Brasil defende maior participação decisória de emergentes no FMI

Em cúpula com o FMI e o Banco Mundial, Fernando Haddad condicionou o apoio do Brasil ao aumento de recursos de empréstimo a uma participação proporcional

Diretora Executiva do FMI, Kristalina Georgieva — Foto: Cory Hancock/IMF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embarcou na noite de terça-feira (10) com destino a Marraquexe, no Marrocos, para participar do encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O evento, que começou na última segunda-feira (9) e se estende até sábado (14), terá como foco principal a reforma das instituições financeiras multilaterais. O evento reúne ministros das finanças e chefes de bancos centrais de 189 países. 

Haddad defendeu aumento de participação decisória do Brasil e outros países sub-representados no FMI, como a China. O brasileiro procura avançar na disposição do Brasil em ocupar uma posição de destaque em relação a temas internacionais, agora que preside o G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo.

A reformulação das instituições como FMI e Banco Mundial é o destaque, dado que o Brasil sediará o próximo encontro em 2024 devido à presidência do país no G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo. O ministro Haddad aproveita essa oportunidade para introduzir temas de importância global, como inclusão social, combate à fome, transição energética e desenvolvimento sustentável. Essas questões serão discutidas em meio a tensões geopolíticas mundiais, incluindo o conflito entre Rússia e Ucrânia e o confronto em Israel e na Palestina.

Durante a reunião, vários países expressaram apoio ao apelo dos Estados Unidos para aumentar os recursos de empréstimo de quotas do FMI, sem a necessidade de alterar a participação dos países. Essa proposta, chamada de aumento equi-proporcional, significa que os países contribuiriam com dinheiro proporcionalmente à sua atual participação no FMI. Biden, está buscando apoio parlamentar para desbloquear financiamento, uma medida que a secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirma poder chegar a US$ 27 bilhões. 

O Reino Unido, Gana, Suíça, Finlândia e Bélgica manifestaram apoio a esse modelo de aumento de recursos. O Brasil, representado por Haddad, também expressou apoio a um aumento de cota se fosse acompanhado por um acordo “ad-hoc” que promovesse uma participação mais equitativa para países “claramente sub-representados” no FMI.

As quotas do FMI têm algo a ver com a participação de um país na economia global. São importantes porque ajudam a determinar o poder de voto dentro da instituição e o acesso a financiamento de emergência. Atualmente, o Brasil tem 2,32% das cotas, enquanto a China e a Índia têm 6,4% e 2,75%, respectivamente. Os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido têm 17,43%, 5,59% e 4,23%, respectivamente. A participação da China é vista por muitos analistas como particularmente desproporcional, dada a dimensão da economia do país, a segunda maior do mundo.

A discussão sobre o aumento de recursos do FMI é um dos tópicos importantes na reunião anual, que envolve reformas nas instituições financeiras internacionais. Ajay Banga, o presidente do Banco Mundial que assumiu em junho, enfatizou a necessidade de a instituição se tornar “melhor” e “maior” para enfrentar os desafios globais.

Ele destacou a necessidade de uma “mudança cultural profunda” na instituição, buscando mais eficiência em seus processos internos. Banga também enfatizou a necessidade de um maior poder financeiro para o Banco Mundial, alegando que as atuais medidas em andamento não serão suficientes para os desafios do mundo nas próximas décadas.

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