Empresários pressionaram Bolsonaro por golpe após derrota para Lula

Áudio revela encontro de Jair Bolsonaro com Luciano Hang, Meyer Nigri, Afrânio Barreira e Sebastião Bomfim, articulando opção de golpe

Foto: Reprodução

A Polícia Federal interceptou mensagens em que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, indicou a pressão de empresários para uma “virada de jogo” no resultado das eleições.

De acordo com Cid, o fundador da Tecnisa, Meyer Nigri, e o dono da Havan, Luciano Hang, tiveram um encontro com Bolsonaro, em 7 de novembro de 2022 para tratar do tema. Naquele ponto, a extrema-direita já havia perdido a eleição presidencial.

“Na conversa que ele teve depois com os empresários, ele estava, tava o Hang, estava aquele cara da Centauro, estava o Meyer Nigri. É, estava o cara do Coco Bambu também, ele também. Tipo, quem falou, ó… O governo Lula. Vai, vai, vai, vai cair de podre, né? Pessoal ficou um pouco de moral baixo porque os empresários estavam querendo pressionar o presidente a pressionar o MD a fazer um relatório, né, contundente, duro né? Pra virar jogo, aqueles negócios”, disse
Mauro Cid, em áudio obtido pela Polícia Federal. A sigla MD, usada pelo militar, provavelmente se refere ao ministro da Defesa, na época o general Paulo Sérgio Nogueira.

Os empresários Afranio Barreira, dono da rede de restaurantes Coco Bambu, e Sebastião Bomfim, proprietário da Centauro, também são citados por Cid nas investigações.

Os investigadores encontraram o áudio em meio a um diálogo entre Cid e o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes. Os dois mantinham relações estreitas, na qual o ex-ajudante de ordens fazia questão em deixar Freire Gomes informado das articulações golpistas discutidas no Palácio do Alvorada.

De acordo com a PF, o diálogo de Mauro Cid “revelou que os empresários Meyer Nigri e Luciano Hang, investigados (…) pela prática de atos antidemocráticos, com disseminação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, teriam reiterado a prática de condutas ilícitas, instigando o então presidente para que o Ministério da Defesa fizesse um relatório mais duro, contundente com o objetivo de ‘virar o jogo'”.

Cid não citou essa reunião com os empresários nos depoimentos de sua delação premiada assinada com a PF. Esses empresários citados já haviam sido alvo de investigação por disseminarem mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp antes das eleições.

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