Protestos se espalham e repressão atinge mais cidades na Argentina

“Milei é fome” e “a pátria não se vende” foram os motes em manifestação que reuniu milhares de pessoas em Buenos Aires, Córdoba, Rosário e La Plata.

Foto: Twitter/@NormaLopezSF

Os protestos contra a política austericida do presidente Javier Milei cresceram na segunda noite de revolta na Argentina. Em Córdoba, segunda maior cidade do país, cinco pessoas foram detidas em manifestação que levou quatro mil pessoas às ruas.

Nesta quinta (21), os maiores protestos ocorreram em Buenos Aires, Rosário e La Plata. Movimentos estão mobilizados contra Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) anunciado pelo líder da extrema-direita que desregulamenta a economia, revoga inúmeras leis de proteção econômico à população e avança sobre a privatização de empresas públicas.

Em frente ao parlamento argentino, na capital Buenos Aires, sindicalistas, funcionários públicos e organizações em defesa dos inquilinos se manifestaram batendo panelas na Praça do Congresso.

Entre as medidas, o anarcocapitalista revogou a Lei do Aluguel, que protegia os inquilinos do mercado imobiliário. A liberalização atinge um setor que já vinha sendo pressionado pela crise na Argentina.

Segundo relatório publicado em novembro pelo Centro Scalabrini Ortiz de Estudos Econômicos e Sociais, o preço dos aluguéis na capital aumentou em até 300% no período de um ano. Bem acima da inflação que foi de 160% em 12 meses.

Para Milei, a revogação da Lei do Aluguel serve “para que o mercado imobiliário volte a funcionar bem e para que o arrendamento não seja uma odisseia”.

“É uma mobilização pacífica. Não queremos nenhum tipo de confronto. Não queremos nenhum tipo de choque”, disse Eduardo Belliboni, líder do grupo de esquerda Polo Obrero, que convocou o protesto, a uma rádio local.

Belliboni vem mobilizando contra o decreto antipiquetes anunciado pelo ministério da Segurança, de Patricia Bullrich, que de forma antidemocrática, ameaça retirar benefícios sociais daqueles que obstruírem vias durante as manifestações.

O líder do Polo Obrero classificou as medidas do governo como “absurda e ridícula” e disse que “não existe em nenhum lugar do mundo uma mobilização de 50 mil pessoas pela calçada”. “Patricia Bullrich está tentando um estado de sítio e claramente não vai funcionar porque para isso ocorrer o Parlamento tem de permitir”, disse.

Em Córdoba, cinco manifestantes foram detidos após repressão policial. Dois deles são militantes da juventude da Frente de Izquierda. Segundo relatos, o ato ocorria de forma totalmente pacífica, quando a polícia tentou realizar uma dispersão utilizando gás lacrimogêneo e cassetetes.

Em La Plata, região metropolitana de Buenos Aires, as ruas foram tomadas ao som de apitos, panelas e canções de protesto. Já em Rosário, a terceira mais populosa do país, milhares foram às ruas levando cartazes com dizeres “a pátria não se vende” e “Milei é fome”.

A convocatória ocorreu na Praça 25 de Maio e nas proximidades do Monumento à Bandeira, com a presença de manifestantes, membros de organizações sindicais, partidárias e de direitos humanos.

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