Brasil diz esperar saída pacífica entre Venezuela e Guiana

Diplomacia brasileira aposta no diálogo para resolução de controvérsia envolvendo Essequibo, hoje da Guiana. Plebiscito apoia anexação do território pela Venezuela

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro vota durante plebiscito. Foto: reprodução/redes sociais

A incorporação da região de Essequibo, hoje pertencente à Guiana, ao território da Venezuela obteve, segundo os números oficiais, 95,93% dos votos do plebiscito realizado neste domingo (3) pelo governo de Nicolás Maduro. A diplomacia brasileira se manifestou após o resultado, afirmando esperar que a questão seja solucionada de maneira pacífica.

A declaração foi dada na manhã desta segunda-feira (4) pela secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixadora Gisela Padovan. Ela também salientou que o Brasil mantém diálogo “em alto nível” com os dois países.

De acordo com Gisela, o fato de a Venezuela estar suspensa do Mercosul não dificulta conversas no sentido de articular uma solução. “Não. Continuamos avançando”, disse. Além disso, a embaixadora afirmou que o plebiscito é um assunto interno da Venezuela.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, 10,5 milhões de eleitores participaram do referendo, dos quais 95,93% aceitaram incorporar oficialmente Essequibo ao mapa do país e conceder cidadania e documento de identidade aos mais de 120 mil guianenses que vivem no território.

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Pouco antes da consulta acontecer, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, ainda em Dubai, onde participou da COP 28: “Se tem uma coisa que a América do Sul não está precisando agora é de confusão”. E acrescentou: “Não se pode ficar pensando em briga. Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lado da Guiana”. 

O território de Essequibo, que corresponde a mais de 70% da Guiana, é rico em minérios e pedras preciosas e está em disputa entre os dois países há mais de um século. 

A Venezuela questiona a Sentença Arbitral de Paris de 1899, que decidiu pela retirada da região de seu território. Desde os anos 60, o governo venezuelano busca o cancelamento da arbitragem de Paris na ONU, visto como desvantajosa para o país. O Acordo de Genebra de 1966, estabelecido para buscar uma solução pacífica, é mencionado como o único instrumento jurídico válido para o impasse. 

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) entrou na controvérsia em 2020, após se declarar competente para reconhecer a solicitação da Guiana, baseada no laudo arbitral de 1899. No entanto, a Venezuela se recusa a reconhecer a jurisdição da CIJ, mantendo sua posição de buscar uma solução pacífica com base no Acordo de Genebra.

Com agências

(PL)

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