Argentina: Milei já ensaia golpe em caso de derrota para Massa

Massa comparou a ofensiva golpista de seu adversário às ações dos ex-presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump

Seguindo a cartilha golpista da extrema-direita internacional, o candidato a presidente da Argentina Javier Milei – que disputará o segundo turno no próximo domingo (19) – já ensaia um golpe em caso de derrota para o peronista Sergio Massa. Nesta quinta-feira (16), a três dias da eleição, o ultradireitista denunciou, sem provas, o risco de fraude na votação.

Conforme o discurso de sua campanha, a Gendarmaria Nacional, responsável pela segurança do processo eleitoral, estaria em condições de mudar “o conteúdo das urnas” para favorecer Massa e promover uma “fraude colossal”. As fontes da denúncia, porém, “preferem permanecer anônimas” por razões motivos de segurança.

Como nas eleições presidenciais de 2022 no Brasil, a extrema-direita quer inserir as Forças Aramadas na disputa. A coligação de Milei pediu formalmente o envolvimento da Força Aérea e da Marinha na custódia das urnas e no monitoramento das seções eleitorais.

Desde o início do segundo turno, a estratégia é tumultuar a campanha com uma série de ações judiciais, que, invariavelmente, requerem respostas da Justiça Eleitoral. “O que estamos fazendo é todo o possível para que não tenhamos que gritar ‘fraude’ no domingo”, declarou ao La Nación, sem se identificar, um integrante da campanha de Milei.

Massa comparou a ofensiva golpista de seu adversário às ações dos ex-presidentes  Jair Bolsonaro (PL), do Brasil, e Donald Trump, dos Estados Unidos, que também lançaram acusações falsas sobre o sistema eleitoral em seus países. “Tenho enorme confiança no trabalho que cada juiz eleitoral e a Câmara Nacional Eleitoral vêm realizando há muitos anos. Essa ideia de Trump e de Bolsonaro, como forma de não aceitar resultados, é muito ruim”, disse Massa após uma atividade de campanha em Buenas Aires.

As fake news de Milei são também uma forma de desviar as atenções dos eleitores, já que sua candidatura foi profundamente atacada neste segundo turno. Os ataques do ultradireitista ao papa Francisco, que é argentino, foram rechaçados por boa parte do eleitorado católico. Milei já chamou o pontífice de “encarnação do maligno”. Propostas do candidato como acabar com o Banco Central e dolarizar a economia são alvos de contestação crescente.

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