Netanyahu ignora CIJ e indica que Israel seguirá com ações militares
Ministro da Segurança Nacional, um dos líderes da extrema-direita do país, disse que Israel vai continuar com a guerra poucos minutos após Haia hesitar com cessar-fogo
Publicado 27/01/2024 08:28 | Editado 27/01/2024 10:33
Em resposta a primeira decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que ordenou nesta sexta (26) medidas para “prevenir genocídio” em Gaza, o governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel continuará empenhado na guerra “até a vitória absoluta”.
O ministro da Segurança Nacional do país, Itamar Ben-Gvir, criticou a decisão da Corte Internacional após o anúncio da primeira sentença sobre o processo aberto pela África do Sul, que acusa Israel de praticar atos de genocídio no enclave.
“A decisão do tribunal antissemita de Haia confirma o que já se sabia: este tribunal não procura justiça, mas sim a perseguição ao povo judeu”, disse o ministro. “Eles continuam com a hipocrisia e dão mais um passo. Haia é uma vergonha!”, continuou.
A reação de Ben-Gvir, um dos líderes da extrema-direita do país, e acusado de ser racista e supremacista branco, ocorreu pouco tempo depois que Haia hesitou ao não ordenar um cessar-fogo à Tel Aviv.
“Devemos continuar a derrotar o inimigo até que a vitória absoluta seja alcançada”, acrescentou Ben-Gvir.
O ministro é um dos líderes do Poder Judaico, principal partido de extrema-direita de Israel. Antes de entrar para a política, Ben-Gvir foi condenado por crimes de incitação ao racismo e apoio a organização terrorista (ele era discípulo do rabino extremista Meir Kahane que foi banido do parlamento do país).
Antes da eleição de 2022, Ben-Gvir estampou as manchetes por seus discursos anti-Palestina, incluindo uma ocasião em que ele brandiu uma pistola e encorajou a polícia a abrir fogo contra manifestantes palestinos.
Segundo a imprensa local, o primeiro-ministro Netanyahu havia pedido para que seus ministros não comentassem a decisão da Corte Internacional.
Em pronunciamento público após a decisão de Haia, Netanyahu defendeu a continuação da “guerra justa” e declarou que a CIJ agiu de maneira correta ao “recusar o pedido de nos privar do direito de autodefesa”.
“Como qualquer país, Israel tem o direito básico de se defender. A Corte de Haia acaba de rejeitar a exigência ultrajante de nos privar deste direito”, afirmou Netanyahu.
Desde os ataques do Hamas no dia 7 de outubro, que deixou 1.139 mortos no território da Palestina ocupada, o exército israelense iniciou um massivo plano bélico que assassinou 26.083 pessoas na Faixa de Gaza (dessas, cerca de 10 mil são crianças e sete mil mulheres).
“Israel rejeita a tentativa vil de negar o seu direito de se defender e continuará combatendo o Hamas”, disse o premiê. “O compromisso de Israel com o direito internacional é inabalável. Igualmente inabalável é o nosso compromisso sagrado de continuar a defender o nosso país e o nosso povo”, continuou.
“A afirmação de que Israel perpetra um genocídio contra o povo palestino é não apenas mentirosa, mas também ultrajante. Israel combate uma guerra justa contra os monstros do Hamas”, concluiu o líder do sionismo.
Na véspera sessão que anunciou a primeira sentença sobre a acusação de genocídio contra Israel, o exército do país lançou 21 ataques contra a Faixa de Gaza em menos de 24 horas, resultando na morte de 200 pessoas, além de outras 370 feridas.
Autoridades locais acusaram o Estado judeu de paralisar completamente os hospitais na região de Khan Younis. De acordo com a emissora Al Jazeera, o hospital Nasser perdeu completamente a energia em meio a intensos combates nas proximidades da unidade de saúde.
Ainda segundo a emissora, atiradores de alta precisão (snipers, em inglês) alvejaram palestinos que saíam do hosítal al-Amal. Residentes do bairro de al-Dahra foram forçados a evacuar pelo exército israelense.