Bolsonaro ficará em silêncio após STF negar pedido para adiar depoimento
Defesa do ex-presidente tentou por uma segunda vez pedido para que Bolsonaro seja dispensado de ir à PF. Depoimento está marcado para quinta (22).
Publicado 21/02/2024 12:58 | Editado 21/02/2024 13:12
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta terça (20), que ele ficará em silêncio em depoimento à Polícia Federal (PF) sobre a investigação que apura suposta tentativa de golpe de Estado.
A decisão dos advogados de Bolsonaro acontece após o relator do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, voltar a negar um pedido de adiamento do depoimento de Bolsonaro.
O depoimento foi marcado para esta quinta (22) pela Polícia Federal. Os investigadores repetem a estratégia de depoimentos usada no caso da venda de joias no exterior e marcou depoimentos simultâneos de ao menos 14 alvos da operação Tempus Veritatis.
Desde a escolha da data, a defesa do ex-presidente tenta adiar a oitiva e tirar Alexandre do caso. No despacho, o ministro afirmou que “não há motivos para qualquer adiamento do depoimento marcado pela Polícia Federal”.
Nesta segunda (19/2), Alexandre já havia dado decisão semelhante. A defesa havia argumentado que Bolsonaro não teve acesso integral às mídias dos aparelhos celulares apreendidos pela PF durante a investigação.
Segundo Alexandre, no entanto, o ex-presidente já teve acesso integral às diligências e às provas juntadas aos autos. O ministro também afirmou que o respeito aos direitos e às garantias do cidadão não deve ser interpretado para limitar indevidamente o dever estatal de exercer a persecução criminal.
A PF marcou para 5ª feira (22.fev.2024), às 14h30 (horário local), os depoimentos também dos 4 presos na operação. São eles:
- Filipe Martins – ex-assessor especial de Bolsonaro;
- Marcelo Câmara – coronel do Exército e ex-assessor;
- Rafael Martins – major das Forças Especiais do Exército;
- Bernardo Romão Corrêa – coronel do Exército
Além de Bolsonaro e dos 4 presos listados acima, também falarão à PF:
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL (Partido Liberal);
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Mário Fernandes, ex-chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República;
- Walter Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Tercio Arnauld, ex-assessor de Jair Bolsonaro;
- e Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército
Investigadores vê elo entre Braga Netto e 8 de Janeiro
Um dos aspectos centrais das investigações da Polícia Federal é a possível associação do ex-ministro da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto, e a tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito.
Agentes da PF analisaram materiais que apontam o envolvimento do aliado do ex-presidente Bolsonaro (e candidato a vice-presidente na chapa derrotada nas eleições de 2022) que podem representar um elo entre a trama e os ataques aos três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.
De acordo com as investigações, Braga Netto atuou junto as milícias digitais e com os “kids pretos” são vistas como importante pelos investigadores.
Integrantes da PF ressaltam que o então ministro fazia uso do chamado “gabinete do ódio”, orientando as milícias digitais “com o objetivo de incitar outros militares a aderirem ao Golpe de Estado e, por outro lado, atacar a imagem de militares que resistiam ao intento golpista”, conforme relatório dos investigadores.
Ao mesmo tempo, os policiais apuram a participação dos membros das Forças Especiais, chamados de “kids pretos” no Exército. Para as investigações, os kids pretos tiveram papel crucial para que o 8 de janeiro ganhasse as proporções que teve.