Greve de professores revela sucateamento da educação pela Prefeitura de São Paulo

O considerável superávit no orçamento da cidade, com cerca de 30 bilhões em caixa, intensifica o descontentamento dos profissionais.

Professores, em frente ao gabinete do prefeito Ricardo Nunes, no centro de São Paulo, denunciam sucateamento do ensino municipal. Foto Sinpeem

A greve dos profissionais da educação de São Paulo, iniciada no dia 8 de março, mantém-se em vigor, conforme decisão unânime da assembleia geral realizada nesta quarta-feira (13), pelos sindicatos SINPEEM, SEDIN e SINESP. Em uma demonstração de persistência e união, os trabalhadores planejam outra grande manifestação para a próxima terça-feira (19), com concentração às 12 horas em frente à Prefeitura de São Paulo, seguida por uma caminhada até a Câmara Municipal.

A motivação por trás dessas ações é que os profissionais da educação reivindicam melhorias nas condições de trabalho, segurança, além de valorização salarial, assistência à saúde e infraestrutura escolar. Em suas discussões com as Secretarias Municipais de Gestão e Educação, os sindicatos exigem medidas urgentes para reverter a grave situação das unidades educacionais, que têm impactado a saúde física e mental dos professores e demais profissionais.

Com isso, os professores denunciam o desmonte generalizado que a Prefeitura tem causado no sistema educacional municipal. Em meio às críticas, a gestão municipal, como destacado em várias reportagens e análises do orçamento, revela um superávit considerável, com cerca de 30 bilhões em caixa, o que intensifica o descontentamento dos profissionais.

Em entrevista ao Portal Vermelho, o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), Cláudio Fonseca, abordou as demandas dos servidores e os motivos que levaram à decisão de greve.

“Os servidores públicos não estão pedindo benefícios exorbitantes. Eles querem condições adequadas para desempenhar seu trabalho, cuidar da saúde, oferecer uma educação de qualidade e contribuir para a melhoria dos indicadores socioeconômicos da cidade”, ressaltou Fonseca.

Em resposta às demandas dos sindicatos, o governo municipal propôs um reajuste de 2,16% nos salários, além de um aumento de 3,62% sobre os valores dos pisos dos docentes, gestores e Quadro de Apoio.

“Os profissionais de educação estão na linha de frente, mantendo as escolas em funcionamento, cuidando da limpeza, manutenção e conservação, além de garantir o apoio essencial aos alunos. No entanto, suas reivindicações por melhores condições de trabalho e valorização salarial não têm sido atendidas”, enfatizou Fonseca.

Fonseca ressaltou a insatisfação da categoria com a resposta do governo até o momento. O índice de reajuste proposto, de 2,16%, é considerado muito aquém do necessário para valorizar os profissionais da educação e não acompanha sequer a inflação dos últimos 12 meses. Além disso, questões como o confisco previdenciário, redução de jornada para o Quadro de Apoio e medidas efetivas para melhorar as condições das escolas permanecem sem resposta satisfatória por parte da Prefeitura.

Diante dessa situação, os sindicatos consideraram a resposta do governo insuficiente e aprovaram a continuidade da greve. Apesar da mobilização da categoria, o governo municipal enviou um projeto de lei à Câmara Municipal mantendo os mesmos índices de reajuste propostos anteriormente, o que não atende às expectativas dos profissionais da educação..

O presidente do Sinpeem destacou que o reajuste salarial anual de 2,16% proposto pelo governo municipal está abaixo da inflação dos últimos 12 meses, o que representa uma perda de poder aquisitivo para os trabalhadores. Além disso, os profissionais de educação exigem a incorporação de 39% de abonos que são atualmente pagos, visando uma remuneração mais justa.

“A greve é uma forma legítima de pressionar por mudanças e garantir que nossas demandas sejam ouvidas. Continuaremos firmes em nossa luta até que tenhamos garantias de que nossos direitos serão respeitados e nossas necessidades atendidas”, concluiu Cláudio Fonseca.

As entidades sindicais exigem a criação de grupos de trabalho para abordar questões urgentes relacionadas à saúde dos profissionais de educação, organização das unidades educacionais e previdência. Além disso, buscam a implementação de programas terapêuticos, redução da quantidade de alunos por sala, garantia de segurança nas escolas e fortalecimento do suporte psicológico e assistencial.

A mobilização dos profissionais da educação de São Paulo continua firme, em busca de melhores condições de trabalho e uma educação pública de qualidade. A greve é vista como um instrumento legítimo de pressão para garantir que suas reivindicações sejam ouvidas e atendidas pelo poder público.

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