Maceió decreta estado de emergência por risco de colapso em mina da Braskem

Região afetada registrou cinco episódios de tremores de terra no mês de novembro e população foi orientada a deixar o local. Mineradora atua na região desde 2018

Foto: Reprodução/ Braskem

A prefeitura de Maceió decretou, nesta quarta (29), situação de emergência por risco iminente de colapso de uma mina operada pela petroquímica Braskem, na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.

A Defesa Civil da capital alagoana já alertou a população local, que foi orientada a deixar a região e procurar abrigo.

O problema começou em março de 2018, quando as operações da Braskem ocasionou o afundamento do solo em cinco bairros da capital de Alagoas. O Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, concluiu que as atividades de mineração da empresa em uma área de falha geológica causaram o problema.

De lá para cá, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutante, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade.

Segundo relatório da Defesa Civil, o monitoramento da região foi ampliado depois que as autoridades registraram cinco abalos sísmicos no mês de novembro. Nesta quarta, foi identificado o risco de colapso da Mina 18 da Braskem, localizada no bairro de Mutange.

Além dos moradores, o afundamento do solo impactou a rotina do CSA, clube mais popular do estado. Em 2020, o clube teve que deixar de treinar no Estádio Gustavo Paiva, transformado em CT pelo Azulão por causa da insegurança geológica.

Moradores receberam um aviso por volta das 13h, via SMS. “Risco de colapso na região desocupada próxima ao antigo campo do CSA. Se estiver na área, procure um local seguro”, diz o texto.

A Defesa Civil disse ainda que ‘os últimos sismos ocorridos se intensificaram’ e que ‘há risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas’. Também há a recomendação para que embarcações evitem transitar na região. Há um bloqueio nas ruas para que não se tenha acesso.

Em nota, a Braskem disse que paralisou as atividades na área de resguardo “em decorrência do registro de microssismos e movimentações de solo atípicas pelo sistema de monitoramento”. Eles foram detectados dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da avenida Major Cícero de Goes Monteiro.

“A área, que já estava com algumas atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil. Essa é uma medida preventiva enquanto se aprofunda a compreensão da ocorrência”, diz a nota.

Condenada na Justiça

A petroquímica Braskem foi condenada pela Justiça a indenizar o estado de Alagoas por danos causados pela exploração de sal-gema, que resultou na retirada da população de cinco bairros de Maceió. A decisão do juiz José Cavalcanti Manso Neto, da 16ª Vara Cível da justiça alagoana, reconheceu o direito do estado de ser indenizado pelos imóveis, equipamentos públicos, gastos com obras de melhoria urbana e o valor da desapropriação de imóveis. O valor da indenização será calculado ainda por uma perícia, a ser paga pela Braskem.

Devido à exploração mineral subterrânea realizada no local, os bairros de Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol tiveram que ser evacuados emergencialmente em 2018. Rachaduras surgiram nos imóveis da região, seguido de um tremor de terra, criando alto risco de afundamento.

O governo do estado argumenta que sofreu prejuízos com a perda de arrecadação de impostos em decorrência do fechamento do comércio na região afetada, além de recursos gastos para execução de obras e equipamentos públicos devido ao incidente. O governador de Alagoas, Paulo Dantas, disse que a decisão fortalece a luta pela reparação dos danos causados ao Estado, aos municípios e às vítimas. Segundo ele, a tragédia causou prejuízos de cerca de R$ 35 bilhões.

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