Jornalista morre em ataque israelense na fronteira com o Líbano

Ataque militar atingiu comboio de repórteres identificados como imprensa deixando outros seis profissionais feridos. Tensão com o Hezbollah é a maior desde 2006

Foto: Reprodução Twitter/@LbIssam

O cinegrafista da Reuters Issam Abdallah morreu, nesta sexta (13), durante um ataque a bombas do exército israelense na fronteira com o Líbano. Outros seis jornalistas ficaram feridos.  

As equipes de imprensa estão em Alma ash-Shaab, no sul do Líbano, cobrindo o aumento das tensões com o grupo xiita Hezbollah.

Em nota, a Reuters confirmou o óbito de Abdallah e afirmou que outros dois jornalistas da agência, Thaer Al-Sudani e Maher Nazeh, estão entre os feridos.

“Estamos profundamente tristes de saber que o nosso cinegrafista, Issam Abdallah, foi morto. Estamos buscando urgentemente mais informações, trabalhando com as autoridades da região e apoiando a família e os colegas de Issam”, disse à Reuters em comunicado.

A Al Jazeera disse que o cinegrafista Elie Brakhya e a repórter Carmen Joukhadar estavam entre os feridos.

O repórter Ali Hashem, também da Al Jazeera, disse ter visto o momento do ataque israelense: “o projétil do tanque atingiu diretamente o comboio. Foi horrível.  Não posso explicar, não posso descrever a situação”, relatou. Hashem acrescentou que a equipe de repórteres estava claramente marcada como “imprensa”.

A AFP confirmou que dois de seus repórteres estavam entre os feridos. De acordo com a agência, o bombardeio ocorreu após uma tentativa de infiltração de uma facção palestina na fronteira israelense.

A Associated Press disse que um veículo próximo ficou carbonizado pelo ataque e confirmou a presença de um de seus fotógrafos entre os feridos.

O Sindicato dos Editores de Imprensa do Líbano condenou o “ataque” e descreveu o assassinato de Abdallah como um “crime deliberado”.

Abdallah é o sétimo jornalista morto desde a eclosão da guerra. Na Faixa de Gaza, ao menos seis jornalistas foram assassinados em meio a ofensiva israelenses. Todos eles foram mortos enquanto trabalhavam.

Saeed al-Taweel, Mohammed Subh e Hisham Alnwajha foram mortos em um ataque aéreo na terça (10).

No sábado (7), Ibrahim Mohammad Lafi e Mohammad Jarghoun foram baleados enquanto faziam reportagens e Mohammad el-Salhi foi morto a tiros na fronteira a leste do campo de refugiados de Bureij, no centro da Faixa de Gaza.

Tensões crescentes

Desde o ataque do grupo palestino Hamas ao sul de Israel no último sábado (7), Israel realizou um bombardeio implacável, deixando pelo menos 1.799 pessoas mortas na Faixa de Gaza.

Nesta sexta (13), Israel ordenou a evacuação do norte de Gaza com o objetivo de lançar uma invasão por terra na Faixa de Gaza. Antes, na segunda (9), o país cortou a energia da região deixando os palestinos sem luz (inclusive os hospitais superlotados).

As ações de Israel andam despertando o temor de que o conflito se espalhe pelo Oriente Médio. Grupos armados no sul do Líbano trocaram tiros na fronteira norte de Israel, onde os confrontos desta semana já foram os mais mortais desde 2006.

  

Autor