“Sabesp é do povo”, conclama população na porta da Alesp
Em defesa do saneamento público, ato em frente à assembleia paulista pede para Tarcísio ‘tirar as mãos’ da água e do saneamento paulista
Publicado 16/11/2023 15:46 | Editado 16/11/2023 19:56
A população foi para a porta da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), nesta quinta-feira (16), para mostrar contrariedade ao projeto de privatização da Sabesp encabeçado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em mobilização convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) e apoio das Centrais Sindicais, movimentos populares, sociais e estudantis, os manifestantes ocupam uma das entradas da Alesp enquanto ocorre a audiência pública sobre a privatização.
Dentro da Assembleia, parte dos trabalhadores participa da audiência. A direção da casa limitou a presença dos participantes dentro do auditório. Mas os que ficaram do lado de fora fazem barulho para serem ouvidos pelos deputados.
‘Rapinagem’
O presidente nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Adílson Araújo, disse aos presentes no ato público: “O que assistimos é um ato de rapinagem. Quando a gente pergunta porque tamanha insistência do Tarcísio em entregar este que certamente é o patrimônio fundamental da vida, é exatamente porque conseguimos localizar que o interesse principal é entregar o patrimônio público aos interesses do rentismo, do grande capital e da especulação. A principal vítima será, sobretudo, a classe trabalhadora e aqueles que mais precisam”, afirmou.
De acordo com Adílson, o governo ao priorizar o lucro irá relegar a população a um cenário crítico. “Se o povo já não tem o que comer, quando tiver que comprar a água da empresa privatizada, como é que vai ser? Este povo que não tem mais acesso a água potável, em um estado que vive ano a ano no descaso … nós que assistimos diversos momentos os níveis de água alcançarem o volume morto, isso tudo porque Tarcísio quer levar os recursos da Sabesp para satisfazer as bancas de Wall Street, querem encher as burras dos banqueiros de dinheiro”, completou.
Recado aos deputados
Renê Vicente, vice-presidente da CTB Nacional e diretor do Sintaema, ressaltou a importância de deixar claro para os deputados a opinião dos trabalhadores:
“Nós temos uma opinião que foi coletada através de milhares de votos aqui no Estado de São Paulo, por meio de votos do Plebiscito Popular Contra a privatização da Sabesp, Metrô e CPTM. Mais de 97%, dos 879 mil votos coletados, mostraram contrariedade ao projeto”, disse.
Segundo Vicente, é fundamental lembrar do perigo que representa a entrega de uma empresa como a Sabesp para a iniciativa privada.
“Hoje no Brasil são cerca de 500 municípios que são tocados pela iniciativa privada. O principal exemplo é o caso da Saneatins, privatizada nos anos 2000. Em 2013, adivinhem? A BRK Ambiental [empresa privada que ficou no lugar da Saneatins], devolveu para o estado de Tocantins 78 municípios não rentáveis, aqueles que não davam lucro. O governo de Tocantins teve que criar às pressas a Agência Tocantinense de Saneamento. Esta é a lógica da iniciativa privada. Ficaram apenas com os municípios que davam lucro”, exemplificou.
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O diretor do Sintaema explicou a situação, pois mais de 60% da arrecadação da Sabesp vem da região metropolitana de São Paulo, o que gera preocupação para os outros municípios. “A grande maioria dos munícios de São Paulo, dentro dessa lógica que querem impor, é deficitária, não vão dar lucro. Podem ter certeza, o governador Tarcísio promete baixar a tarifa com o próprio dinheiro da privatização da Sabesp, mas quando esse dinheiro acabar eles vão aumentar o valor da tarifa, vão abandonar os municípios que não dão lucro ao descaso e quem vai pagar somos todos nós, a classe trabalhadora”, conclui Renê ao lembrar que a Sabesp é uma empresa lucrativa e que presta saneamento com qualidade em todo o estado.
Sabesp nova Enel
O ex-deputado estadual e presidente do PCdoB municipal São Paulo, Alcides Amazonas, ressaltou a importância da mobilização na Alesp.
“Já estive aqui exercendo o mandato de deputado estadual. Sei que só conseguimos reverter as coisas aqui com muita pressão, com muita mobilização e muito argumento. Por isso pedimos para que os deputados e deputadas que ainda tenham dúvidas sobre a privatização da Sabesp, Metrô e CPTM, olhem o que aconteceu semana passada. Um grande apagão e a responsabilidade do apagão foi a privatização do setor energético aqui de São Paulo. Não queremos que a Sabesp vire uma Enel amanhã, por isso a nossa luta é mais do que justa”, alertou Amazonas.
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Ubiraci ‘Bira’ Dantas de Oliveira, metalúrgico e vice-presidente da CTB, também conclamou os presentes a aumentar a mobilização.
“Vamos barrar essa privatização. É possível barrar aumentando a participação popular, chamando mais partidos e entidade, para derrotar esta política nefasta que visa destruir o patrimônio do povo”, disse ao lembrar que no próximo dia 28 de novembro há novo indicativo de greve geral da Sabesp, Metrô e CPTM.
Assista o ato público do lado de fora da Alesp: