Governador do Rio de Janeiro tem sigilos quebrados pelo STJ
Cláudio Castro é investigado por corrupção em contratos de assistência social. Irmão de criação do governador foi alvo de busca e apreensão; PF encontrou planilhas e dinheiro vivo
Publicado 21/12/2023 15:59
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), teve determinada a quebra dos seus sigilos bancário e telefônico, na quarta-feira (20), pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Raul Araújo. O governador é investigado pela Polícia Federal (PF) dentro da Operação Sétimo Mandamento que apura fraudes em programas assistenciais.
A PF já constatou a existência de fraudes pelo pagamento de vantagens em cima de contratos da assistência social nos programas Novo Olhar, Rio Cidadão, Agente Social e Qualimóvel, em período que Castro esteve como vereador da cidade do Rio de Janeiro e como vice-governador.
Leia também: RJ: Ex-assessor acusa governador Cláudio Castro de ter recebido propina antes
Os contratos ao todo chegam a R$70 milhões e a porcentagem das vantagens pagas varia de 5% a 25% conforme cada contrato, aponta a investigação.
Em nota, a defesa do governador disse que não há nada contra ele:
“A operação deflagrada nesta quarta-feira não traz nenhum novo elemento à investigação que já transcorre desde 2019. Só o fato de haver medidas cautelares, quatro anos depois, reforça o que o governador Cláudio Castro vem dizendo há anos, ou seja, que não há nada contra ele, nenhuma prova, e que tudo se resume a uma delação criminosa, de um réu confesso, a qual vem sendo contestada judicialmente. Por fim, o governador reitera a confiança plena na justiça brasileira”.
“Não Furtarás”
A Operação Sétimo Mandamento, em referência ao mandamento “não furtarás”, é um desdobramento da Operação Catarata em que Castro é acusado de receber propina enquanto esteve como vereador na capital e vice-governador do estado, durante a gestão de Wilson Witzel.
De acordo com a delação premiada, Castro, enquanto vereador, atuou junto ao então prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, para que contratos de ONGs ligadas ao delator [Marcus Vinícius] e a Flávio Chadud passassem para a Subsecretaria de Pessoa com Deficiência.
Leia também: Colapso do RJ mostra que recuperação fiscal é cilada para estados
Em contrapartida o vereador apoiou o prefeito no projeto de aumento do IPTU na cidade. Com os contratos das ONGs na Subsecretaria, operou-se o esquema de propina.
Quando já estava como vice-governador as propinas foram reforçadas por esquema envolvendo a empresa Novo Olhar de Chadud com a Fundação Leão XIII.
“Irmão de Castro”
O irmão de criação do governador, Vinícius Sarciá Rocha, que é presidente do Conselho de Administração da Agerio (a Agência Estadual de Fomento), é um dos investigados pela Operação.
Ele teve um mandado de busca e apreensão emitido em que foi apreendido R$ 128 mil e US$ 7,5 mil em espécie, além de planilhas com nomes e porcentagens a serem pagas.
Além dele, a PF realizou buscas nos imóveis de mais duas pessoas:
- Astrid de Souza Brasil Nunes, atual subsecretária de Integração Sociogovernamental e de Projetos Especiais da Secretaria Estadual de Governo do Rio de Janeiro. Ela ocupou o cargo de diretora de administração e finanças da Fundação Leão XIII; e
- Allan Borges Nogueira, atual gestor de Governança Socioambiental da Cedae, que foi presidente da Fundação Leão XIII entre janeiro de 2019 e maio de 2020.
*Com informações g1 e Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva