Avaliação do governo Lula confirma permanência da polarização

Quando o que está em julgamento é a aprovação pessoal a Lula, os números ainda são majoritariamente favoráveis ao presidente: 50% dizem aprovar Lula e 47% declaram reprová-lo

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Pela primeira vez desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro, para seu terceiro mandato presidencial, a rejeição ao governo supera, em termos numéricos, a aprovação. É o que aponta a nova rodada da pesquisa Atlas Intel, divulgada nesta terça-feira (21).

Conforme o levantamento, 45% consideram a gestão Lula “ruim” ou “péssima”, enquanto 43% a julgam “ótima” ou “boa”. Como a margem de erro é de um ponto percentual (para mais ou para menos), há um empate técnico entre as duas posições. Para 11%, o governo é regular.

Em 23 de setembro, os índices eram inversos: 44% de ótimo/bom e 42% de ruim/péssimo. Os dois cenários – o de dois meses atrás e o atual – confirmam que, apesar dos avanços do governo federal e da recuperação da economia, a polarização permanece inalterada no País.

Quando o que está em julgamento é a aprovação pessoal a Lula, os números ainda são majoritariamente favoráveis ao presidente: 50% dizem aprovar Lula e 47% declaram reprová-lo. Apenas 3% não sabem ou não responderam. A distância entre os dois índices é a menor no ano e caiu em relação a dianteira registrada em setembro (52% a 46%).

Lula permanece com mais apoio entre as mulheres (56%) do que entre os homens (43%). Os mais jovens (com idade de 16 a 24 anos) lhe entregam 64% de aprovação. Na camada seguinte, de eleitores entre 25 e 34 anos, a taxa despenca para 41% – acima apenas da avaliação positiva do presidente na região Sul (39%) e entre evangélicos (37%).

As oscilações não tiram de Lula, porém, a condição de líder político com melhor avaliação no Brasil, entre 17 nomes sondados na pesquisa. Logo abaixo do presidente, em termos de aprovação, aparecem a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB, com 49%) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB, com 47%).

Entre políticos da direita, o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), com 47% de aprovação, aparece ligeiramente à frente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que marca 45%. Mas a rejeição a Bolsonaro é 20 pontos percentuais maior: 52% a 32%.

Apenas dois líderes têm, hoje, uma desaprovação superior à do ex-presidente: o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP-AL, com 58% de rejeição e 13% de respaldo); e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT, que soma 54% de desaprovação, ante 26% de aprovação).

A área do governo com melhor avaliação (47% a julgam “ótima”) é a de “relações internacionais”, sob provável impacto da repatriação de brasileiros que estavam na Faixa de Gaza em meio ao conflito israelense-palestino. Em seguida, sobressaem “direitos humanos” (44%) e “redução da pobreza” (42%). 

Duas áreas, porém, chamam a atenção pelo descontentamento crescente dos brasileiros: 42% avaliam que o governo é péssimo em “responsabilidade fiscal e controle de gastos”, e 41% criticam o desempenho da administração federal na “segurança pública”. Aqui, o peso do noticiário da grande mídia – mais hostil ao governo que o normal nos dois temas – é central, tanto que “criminalidade e tráfico de drogas” foram apontados por 61% como os principais problemas do País.

O mau humor dos brasileiros pode ser algo repentino, já que 54% acreditam que a situação econômica do País vai melhorar daqui a seis meses. Somente 31% dizem que a economia vai piorar, e 15% creem que ela permanecerá igual.

A pesquisa Atlas Intel entrevistou 5.211 eleitores por questionário online, via Recrutamento Digital Aleatório. A sondagem foi concentrada na região Sudeste e se estendeu de 17 a 20 de novembro.

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