Acordos entre governo e oposição na Venezuela têm apoio de Lula

Em nota, Lula renovou o “compromisso brasileiro com uma solução política no país vizinho”. Acordos representam um avanço histórico nas relações entre governo e oposição venezuelana

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os nomes dos documentos parecem adornados demais. Um se chama Acordo para Promoção dos Direitos Políticos e Garantias Eleitorais. O outro, Acordo para Garantia dos Interesses Vitais da Nação. Mas a assinatura desses dois compromissos, nesta terça-feira (17), na ilha caribenha de Barbados, representa um avanço histórico nas relações entre governo e oposição na Venezuela.

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – cujo governo teve participação direta nas negociações – apoiou os acordos, renovando o “compromisso brasileiro com uma solução política no país vizinho”. O Planalto lembrou que coube à Noruega o “processo de mediação” – mas países como Estados Unidos, Rússia e Colômbia se envolveram nas tratativas.

“Os acordos definem parâmetros para a realização das eleições presidenciais previstas para o segundo semestre de 2024”, aponta a nota. “Em um momento em que diferenças se aprofundam em outras partes do mundo, o entendimento entre as forças políticas venezuelanas mostra que o diálogo é capaz de trazer resultados efetivos.”

Quem representou o Brasil em Barbados, como testemunha, foi o ex-chanceler Celso Amorim, assessor-chefe especial para assuntos internacionais da Presidência da República. Antes de sua viagem ao Caribe, Amorim participou da reunião por videoconferência entre Lula e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na segunda-feira (16). De acordo com a Presidência, a reunião durou meia-hora e teve como pauta o teor dos acordos.

Um dos pontos centrais do pacto entre a gestão Maduro e a oposição não golpista era a garantia de um maior monitoramento das eleições presidenciais de 2024. A pedido dos Estados Unidos, o pleito contará com mais observadores internacionais. Em contrapartida, a administração Joe Biden sinaliza que pode suspender ou reduzir as criminosas sanções que tanto penalizam a população venezuelana.

O governo Maduro, por sua vez, tenta evitar que a direita golpista participe da eleição. Nomes como Henrique Capriles e Juan Guaidó, hoje inelegíveis, deveriam permanecer fora da disputa presidencial, caso prevaleça esse entendimento. Maria Corina Machado, que também está com os direitos eleitorais cassados, é atualmente o nome mais forte da oposição.

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