“Israel quer ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá”, diz Lula
Durante o programa Conversa com o Presidente, Lula voltou a criticar papel dos EUA desde a escalada do conflito e a passividade da ONU e seu Conselho de Segurança.
Publicado 14/11/2023 11:52 | Editado 16/11/2023 16:05
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça (14) que Israel pretende ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos da sua terra. Lula disse que Israel tem “atitudes iguais ao terrorismo” ao “matar crianças” na Faixa de Gaza.
A declaração foi dada no programa “Conversa Com o Presidente”, da EBC, apresentado pelo jornalista Marcos Uchôa.
“É preciso que a gente tome outra atitude, que a ONU convoque alguma coisa especial, porque esta guerra do jeito que vai não tem fim. Estou percebendo que Israel parece querer ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá. Isso não é justo, não é correto. Temos que garantir a criação de um estado palestino para que eles possam viver em paz junto com o povo judeu. Nós do Brasil sempre defendemos a criação de dois estados: um estado judeu e outro palestino”, disse.
Recentemente, autoridades dos Estados Unidos, principal aliado geopolítico, criticou as intenções israelenses de anexar a Faixa de Gaza.
“Por isso que disse ontem que atitude de Israel com relação às crianças e mulheres é uma atitude igual ao terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se sei que está cheio de criança naquele lugar, pode ter um monstro lá dentro, não posso matar as crianças para matar o monstro. tenho que matar o monstro sem matar as crianças. É simples assim”.
Nesta segunda (13), ao receber os repatriados brasileiros e seus familiares de Gaza, o presidente disse nunca ter visto tamanha brutalidade.
“Aos 78 anos de idade já vi muita brutalidade, muita violência, mas eu nunca vi uma violência tão bruta, tão desumana contra inocentes. Porque, se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra, as mulheres não estão em guerra”, disse Lula após a chegada do avião.
Reforma da ONU
Pauta fundamental da política externa do governo federal, Lula criticou a inércia da Organização das Nações Unidas (ONU). Para o presidente, a ONU e seu Conselho de Segurança não estão dando mais conta dos graves problemas no mundo.
“Produzimos uma nota que teve o apoio de doze países e teve mais abstenção da Rússia e da Inglaterra, que são também do Conselho de Segurança. E apenas um país teve o direito de vetar, e vetou, que foi os Estados Unidos. Quer dizer, isso é incompreensível. Não é admissível”.
Em outubro, o Brasil apresentou uma resolução no órgão máximo da ONU e obteve a ampla maioria dos votos. Mas por causa do veto dos EUA a proposta foi rejeitada.
“É por isso que nós brigamos para mudar a ONU. A ONU precisa mudar. A ONU de 1945 não vale mais nada em 2023. É por isso que a gente quer mudar a quantidade de pessoas e o funcionamento, e acabar com o direito de veto”, afirmou Lula, cobrando mais representatividade na instância máxima de resolução dos conflitos globais”
“O Brasil vai continuar brigando pela paz. É inadmissível que a gente não tenha encontrado uma solução”, disse Lula, em referência à guerra entre Israel e o Hamas.