47ª Mostra Internacional de Cinema de SP terá exibição de 360 filmes

A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o maior e mais prestigiado festival de cinema do Brasil, superou inúmeros desafios para retornar triunfalmente em sua 47ª edição. Depois de edições menores devido à perda de patrocínios e de um festival totalmente online exigido pela pandemia de Covid-19, o festival está de volta em grande estilo.

Até o dia 1º de novembro, o evento, que também é dos mais antigos da América Latina, apresentará aproximadamente 360 ​​filmes de 96 países, abrangendo uma ampla gama de produções, de clássicos a estreias, documentários, curtas-metragens e filmes de renome internacional.

Em um movimento inovador, a Mostra deste ano estenderá parte de sua programação ao estado do Amazonas. De 27 a 29 de outubro, Manaus receberá exibições de títulos brasileiros e internacionais, ampliando ainda mais o alcance do festival. Além disso, o evento dará continuidade à tradição de viajar por cidades do estado de São Paulo por meio da parceria com o Sesc.

Outra novidade da edição é o Espaço Petrobras, espaço temporário localizado na Cinemateca Brasileira que oferecerá exibições ao ar livre e um “Domingo Musical”. Já neste domingo (22) haverá a exibição de “Saudosa Maloca”, precedida de um animada roda de samba. O festival também terá o “Meu Sangue Ferve por Você”, com apresentação do cantor Sidney Magal.

A 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo também fará parceria com a Netflix, que entregará um prêmio a um filme brasileiro de ficção que ainda não tenha sido negociado nas plataformas de streaming, garantindo assim, os direitos de distribuição para ser exibido pela plataforma em mais de 190 países.

Além da tela: conversas e exposições

Além das exibições de filmes, a Mostra conta ainda com três exposições. Uma delas é “Filme Perdido”, que se encontra no foyer do Cinesesc, situado na Rua Augusta. A obra apresenta desenhos originais da graphic novel homônima de Cesar Gananian e Chico França.

Já a Cinemateca Brasileira abrigará o III Encontro de Ideias. Uma exposição com releituras de 25 cartazes de filmes brasileiros, criados por 25 artistas diferentes.

O festival também reintroduzirá lançamentos de livros, exibições de filmes em realidade virtual, sessões ao ar livre e o Encontro Ideias Audiovisuais, que inclui o Fórum da Mostra, da Palavra à Imagem e Mercado. Este encontro também acontece na Cinemateca Brasileira, de 26 a 28 de outubro.

Homenageados

Neste ano, a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo homenageia o renomado cineasta italiano Michelangelo Antonioni (1912–2007). O festival contará com uma retrospectiva de 23 de seus filmes, que produzidos entre 1947 a 2004. Antonioni é celebrado por explorar temas de isolamento e quebra de comunicação na sociedade moderna. Suas obras icônicas incluem “Blow-Up” (Depois Daquele Beijo, 1966) e “L’Avventura” (A Aventura, 1960), que fazem parte da “Trilogia da Incomunicabilidade” (ou Trilogia da Alienação).

Além de suas contribuições para o cinema, Antonioni foi um pintor com inclinação pelo abstrato. Uma exposição de suas pinturas estará presente no Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, de 23 de outubro a 17 de novembro. Além disso, o evento conta ainda com uma leitura encenada de sua obra “Tecnicamente Doce”, com a participação de diversos atores.

O diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o famoso Zé Celso, do Teatro Oficina, falecido em julho, também receberá homenagem na mostra com uma sessão especial de seu filme “25”, dirigido em conjunto com Celso Luccas.

Dirigidos por mulheres

Uma marca notável da 47º edição da Mostra é a presença do olhar feminino na direção de filmes. Neste ano, o festival exibirá 110 filmes dirigidos por mulheres, abrangendo documentários, ficções e animações.

As diretoras estão representadas em todas as seções do festival: Perspectiva Internacional, Vitrine Brasileira, Competição de Novos Diretores, Apresentações Especiais e até Realidade Virtual.

A programação inclui filmes premiados como “Anatomia de uma Queda” (vencedor da Palma de Ouro em Cannes), “Camping do Lago” (Prêmio Especial do Júri na seção “Cineastas do Presente” do Festival de Locarno), “O Espectro de Boko Haram” (Prêmio Tigre de melhor filme no festival de Roterdã) e “Rapto” (Prêmio da Sociedade de Autores e Compositores Dramáticos (SACD) na Semana da Crítica do Festival de Cannes), entre outros.

No âmbito dos curtas-metragens, destacam-se “Orun”, uma experiência de realidade virtual, e “6 Filmes de 6 Diretoras”, uma compilação de curtas-metragens dirigidas por cineastas iranianas. Confira aqui a lista completa dos filmes dirigidos por mulheres e exibidos na Mostra.

Filmes premiados ao redor do mundo

Entre os 363 filmes exibidos, mais de 70 foram premiados em renomados festivais de cinema ao redor do mundo. Confira abaixo.

Festival de Cannes

Anatomia de uma Queda, de Justine Triet (Palma de Ouro)
(Crowrã) A Flor do Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora (prêmio de melhor elenco da seção Um Certo Olhar)
Dentro do Casulo Amarelo, de Pham Thien An (prêmio Caméra d’Or de melhor primeiro longa-metragem)
Ervas Secas, de Nuri Bilge Ceylan (prêmio de melhor atriz, para Merve Dizdar)
Está Chovendo em Casa, de Paloma Sermon-Daï (Prêmio do Júri da Semana da Crítica) 
Folhas de Outono, de Aki Kaurismäki (Prêmio do Júri)
Los Colonos, de Felipe Gálvez Haberle (Prêmio da Crítica da seção Um Certo Olhar)
Rapto, de Iris Kaltenbäck (Prêmio da Sociedade de Autores e Compositores Dramáticos (SACD) na Semana da Crítica)
Tiger Stripes, de Amanda Nell Eu (Grande Prêmio da Semana da Crítica)
Um Príncipe, de Pierre Creton (prêmio SACD da Quinzena dos Realizadores) 
Zona de Interesse, de Jonathan Glazer (Grande Prêmio do Júri e do Prêmio da Crítica)

Festival de Berlim

A Sobrevivência da Bondade, de Rolf de Heer (Prêmio da Crítica)
Afire, de Christian Petzold (Grande Prêmio do Júri)
E o Rei Disse, que Máquina Fantástica, de Axel Danielson e Maximilien Van Aertryck (prêmio AG Kino Gilde – Cinema Vision 14plus na seção Generation 14plus)
Névoa Prateada, de Sacha Polak (Prêmio do Júri do Teddy Award, para a atriz Vicky Knight)
No Adamant, de Nicolas Philibert (Urso de Ouro)
O Amor do Mundo, de Jenna Hasse (Menção Especial do Júri Internacional da seção Generation Kplus)
Samsara – A Jornada da Alma, de Lois Patiño (Prêmio Especial do Júri da seção Encontros)
Sete Invernos em Teerã, de Steffi Niederzoll (prêmio de melhor filme da seção Perspektive Deutsches Kino)

Festival de Veneza

A Teoria Universal, de Timm Kröger (prêmio de melhor direção do Júri de Críticos Independentes)
Da Praça Central, de Pedro Harres (Grande Prêmio do Júri da seção Venice Immersive)
El Paraiso, de Enrico Maria Artale (prêmios de melhor roteiro e de melhor atriz, para Margarita Rosa de Francisco, na seção Horizontes)
Flow, de Adriaan Lokman (Prêmio Especial do Júri da seção Venice Immersive)
Fotofobia, de Pavol Pekarčík e Ivan Ostrochovský (prêmio Label Europa Cinemas, da Jornada dos Autores)
Fragmentos do Paraíso, de KD Davison (prêmio de melhor documentário sobre cinema na seção Venice Classics)
Malqueridas, de Tana Gilbert (prêmio de melhor filme da Semana Internacional da Crítica)
O Amor É uma Arma, de Lee Hong-chi (Prêmio Leão do Futuro “Luigi De Laurentiis” para melhor primeiro longa-metragem) 
O Mal Não Existe, de Ryusuke Hamaguchi (Grande Prêmio do Júri e Prêmio da Crítica)
Over the Rainbow, de Craig Quintero (prêmio Best Of da seção Venice Immersive)
Palimpsesto, de Hanna Västinsalo (Prêmio Especial da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood na seção Biennale College Cinema)
Paraíso em Chamas, de Mika Gustafson (prêmio de melhor direção da seção Horizontes)
The Man Who Couldn’t Leave, de Singing Chen (prêmio Best Experience da seção Venice Immersive)
Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário, de Ariane Louis-Seize (melhor filme na seção Jornada dos Autores)

Festival de Locarno

Animal, de Sofia Exarchou (prêmio de melhor atuação, para Dimitra Vlagopoulou)
Bons Sonhos, de Ena Sendijarević (prêmio de melhor atuação, para Renée Soutendijk)
Camping do Lago, de Eléonore Saintagnan (Prêmio Especial do Júri da seção Cineastas do Presente)
Excursão, de Una Gunjak (Menção Especial do Júri na seção Cineastas do Presente)
Não Espere Muito do Fim do Mundo, de Radu Jude (Prêmio Especial do Júri)
Sonhando e Dormindo, de Nelson Yeo (prêmio de melhor filme da seção Cineastas do Presente e melhor primeiro longa-metragem)
Stepne, de Maryna Vroda (prêmio de melhor direção e Prêmio da Crítica)
Yannick, de Quentin Dupieux (prêmio de melhor filme europeu)
Zona Crítica, de Ali Ahmadzadeh (Leopardo de Ouro)

Festival de Roterdã

O Espectro do Boko Haram, de Cyrielle Raingou (Tigre de melhor filme)
La Palisiada, de Philip Sotnychenko (Prêmio da Crítica) 

Festival de Karlovy Vary

Fremont, de Babak Jalali (prêmio de melhor direção) 
As Lições de Blaga, de Stephan Komandarev (Globo de Cristal de melhor filme, Prêmio do Júri Ecumênico e prêmio de melhor atriz, para Eli Skorcheva) 

Festival de San Sebastian

O Castelo, de Martin Benchimol (Prêmio Horizontes)
O Sonho da Sultana, de Isabel Herguera (Prêmio Irizar Basque)
Puan, de María Alché, Benjamín Naishtat (prêmios de melhor atuação principal, para Marcelo Subiotto, e de melhor roteiro) 

Festival de Toronto

Algas Marinhas, de Meredith Hama-Brown (Prêmio da Crítica)

Festival Visions du Réel

Knit’s Island, de Ekiem Barbier, Guilhem Causse e Quentin L’helgoualc’h (Prêmio do Júri da seção Burning Lights e do Prêmio da Crítica)

Festival de Tribeca

Estranho Caminho, de Guto Parente (prêmios de melhor filme, melhor roteiro, melhor fotografia e melhor atuação, para Carlos Francisco) 
Tigres Fumegantes, de Shelly Yo (prêmios de melhor atriz, para Ji-Young Yoo, e de melhor roteiro da competição U.S. Narrative Feature)
Uma Noite com Adela, de Hugo Ruiz (prêmio para novos diretores)

Festival Mar del Plata

Saudade Fez Morada Aqui Dentro, de Haroldo Borges (prêmios do público e de melhor longa-metragem)

Festival de Sundance

20 Dias em Mariupol, de Mstyslav Chernov (Prêmio do Público na seção World Cinema Documentary)
A Memória Infinita, de Maite Alberdi (Grande Prêmio do Júri da seção World Cinema Documentary Competition)
Animalia, de Sofia Alaoui (Prêmio Especial do Júri na competição World Cinema Dramatic)
Devagar, de Marija Kavtaradze (prêmio de melhor direção na seção World Cinema Dramatic)
E o Rei Disse, que Máquina Fantástica, de Axel Danielson e Maximilien Van Aertryck (Prêmio Especial do Júri da seção World Cinema Documentary)
Irmandade da Sauna a Vapor, de Anna Hints (prêmio de melhor direção na competição World Cinema Documentary)
Quando Derreter, de Veerle Baetens (Prêmio Especial do Júri de melhor atuação, para Rosa Marchant, na seção World Cinema Dramatic)
Shayda, de Noora Niasari (Prêmio do Público na seção World Cinema Dramatic)
The Persian Version, de Maryam Keshavarz (prêmios do público e de melhor roteiro na seção U.S. Dramatic Competition)

Festival de Annecy

Da Praça Central, de Pedro Harres (prêmio Festival Connexion VR)
Frango para Linda!, de Sébastien Laudenbach e Chiara Malta (prêmio de melhor filme)
Robot Dreams, de Pablo Berger (prêmio de melhor filme da seção Contrechamp)

Festival de Lima

A Barbárie, de Andrew Sala (prêmio de melhor ator, para Marcelo Subiotto)

Festival de Documentários de Sheffield

20 Dias em Mariupol, de Mstyslav Chernov (Prêmio Tim Hetherington)

Cineastas presentes na Mostra

A Memória Infinita – Paulina Urrutia (atriz) e Maida Leturia (marketing)
A Sibila – Eduardo Brito (diretor)
A Sudestada – Edgardo Dieleke (diretor)
Armadilha – Nadejda Koseva (diretora)
As Outras – Alexandra Hyland (diretora)
Asog – Sean Devlin (diretor) e Amanda Ernst (produtora)
Caminhadas Noturnas – Ryan McKenna (diretor)
Camper – Dagmara Brodziak (atriz), Maciej Dydinski (editor/produtor) e Szymon Milas (ator)
Como Você se Atreve a Desejar Algo Tão Terrível – Mania Akbari (diretora)
Do Lixo ao Tesouro: Transformando Negativos em Positivos e Unidas por Bissau (Nô Kumpu Guiné): Agroecologia e Feminismo na Guiné-Bissau – Iara Lee (diretora)
Éramos Mineradores – Christian Johannes Koch (diretor) e Jonas Matauschek (diretor)
Gauguin e o Canal – Roberto Birindelli (ator)
Ida Vitale – Maria Arrillaga (diretora)
Máscara de Ferro – Kim Sung Hwan (diretor)
Não Só o Pássaro É Bonito – Alvaro Crespo (diretor)
Neve em Pleno Verão – Keat Aun Chong (diretor) e Wong Kew Soon (produtor)
Nôs Dança – Rui Lopes da Silva (diretor) e João Pedro Duarte (editor)
Nós Dizemos Revolução – Elisabeth Perceval (diretora)}
Novo Mundo! (O Mundo de Novo) – Nicolas Klotz (diretor)
O Fogo – Luis Fontal (diretor)
O Posto Avançado – Edoardo Morabito (diretor) e Nathalia Scarton (produtora)
O Projeto Klezmer – Leandro Koch (diretor) e Paloma Schachmann (diretora)
Ospina Cali Colombia – Jorge de Carvalho (diretor)
Ousamos Sonhar – Waad al-Kateab (diretora)
Prisão nos Andes – Felipe Carmona (diretor) e Omar Zúñiga (produtor)
Rosinha e Outros Bichos do Mato – Marta Pessoa (diretora) e Rita Palma (produtora)
Seu Hobby – Ha Myung Mi (diretora) e Yang Young Hee (produtora)
Tomando Veneza – Amei Wallach (diretora)
Tudo Será Revelado – Peter Keglevic (diretor) e Wolfgang Rest (produtor) – de
Um Dia de Merda – Kevin T. Landry (diretor), Eve Ringuette (atriz), Isabelle Giroux (atriz) e Macha Houssart (produtora)
Um Príncipe – Arnaud Dommerc (produtor)
Vadio – Simão Cayatte (diretor) e Pablo Iraola (produtor)
Vale do Exílio – Anna Fahr (diretora)
Verdade ou Consequência? – Sofia Marques (diretora) e Isabel Machado (produtora)

O festival abriu as portas aos convidados nesta quarta-feira (18), com a exibição do premiado filme “Anatomia de uma Queda”, que conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cannes. A partir de agora, os cinéfilos podem percorrer as 24 salas de cinema e espaços culturais de São Paulo para prestigiar os filmes que compõem o festival. Alguns títulos também serão exibidos em plataformas gratuitas como Itaú Cultural Play, Sesc Digital e SPCine Play.

Para mais informações sobre a programação de filmes e ingressos, acesse: https://47.mostra.org/

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