário internacional. Essas medidas impossibilitaram a aquisição de determinados medicamentos pela população, causando danos à saúde.
Em 2023, uma Comissão Especial da Assembleia Nacional (AN) investigou o alcance e as responsabilidades das confissões do ex-presidente dos EUA Donald Trump contra a Venezuela, apresentando um relatório no qual foi demonstrada a participação de alguns líderes da oposição em planos de desestabilização e roubo de bens. recursos do país sul-americano.
Segundo o presidente daquela comissão, deputado Pedro Infante, os documentos apresentados evidenciam o crime de traição, sendo María Corina um dos envolvidos do partido da oposição, já que no comunicado de uma organização, por ela assinado, lhe foi solicitada a invasão por forças estrangeiras contra a Venezuela.
A decisão do Conselho Nacional Eleitoral também permite que o governo cumpra parcialmente um acordo feito com parte da oposição no ano anterior, que estipulava que as eleições presidenciais ocorreriam no segundo semestre de 2024. No entanto, a exclusão de candidatos proibidos de concorrer, como Machado, é usada por opositores do Governo Maduro como “preocupações sobre a transparência e a legitimidade do processo eleitoral”.
Além disso, a prisão da ativista Rocío San Miguel e as tensões sobre a região de Essequibo têm aumentado as preocupações internacionais sobre o processo eleitoral e a estabilidade na Venezuela. O Ministério Público anunciou em fevereiro a detenção de Rocío, que tinha um mandado de detenção por alegadamente estar envolvida na conspiração e na tentativa de assassinato do presidente Nicolás Maduro, conhecida como Pulseira Branca.