Copom mantém ritmo de corte de 0,5% nos juros, que chega a 11,25%
Com inflação controlada, percepção é de que o corte nos juros poderia ser maior. Presidente da CNI entende que redução foi “conservadora e injustificável”
Publicado 31/01/2024 19:31 | Editado 01/02/2024 14:20
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), definiu, nesta quarta-feira (31), o corte de 0,5% na taxa básica de juros, a taxa Selic, que passa dos atuais 11,75% para 11,25% ao ano.
Este foi o quinto corte seguido dos juros e foi decidido por unanimidade entre os nove membros do Comitê. Desde o início do ciclo de cortes iniciado em agosto de 2023, os juros passaram de 13,75% para o novo patamar decidido nesta quarta, ou seja, uma queda de 2,5%.
A previsão do mercado (Boletim Focus) para o encerramento do ano é de uma Selic a 9%.
No comunicado sobre a redução, o BC informou: “Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”
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Na justificativa ainda consta que o Comitê “avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes” em relação à volatilidade do ambiente externo ainda que no cenário doméstico a inflação cheia ao consumidor tenha mantido “trajetória de desinflação”.
Apesar dos cortes seguidos, existe a compreensão da sociedade e do governo que as reduções poderiam ser mais amplas.
Além da demora para o início dos cortes em oito meses sob o governo Lula [só iniciado em agosto de 2023] e que só ocorreram após pressão dos movimentos sociais e sindicais, a inflação em queda permitiria o avanço por uma redução maior, com corte de até 1% nos juros. Uma redução maior é demandada pelas centrais sindicais e lideranças políticas como forma de estimular a atividade econômica e o consumo – essenciais para o processo de retomada dos investimentos e crescimento do PIB.
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Até mesmo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do seu presidente, Ricardo Alban, se referiu aos cortes do Copom como conservadores no início desta semana, uma vez que poderiam ser de 0,75%, como indicaram.
Após a nova decisão que levou a taxa para 11,25%, a CNI divulgou que a avaliação da indústria é de que a inflação continua com comportamento favorável a uma redução maior e Alban criticou duramente a decisão: “conservadora e injustificável”.
“É necessário e desejável maior agressividade do Copom para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e consumidores. Sem essa mudança urgente de postura, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos emprego e renda”, advertiu.
A próxima reunião do Copom acontece nos dias 19 e 20 de março.