Para 53%, não há perseguição a Bolsonaro; 50% dizem que prisão é justa
Conforme pesquisa Genial/Quaest, 47% não sabiam do ato e para 48%, o evento não influenciará nas investigações
Publicado 28/02/2024 13:21 | Editado 29/02/2024 13:45
Apesar de Jair Bolsonaro se vitimizar frente às investigações de golpe de Estado e tentar mobilizar “amplas massas” em sua defesa com o ato de domingo (25), 53% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente não está sofrendo perseguição política. A maioria daqueles que acreditam nessa tese está na bolha bolsonarista: dentre os evangélicos, eles são 53% e no universo dos que votaram em Bolsonaro, representam 72%. Para 50%, é justo que Bolsonaro seja preso. Os dados fazem parte de pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (28).
De acordo com o levantamento, 53% sabiam da manifestação contra 47% que desconheciam. E apenas 39% acham que Bolsonaro está sofrendo perseguição — 7% não souberam responder.
Para 47%, o ex-presidente participou de um plano de golpe, enquanto 40% acreditam que não e 13% não sabem. De acordo com Felipe Nunes, diretor da Quaest, “esta é mais uma derrota para a narrativa do ex-presidente e seus aliados”.
No recorte religioso, os evangélicos são os que mais “passam pano” para o golpismo do ex-presidente: 55% dizem que ele não participou deste tipo de plano. Entre os católicos, essa percepção cai para 33%, com 54% acreditando na participação de Bolsonaro.
Leia também: “Foi uma manifestação em defesa do golpe”, diz Lula
A análise regional aponta que dentre os que acreditam que Bolsonaro está envolvido na trama golpista, 60% são do Nordeste; em contrapartida, está no Sul o maior percentual, 53%, daqueles que rechaçam essa possibilidade. A grande maioria dos que não acreditam no envolvimento do presidente neste tipo de crime, 83%, é formada por eleitores de Bolsonaro, contra 12% dos de Lula e 32% dos que se abstiveram ou votaram branco e nulo.
Vale destacar ainda que segundo a pesquisa, 50% acham que seria justo Bolsonaro ser preso — 55% dos católicos têm essa opinião, contra 36% dos evangélicos e 62% de outras religiões. No que tange à renda domiciliar, os que acham justo estão majoritariamente entre os que recebem até dois salários mínimos, 54%.
Já para 39% dos entrevistados, a prisão seria injusta — 56% dos evangélicos fecham com essa afirmação, assim como 45% dos que têm renda superior a cinco salários mínimos.
Para a maioria dos participantes da pesquisa, 68% acharam o ato grande, 20% médio e 6%, pequena. Metade dos entrevistados acha que Bolsonaro saiu mais forte do ato — dos quais 80% são seus eleitores — contra 26% que julgam o contrário e 14% que dizem ter saído igual.
Leia também: Sorrentino: bolsonarismo vai viver grandes dilemas e se enfraquecer
Segundo Nunes, “a maior parte dos eleitores que classificaram Bolsonaro como mais forte vem da sua própria base. Ou seja, o principal efeito não foi o de mobilizar eleitores de fora, mas o de reafirmar a convicção dos eleitores de dentro da bolha bolsonarista”.
Quanto às apurações que vêm sendo feitas sobre a tentativa de golpe, para 48% a manifestação não influenciará no ritmo das investigações da Polícia Federal, ante 34% que dizem o contrário e 11% que acham que pode reduzir o ritmo. “Em outras palavras, nem o eleitorado bolsonarista acredita em efeitos jurídicos relevantes em favor do ex-presidente depois da multidão de domingo na Paulista: só 14% dos eleitores de Bolsonaro informados sobre o ato acreditam que ele pode se beneficiar juridicamente”, ponderou Nunes.
Outro dado interessante trazido pela pesquisa diz respeito à opinião sobre a inelegibilidade de Bolsonaro — decisão tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho do ano passado devido à reunião que o então presidente realizou com embaixadores, meses antes do pleito de 2022, com o intuito de descredibilizar as urnas e o processo eleitoral. Para 51%, a decisão foi acertada. Entre os eleitores de Bolsonaro, 84% consideram a decisão errada e apenas 11% dizer ter sido correta.
Para a pesquisa, foram realizadas duas mil entrevistas presenciais entre os dias 25 e 27 de fevereiro, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais.