Lula lança programa para ampliar resistência à crise climática
Iniciativa pode se tornar referência para outros países enfrentarem efeitos das mudanças no clima. Evento foi primeira aparição pública do presidente após cirurgias
Publicado 24/10/2023 14:55 | Editado 24/10/2023 18:03
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta terça-feira (24), sua primeira participação em evento público após duas cirurgias realizadas no final de setembro. Ele lançou o programa Sertão Vivo, Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais no Nordeste, juntamente com o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministros e dirigentes do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e da ONU (Organização das Nações Unidas).
Lula chegou andando sem dificuldades ao Palácio do Planalto, mas não discursou durante a cerimônia, que contou, ainda, com a presença de governadores do Nordeste e de outras autoridades.
Pelas redes sociais, o presidente declarou: “Participei do lançamento do Projeto Sertão Vivo, uma parceria do BNDES e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) da ONU. A iniciativa do governo federal, que conta com R$ 1,75 bilhão, tem como objetivo apoiar projetos no Nordeste que promovam o aumento da capacidade da população de resistir à seca, armazenar água e produzir no semiárido”.
Lula acrescentou que cerca de 430 mil famílias serão beneficiadas, entre agricultores familiares, povos indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. “Nosso governo está comprometido com o combate às mudanças climáticas em todas as frentes”, finalizou. Essas famílias representam cerca de 1,8 milhão de pessoas, nos nove estados do Nordeste.
Programa estratégico
Ao explicar o projeto, a diretora socioambiental do BNDES e ex-ministra Tereza Campello assinalou que a meta original era lançar o programa pouco antes da COP 28 — que acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai —, mas foi antecipado em um mês.
“O projeto é estratégico por vários motivos. Primeiro, porque ele consegue unificar três dos principais desafios que estão colocados para o Brasil e para o mundo: o enfrentamento da pobreza — 75% dos beneficiados do programa são do Cadastro Único —; o enfrentamento das mudanças climáticas — o Nordeste certamente é um dos territórios do Brasil que mais sofrerão com as mudanças climáticas — e também a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis”, explicou Tereza.
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Ela destacou que o semi-árido nordestino pode ser referência para a solução de desafios colocados pelo aquecimento global, tem um patrimônio genético decisivo para a produção de alimentos em um cenário de aquecimento global acima de 1,5ºC e estresse hídrico.
A diretora do BNDES também salientou que o programa vai aumentar a resiliência das comunidades rurais do semiárido da região em relação às mudanças climáticas, com adoção de tecnologias de captação, armazenamento e reuso da água; diversificação da produção agrícola com aumento da produtividade e restauração de biomas, aumento da capacidade de resistir a eventos de seca e redução da emissão de gases de efeito estufa.
Parceira com a ONU
Claus Reiner, diretor do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da ONU, enfatizou que este “é o primeiro financiamento do Fida em nível mundial com o Banco de Desenvolvimento Internacional, resultado de uma mudança nos estatutos do Fida que o Brasil impulsionou”.
Ele acrescentou, no entanto, que o mais significante é o fato de que este é o “primeiro projeto assinado com a atual administração do Brasil, que colocou a luta contra a pobreza e contra a insegurança alimentar na sua política primária, principal”.
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O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante declarou que o este “não é apenas um projeto social, é também um imenso campo de pesquisa, um projeto portador de futuro, não só para o Brasil, mas que a FAO vai se inspirar para levar a outras regiões, por exemplo, da África, e é um projeto estratégico para o Brasil”.