Documentário “Doutor Araguaia” entra na fase final das gravações
O médico gaúcho João Carlos Haas Sobrinho participou da Guerrilha do Araguaia, na região de Xambioá (TO), ao lado de outros militantes do PCdoB no enfrentamento da ditadura militar
Publicado 03/12/2023 15:00 | Editado 03/12/2023 15:56
O documentário “Doutor Araguaia”, que vai contar a trajetória do médico gaúcho João Carlos Haas Sobrinho, nascido em São Leopoldo, em 1941, entrou na fase final das gravações. O médico participou da Guerrilha do Araguaia, na região de Xambioá (TO), ao lado de outros militantes do PCdoB no enfrentamento da ditadura militar.
A ditadura (1964 a 1985) utilizou o expediente de rigorosa censura aos meios de comunicação para que a realidade dos fatos não chegasse ao conhecimento público.
A primeira parte já foi gravada, em Porto Franco (MA), Palmas e Xambioá (TO), Brasília (DF), Goiânia (GO), São Paulo (SP), durante os meses de abril, maio, junho e julho.
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A parte final das gravações será realizada agora no Rio Grande do Sul, em São Leopoldo e Porto Alegre, entre outros espaços, na UFRGS e no Centro Acadêmico Sarmento Leite, do qual ele foi presidente, tendo sido preso em 1964, logo após o golpe da ditadura militar.
Haas concluiu curso de Medicina e fez residência médica na Santa Casa de Misericórdia e no Hospital Ernesto Dornelles.
Em 1967, João Carlos chegou a Porto Franco (MA), onde cuidou de centenas de pessoas desassistidas pelo então governo e ainda montou um hospital comunitário.
Os depoimentos, ao longo do documentário, vão revelar detalhes dessa história de extrema dedicação profissional e convivência com moradores da região. Solidariedade e compaixão.
“João Carlos foi assassinado em 1972. Seu corpo nunca foi localizado, mas ele está vivo na memória dos que lutaram e lutam por um país melhor. Sua voz até hoje vibra nos corações que reafirmam, como ele: Nenhum sacrifício será feito em vão!”, diz nota da produção.
Documentário
Sobre o documentário, Sônia Haas, irmã de João Carlos, afirmou que o legado do irmão ocupou o espaço que lhe cabe na história.
O diretor Edson Cabral acredita que “a partir de realizações como essa poderemos refletir melhor, trazendo novas luzes para iluminar esse período da história do Brasil”.
O projeto já conta com o apoio das prefeituras de São Leopoldo (RS) e de Porto Franco (MA), além da parceria da Fundação Maurício Grabois, que transfere conteúdos importantes ao documentário.
O lançamento do documentário está previsto para o segundo semestre de 2024. Além de João Carlos, outros três gaúchos foram mortos na guerrilha do Araguaia: José Huberto Bronca, Cilon da Cunha Brum e Paulo Rodrigues, cujos restos mortais também não foram encontrados.