Diversidade marca o primeiro dia da Fiesta de los Abrazos, no Chile
A inauguração da Festa contou com o presidente do Chile, Gabriel Boric, ministros de Estado e o presidente do Partido Comunista chileno
Publicado 14/01/2024 16:21 | Editado 14/01/2024 16:47
Pelos corredores verdes, poeirentos e quentes do Parque Bernardo O’Higgins, grande área de lazer no coração de Santiago, várias gerações de chilenos e chilenas circulam, procurando se juntar à sombra de uma das oito grandes rodas de conversa montadas no sábado (13), primeiro dia da 35ª Fiesta de Los Abrazos. A maior festa de esquerda das Américas, realizada pelo Partido Comunista do Chile, mistura cultura e política em um formato livre e espontâneo, com tendas de debates simultâneos que envolvem temas como o acesso à moradia no país, o direito à aposentadoria, o movimento estudantil chileno, a comunicação e a segurança pública. Todos convergentes com o tema central da Festa que este ano é: “Pelo Chile, avancemos unidos, construindo futuro!”
O público da festa representa a diversidade da militância no país, ao longo das últimas décadas. De um lado, mulheres e homens com idade mais avançada e muito orgulho de terem sido quem enfrentou, com muita coragem, os anos da ditadura militar de Augusto Pinochet, entre 1973 e 1990. No momento, o Chile relembra os 50 anos do golpe que assassinou o presidente Salvador Allende em 1973 que impôs um período de extrema violência, torturas, mortes e supressão das liberdades políticas.
Do outro lado, circulam aquelas e aqueles mais jovens, com suas tatuagens pelo corpo, tênis nos pés, camisetas de frases pregando a igualdade e telefones celulares em punho. São a geração que, desde o início da década de 2010, vem transformando a história do país nas ruas, com as gigantescas manifestações populares contra o ultraliberalismo e pelo direito à educação, à saúde e previdência pública, pela vida das mulheres, dos povos indígenas e pela própria reformulação do estado, que levou à nova formulação constitucional do país.
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Um dos importantes representantes dessa nova geração esteve presente no dia de abertura da Fiesta de Los Abrazos, o Presidente da República Gabriel Boric. Ele participou da inauguração da Festa, com diversos de seus ministros e ao lado do presidente do Partido Comunista, Lautaro Carmona. A secretária de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Prestes, também foi uma das convidadas do ato. Boric, que no ano passado tornou-se o primeiro presidente do país a comparecer ao evento, lembrou, em sua fala, a origem da Festa e de seu nome, quando os chilenos se encontraram e se abraçaram em resistência à ditadura de Pinochet.
“Hoje aquele abraço que damos aqui também continua a ser um ato de resistência e rebelião, porque mostra que estamos juntos e que estando juntos somos muito mais fortes para lutar pela construção de um Chile mais justo e digno”, declarou.
Na sua equipe presidencial estavam mais pessoas jovens que contribuíram com a recente mudança política do país, como a prefeita comunista de Santiago Irací Luiza Hassler Jacob, e a Ministra Secretária Geral de Governo e ex-líder estudantil Camila Vallejo. Ela também falou, durante o encontro, em outra mesa, voltada ao tema dos meios de comunicação, da internet e das redes sociais, cuja regulação é debatida fortemente no Chile, assim como no Brasil.
O presidente do Partido Comunista Lautaro Carmona ressaltou o importante papel da Festa e da integração criada pelo evento para enfrentar o momento de avanço da extrema direita no Chile e no continente. “A luta para travar o avanço e o perigo da direita é o que deve ser feito. Dar centralidade ética aos setores democráticos e progressistas no desafio permanente de conquistar correlações de força favoráveis. Isso incluiu os partidos, os movimentos, os setores políticos com e sem representação parlamentar. O nosso convite deve ser coerente para que consigamos a integração de todos”, disse.
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A 35ª Fiesta de Los Abrazos tem seu segundo e último dia de atividades neste domingo (14). O Brasil e o PCdoB estão representados com a secretária Ana Prestes, que falará aos chilenos durante o debate “Os desafios de integração dos governos de esquerda e progressistas na América Latina”, ao lado de outros convidados da Colômbia, Guatemala, Argentina, Cuba e Venezuela.