EUA vetam resolução da ONU por cessar-fogo imediato em Gaza

Iniciativa não teve outros opositores; segundo embaixador adjunto dos EUA na ONU, cessar-fogo ‘plantaria as sementes de uma guerra futura’

Foto: Unicef/Hassan Islyeh

Os Estados Unidos vetaram nesta sexta-feira (9) uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo imediato no conflito em curso entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza.

Com 13 votos a favor e uma abstenção do Reino Unido, o texto, proposto pelos Emirados Árabes Unidos e apoiado por 100 países, não obteve a aprovação necessária. O vice-embaixador dos Emirados Árabes Unidos na ONU, Mohamed Abushahab, questionou o conselho, destacando a importância de unir esforços para interromper os bombardeios incessantes em Gaza.

“Qual é a mensagem que estamos enviando aos palestinos se não conseguirmos unir-nos num apelo para interromper o bombardeio implacável de Gaza?”, questionou Mohamed ao conselho.

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Durante abertura da sessão emergencial, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que a brutalidade dos ataques do Hamas em 7 de outubro, que resultaram em mais de 1.200 mortes, segundo autoridades israelenses, “jamais poderia justificar a punição coletiva dos palestinos”. Guterres apelou também pela libertação de 130 reféns mantidos pelo grupo em Gaza.

“Condeno sem reservas esses ataques. Estou consternado com os relatos de violência sexual”, acrescentou Guterres. “Não há justificativa possível para matar deliberadamente cerca de 1.200 pessoas, incluindo 33 crianças, ferir outras milhares e fazer centenas de reféns.”

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, rejeitaram a resolução, argumentando que um cessar-fogo favoreceria apenas o Hamas. O vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, classificou o texto como “desequilibrado” e “afastado da realidade”, enfatizando que não avançaria concretamente na resolução do conflito.

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“Embora os Estados Unidos apoiem fortemente uma paz duradoura em que tanto israelenses como palestinos possam viver em paz e segurança, não apoiamos o apelo desta resolução a um cessar-fogo insustentável que apenas irá plantar as sementes para a próxima guerra”, disse Wood.

A embaixadora britânica na ONU, Barbara Woodward, explicou a abstenção do Reino Unido, mencionando a ausência de condenação ao Hamas no texto. Segundo ela, “Israel precisa ser capaz de enfrentar a ameaça representada pelo Hamas e precisa fazer isso de uma forma que respeite o direito humanitário internacional, para que tal ataque nunca mais possa ser realizado novamente”.

Já o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reconheceu, na quinta-feira (7), um “gap” entre a intenção de Israel de proteger civis e a realidade no terreno, visto que o país tem bombardeado Gaza pelo ar, impôs um cerco e lançou uma ofensiva terrestre.

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Guterres alertou para uma situação humanitária “no ponto de ruptura” em Gaza, onde a população enfrenta deslocamentos, falta de recursos básicos e ataques constantes. “Não há uma proteção efetiva dos civis”, disse. “O povo de Gaza está sendo ordenado a se mudar como pinballs humanos, ricocheteando entre zonas cada vez menores do sul, sem o básico para sobreviver. Mas nenhum lugar em Gaza é seguro.”

Enquanto a comunidade internacional apela por um cessar-fogo imediato, Israel mantém seu posicionamento de que a estabilidade regional só será alcançada com a eliminação do Hamas. O Conselho de Segurança, em diversas tentativas, tem buscado pausas nos combates para permitir o acesso de ajuda humanitária a Gaza, descrita por Guterres como um “pesadelo humanitário em espiral”.

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Organizações não governamentais, como Save the Children e Médicos Sem Fronteiras, denunciaram a gravidade da situação, descrevendo-a como “apocalíptica” e criticando a inação do Conselho de Segurança da ONU. A ONG Médicos Sem Fronteiras acusou os Estados Unidos e outros membros do conselho de serem “cúmplices do massacre em curso”.

O conflito, que se estende por dois meses, resultou em um cerco quase total imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 9 de outubro, dificultando o acesso a água, alimentos, medicamentos e eletricidade para 1,9 milhão de habitantes (ou 85% da popução) que tiveram de abandonar as suas casas desde o início do conflito, segundo a ONU. Até o momento, o Ministério da Saúde de Gaza afirma que mais de 17.480 pessoas foram mortas, sendo a maioria mulheres e crianças.

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com agências

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