Deputado de extrema-direita é alvo de buscas na Operação Lesa Pátria
Agentes identificaram troca de mensagens de Carlos Jordy (PL) com grupos golpistas no RJ. Segundo fontes, o parlamentar passava orientações sobre atos antidemocráticos
Publicado 18/01/2024 08:58 | Editado 19/01/2024 10:30
O deputado federal Carlos Jordy (PL) é alvo de buscas da Polícia Federal na manhã desta quinta (18) na 24ª fase da Lesa Pátria, operação que busca identificar pessoas que planejaram, financiaram e incitaram os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Os agentes da Polícia Federal (PF) foram até a Câmara dos Deputados e endereços ligados ao parlamentar de extrema-direita no Rio de Janeiro e Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Há buscas também no interior do RJ: entre os alvos, estão pessoas que montaram acampamento em frente à 2ª Companhia de Infantaria em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Nas redes sociais, Jordy reagiu atacando o ministro Alexandre de Moraes, do STF. “É inacreditável o que estamos vivendo. Esse mandado do ministro Alexandre de Moraes é a constatação de que estamos vivendo uma ditadura”, publicou.
Ao todo, são cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro (8) e no Distrito Federal (2).
De acordo com o G1, a PF identificou trocas de mensagens do deputado com um grupo de golpistas no Rio – e passava orientações sobre atos antidemocráticos. Segundo investigadores, Jordy trocou mensagens sobre bloqueios de rodovias e sobre os atos golpistas do 8 de janeiro.
O parlamentar participava de grupos de mensagens, ora atuando como mentor, ora como articulador. E se valia da força política para garantir poder de mobilização.
Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa e incitação ao crime. As investigações continuam em curso, e a Operação Lesa Pátria é permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais cumpridos e pessoas capturadas.
Ironicamente, Jordy já protocolou um pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por suposto crime de responsabilidade na invasão das sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, em Brasília.
O parlamentar argumentava que houve omissão por parte do governo federal, inclusive de Lula, para evitar as invasões. Jordy alegou que forças de segurança avisaram previamente ao Planalto sobre os riscos da manifestação.
“Se um representante do governo federal não consegue proteger – mesmo tendo sido previamente avisado, dias antes do ocorrido, através de seus órgãos de inteligência – uma região geográfica reduzida como a Praça dos Três Poderes, se não consegue proteger a sua sede, um único imóvel, que condições tem de gerir e proteger um país de dimensões continentais como o Brasil?”, questiona o documento.
Em 2022, Jordy foi condenado pela Justiça do Rio a pagar mais de R$ 66 mil ao youtuber Felipe Neto, após associar o influenciador ao massacre que aconteceu em uma escola pública de Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo, em 2019.
“Quando digo que pais não devem deixar os filhos assistirem aos vídeos do Felipe Neto, não é brincadeira. Em 2016, ele fez vídeo ensinando a entrarem em sites da deepweb. Agora descobriram que os assassinos de Suzano pegaram as informações para o massacre num dos sites após assistirem ao vídeo”, publicou Jordy em abril de 2019, no Twitter.