Participação de Nunes em ato de Bolsonaro estremece aliança com tucanos

Dirigentes do PSDB demonstram contrariedade com prefeito. Tucanos se dividem entre manter aliança, ter candidato e apoiar Tabata

O ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Marcelo Queiroga e Nunes durante o ato. Foto: Divulgação

Ao escolher participar do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no domingo (25), além de se vincular explicitamente ao que há de mais atrasado na política brasileira, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ainda pôs em risco a aliança que tem com o PSDB para as eleições deste ano. 

Nunes herdou o comando da principal capital do país após a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021 e mantém boa relação com tucanos do estado e da capital. Mas, uma série de sinalizações negativas têm sido dadas em nível nacional desde que Nunes resolveu que iria ao ato conclamado por Bolsonaro como reação às investigações que apontam para a participação do ex-presidente e seu entorno em tentativa de golpe de Estado. 

Segundo informou a Folha de S.Paulo, em conversa com o ex-presidente Michel Temer (MDB) na semana passada, o presidente do PSDB, Marconi Perillo teria condicionado o apoio ao não comparecimento do prefeito ao ato de domingo — o que acabou acontecendo. Segundo a publicação, o tucano também teria sinalizado com a intenção de o PSDB indicar o vice de Nunes. Apesar desse descompasso, Temer segue apostando na parceria entre as legendas.

Uma das principais lideranças tucanas, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ex-presidente nacional da sigla, também demonstrou contrariedade a uma possível aliança devido ao alinhamento direto de Nunes com o bolsonarismo. 

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“Respeito o prefeito Ricardo Nunes. O trabalho dele começa com o PSDB, inclusive. Com o prefeito Bruno Covas. Mas houve a escolha de um caminho de se associar justamente ao Bolsonaro, o que diverge, destoa, do que o PSDB está buscando representar, de uma alternativa nesse contexto político nacional (da polarização)”, declarou ao O Globo. Leite salientou, ainda, que embora a disputa deste ano seja municipal, é preciso “observar questões nacionais”. 

Após a fala de Leite, Nunes se disse “triste”, afirmou que esperava mais “maturidade” por parte do tucano e lembrou do apoio dado pelo MDB ao gaúcho para a disputa ao Palácio Piratini, com a indicação do vice, Gabriel Souza. 

Parte do PSDB, na qual Leite se inclui, defende candidatura própria em São Paulo. Outra ala, formada por vereadores da capital e deputados estaduais paulistas, quer seguir com Nunes — este segmento, aliás, se revoltou com a posição externada por Leite. E há ainda os que defendem apoio a Tabata Amaral (PSB). Nesse cenário, ao que tudo indica, o casamento entre MDB e PSDB em São Paulo está em compasso de espera. 

Com agências

(PL)

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