Brasil perde 15% de suas florestas em 38 anos, revela MapBiomas
Expansão agropecuária é apontada pela rede como principal responsável pela perda da vegetação. Entre os anos de 1985 e 2022, a redução foi de 87 milhões de hectares.
Publicado 21/10/2023 09:30 | Editado 23/10/2023 16:15
Novos dados alarmantes do MapBiomas revelaram que, entre 1985 e 2022, o Brasil viu uma redução de 15% na área ocupada por florestas naturais, com a superfície florestal caindo de 581,6 milhões de hectares para 494,1 milhões de hectares. O desmatamento nos últimos cinco anos contribuiu significativamente para essa perda, totalizando 11% dos 87,6 milhões de hectares de florestas naturais suprimidas ao longo de 38 anos.
Esses dados fazem parte da Coleção 8 do Mapeamento Anual da Cobertura e Uso da Terra no Brasil, realizado pelo MapBiomas, um projeto que visa monitorar o impacto das atividades humanas no meio ambiente.
O mapeamento abrange diversas categorias de cobertura arbórea, incluindo formações florestais, savanas, florestas alagáveis, manguezais e restingas. Esses ecossistemas combinados ocupam aproximadamente 58% do território nacional.
Quando consideramos todas essas categorias, a Amazônia (78%) e a Caatinga (54%) emergem como os biomas com a maior proporção de florestas naturais em 2022. No entanto, são esses mesmos biomas que lideraram em termos de perda de florestas naturais, com 13% da Amazônia e 27% do Cerrado desaparecendo entre 1985 e 2022.
Além disso, um dado alarmante é que mais de 75 milhões de hectares de florestas naturais localizados em propriedades privadas, agravando a questão da responsabilidade sobre o desmatamento.
Agropecuária avança sobre as florestas
A maioria esmagadora, ou seja, 95% da conversão das florestas naturais no Brasil foi destinada à agropecuária, com áreas desmatadas sendo convertidas em pastagens ou para cultivo agrícola. Nas duas primeiras décadas da série demonstrou um aumento na perda de florestas, mas a partir de 2006, houve uma redução na área desmatada. No entanto, nos últimos cinco anos, essa tendência foi revertida, com um aumento na perda de florestas, chegando a quase 10 milhões de hectares.
Quando observamos apenas as formações florestais, que abrangem 43% do território brasileiro em 2022, vemos que 84% delas estão na Amazônia, totalizando 308 milhões de hectares. A Amazônia também é responsável por 86% da supressão florestal nessa categoria entre 1985 e 2022. A Mata Atlântica representa 26% das formações florestais do Brasil, com 28 milhões de hectares.
A Amazônia também abriga florestas alagáveis, que passaram a ser monitoradas pelo MapBiomas a partir deste ano. Essas formações, que ocupam áreas inundadas ao longo de cursos d’água, perderam 430 mil hectares de florestas, que ocupavam 18,8 milhões de hectares ou 4,4% do bioma em 2022.
A formação savânica, que cobre 12% do território brasileiro (104,5 milhões de hectares), experimentou uma das maiores taxas de desmatamento proporcional. Entre 1985 e 2022, 29 milhões de hectares, ou 22% da área existente em 1985, foram perdidos. Isso equivale a uma devastação média de cerca de 700 mil hectares por ano. De cada cinco hectares desmatados, mais de quatro (83%) foram suprimidos no Cerrado. Na Caatinga, a perda foi de 10% (4,7 milhões de hectares).
“Os estados com maior proporção de floresta estão Amazonas (93%), Acre (85%) e Amapá (82%). O estado do Amazonas também apresenta a maior área de floresta com 145 milhões de hectares, quase um terço das florestas do país (29%), seguido do Pará (93 milhões de hectares) e Mato Grosso (47 milhões de hectares). A área de floresta desses três estados representa mais da metade da área das florestas brasileiras (58%). Mas Mato Grosso e Pará também lideram os estados que mais perderam área florestal natural, com 31,4 milhões de hectares e 18,4 milhões de hectares respectivamente. Já os estados de Rio de Janeiro e São Paulo ganharam área de floresta entre 1985 a 2022”, diz o estudo.
Os dados do MapBiomas são um lembrete impactante da necessidade urgente de ações efetivas para a preservação das florestas naturais e do meio ambiente no Brasil, bem como do compromisso contínuo com a conservação da biodiversidade e mitigação das mudanças climáticas.
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