Com trama golpista desvendada, Bolsonaro tenta mobilizar sua base

Desmoralizado por vídeo em que arquiteta golpe, ex-presidente convoca ato, apoiado por Silas Malafaia, em que pretende se defender enquanto PF fecha o cerco

Imagem: Vídeo da reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, realizada em 05/07/2022

O cerco contra Jair Bolsonaro está se fechando. A sua frustrada tentativa de golpe de Estado, após perder as eleições para Lula, começou a ser revelada na semana anterior com o avançar da Operação Tempus Veritatis (Hora da Verdade), da Polícia Federal (PF).

Agora, o ex-presidente tenta promover uma manifestação em que pretende se defender. A convocação foi feita em vídeo publicado nas redes sociais na segunda-feira (12).

Este será um teste de Bolsonaro para ver o grau de apoio que ainda possui, uma vez que a sua desmoralização é cada vez maior depois do vídeo liberado pelo STF em que orquestra a trama golpista com ministros.

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Na gravação que sustentou a Operação da PF fica claro o ataque golpista ao Estado democrático de direito, mas Bolsonaro disse na convocação de seu próximo ato que o encontro será pacífico e em defesa, justamente, do Estado democrático de direito tão agredido por ele.

A essa altura, com tantas evidências da dinâmica golpista em desrespeito ao resultado das urnas, pode se dizer que os terraplanistas e negacionistas que estarão na Avenida Paulista, em São Paulo, endossam a tramoia pelo golpe.

Presos e buscas

Com a Tempus Veritatis, a PF prendeu dois ex-assessores de Bolsonaro (Filipe Martins e Marcelo Câmara) e dois militares (o major do Exército Rafael Martins de Oliveira e o coronel do Exército Bernardo Romão Corrêa Neto) relacionados com o golpismo, além de realizar 33 mandados de busca e apreensão que envolveram figuras como os generais Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, e Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

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Antes disso, Bolsonaro – que está inelegível até 2030 – também foi alvo da operação em imóvel em Angra dos Reis (RJ). Posteriormente entregou o seu passaporte em cumprimento de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda estabelece a proibição de contato com outros alvos da operação.

Ou seja, caso Bolsonaro se encontre no ato com investigados da PF estará descumprindo decisão da corte, o que é passível de punição.

Dessa forma, a manifestação e o possível encontro com investigados são novas táticas de Bolsonaro para insuflar apoiadores em outra provocação antidemocrática pela qual, novamente, irá dizer que é em defesa da democracia ao alterar a realidade dos acontecimentos.

Malafaia

O pastor Silas Malafaia da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, por meio da Associação Vitória em Cristo (Avec), pretende continuar abraçado com Bolsonaro. Ele indicou que deve pagar pelo carro de som para o ato na Av. Paulista.

Resta saber até onde este apoio do pastor vai com cada vez mais evidências contra o ex-capitão e a possibilidade de que seja preso. Já o prefeito e candidato à reeleição por São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador Tarcísio de Freitas serão observados se posarão ao lado do ex-presidente, ou se devem optar pela preservação da imagem ainda que sejam umbilicalmente ligados ao bolsonarismo.

Confira abaixo o vídeo em que a trama golpista foi debatida por Bolsonaro no dia 05/07/2022, além das inúmeras fake news colocadas durante a reunião: