Reunião do Conselho de Segurança da ONU termina sem acordo

Um dos principais temas do encontro foi a criação de um corredor humanitário que ligue a Gaza ao Egito. Esse foi segundo encontro desde início do conflito.

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A segunda reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) terminou nesta sexta (13) sem consenso sobre uma declaração conjunta sobre o conflito entre Israel e Palestina.

Durante duas horas, os países que integram o grupo ouviram cobranças do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, responsável por presidir o encontro, sobre um consenso diante da ameaça de uma catástrofe humanitária.

“O Conselho tem uma responsabilidade crucial, tanto na resposta imediata aos acontecimentos da crise humanitária do momento, assim como nos estágios futuros, ao intensificar as relações multilaterais necessárias para restaurar um processo de paz. Nem os israelenses, nem os palestinos deveriam passar por sofrimentos semelhantes outra vez”, declarou.

O Brasil assumiu a presidência rotativa do Conselho de Segurança e tem por obrigação convocar as reuniões do órgão internacional. Após a reunião, o chanceler brasileiro reuniu-se com o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, para passar um resumo dos diálogos.

Um dos principais pontos discutidos é a pressão para a criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza para permitir a saída de civis e a entrada de alimentos, água e suprimentos hospitalares.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito reiterados apelos para que o governo israelense ceda e permita a saída de civis.

O Brasil tenta retirar cerca de 20 pessoas da região. O chefe do Executivo brasileiro fez o pedido diretamente ao presidente israelense, Isaac Herzog, em ligação por telefone nesta quinta (12).

A diplomacia do Brasil também negocia com o Egito para tentar levar esses brasileiros por terra de Gaza até a fronteira até Cairo. Da capital, o grupo embarcaria em um avião da Presidência da República do Brasil. O Egito, no entanto, ainda não autorizou o traslado do grupo por terra e nem o pouso do avião.

Vieira também disse que o Brasil vai continuar promovendo o diálogo entre os integrantes, inclusive com a abertura de novas avenidas de negociação. “O objetivo imediato é claro e urgente: prevenir mais derramamento de sangue e perda de vidas e tentar garantir acesso humanitário urgente para as áreas mais atingidas”, advertiu.

O chanceler reiterou o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a liberação imediata e incondicional dos civis feitos reféns desde o início da crise e disse que o Brasil trabalha por uma solução que envolva a coexistência de dois estados.

“Reiteramos nosso forte apoio à solução de dois Estados, com os palestinos vivendo lado a lado, em paz e prosperidade, com fronteiras seguras e mutuamente acordadas com Israel”, declarou.

O ministro manifestou a preocupação do governo brasileiro com a determinação de Israel para que a população se retire da parte norte da Faixa de Gaza até a 0h deste sábado (14), 18h de sexta-feira no horário de Brasília.

“Recebemos, com absoluto espanto, as notícias de que as forças israelenses determinaram a saída de mais de 1 milhão de civis da parte norte de Gaza em 24 horas. Como as Nações Unidas já deixaram claro, isso levaria a uma crise humanitária sem precedentes para os civis”, ressaltou.

A aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU exige o voto favorável de pelo menos 9 dos 15 países integrantes do órgão e nenhum veto dos cinco membros permanentes – Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Um texto pode ser aprovado com a abstenção de um desses cinco países, desde que nenhum deles exerça o poder de veto.

São integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto:
Estados Unidos;
China;
Rússia;
França;
e Reino Unido

Fazem parte do conselho rotativo:
Brasil;
Japão;
Malta;
Gabão;
Gana;
Albânia;
Equador;
Moçambique;
Suíça;
e Emirados Árabes Unidos

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