Em meio a ruídos diplomáticos, Biden quer reunião com Xi Jinping
Os líderes tentarão reiniciar as relações na cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em novembro, dizem funcionários da administração.
Publicado 06/10/2023 14:27 | Editado 09/10/2023 18:22
A Casa Branca está atualmente em processo de planejamento para uma reunião presencial entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping, em São Francisco, Califórnia, em novembro deste ano. Segundo apuração com fontes anônimas do governo pelo Washington Post, esta iniciativa visa estabilizar as relações entre as duas maiores potências mundiais.
Esta reunião entre Biden e Xi Jinping enfrenta vários desafios, desde tensões políticas e econômicas até dificuldades na comunicação e questões políticas internas em ambos os países. A busca por uma retomada construtiva do diálogo entre as duas potências mundiais é um objetivo importante, mas superar esses obstáculos será fundamental para o sucesso do encontro planejado.
Embora o compromisso ainda não tenha sido formalmente anunciado, há um alto grau de confiança entre os funcionários do governo de que a reunião ocorrerá. “Estamos iniciando o processo de planejamento”, afirmou um alto funcionário do governo. Outro funcionário do governo enfatizou que embora Biden deseje se encontrar com Xi, nada foi confirmado até o momento.
Os detalhes específicos da reunião provavelmente serão delineados após a visita do Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, a Washington, nas próximas semanas. A administração Biden está buscando uma maior comunicação e colaboração bilateral entre os EUA e a China para resolver diferenças e construir uma relação mais construtiva.
A Embaixada da China em Washington comentou sobre as comunicações entre os dois países, afirmando que “ambos os lados precisam trabalhar na mesma direção, eliminar obstáculos e gerir as diferenças com ações concretas, e reforçar o diálogo e expandir a cooperação de boa fé.”
Esta reunião presencial representaria o primeiro encontro entre os líderes das duas maiores economias do mundo desde a Cúpula do G-20 em Bali, Indonésia, em novembro passado. Naquela ocasião, Biden e Xi expressaram seu desejo de fortalecer as relações EUA-China e destacaram a importância do diálogo direto.
Banho de água fria
No entanto, as tensões aumentaram nos meses seguintes, com destaque para o abate de um suposto balão espião chinês sobre o território dos Estados Unidos em fevereiro, ordenado por Biden. Essa ação deteriorou ainda mais as relações bilaterais.
Para tentar resolver as divergências, vários altos funcionários da administração Biden viajaram para Pequim nos últimos meses, incluindo o Secretário de Estado, Antony Blinken, a Secretária do Tesouro, Janet L. Yellen, a Secretária do Comércio, Gina Raimondo, e o Enviado Climático, John F. Kerry. Além disso, o Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, realizou conversas construtivas com o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em Malta.
Apesar desses esforços, a comunicação entre líderes militares americanos e chineses permaneceu interrompida, com Xi Jinping acusando Washington de liderar um esforço de contenção contra a China. O presidente Biden também fez comentários reservados que desagradaram a Pequim, chamando Xi de “ditador” e mencionando dificuldades econômicas enfrentadas pela China.
Apesar dos obstáculos, tanto Biden quanto Xi manifestaram o desejo de estabilizar os laços bilaterais. A reunião planejada para novembro na Cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em São Francisco poderia fornecer um cenário importante para uma retomada do diálogo. A ausência de Xi Jinping nesse evento, após sua não participação na Cúpula do G-20 e na Cúpula das Nações em Desenvolvimento, em agosto, poderia criar uma má impressão e daria um argumento para a Casa Branca jogar a hostilidade para o lado oriental.
Funcionários da Casa Branca estão avançando com os planos da reunião, mesmo reconhecendo que quaisquer progressos nas negociações provavelmente serão táticos e temporários, com ambas as partes relutantes em fazer concessões substanciais. Entre os temas esperados para discussão estão a repressão da China a empresas estrangeiras, a liberdade de americanos detidos na China e questões econômicas, incluindo a produção de fentanil, um opioide sintético, com insumos da China.
Enquanto os detalhes continuam a ser trabalhados, a comunidade internacional aguarda com expectativa essa reunião que poderá desempenhar um papel crucial na evolução das relações entre os Estados Unidos e a China, duas potências globais cujas decisões impactam todo o mundo.
A realização de uma reunião entre os líderes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, enfrenta vários obstáculos que podem complicar o encontro planejado para novembro na Califórnia. Confira alguns deles:
- Tensões elevadas: As relações entre os EUA e a China estão marcadas por crescentes tensões, em grande parte devido a questões como o abate de um suposto balão espião chinês sobre o território dos EUA e trocas de declarações controversas entre os líderes.
- Histórico de conflitos: Eventos recentes, como o abate do balão espião chinês, contribuíram para a deterioração das relações bilaterais, dificultando a retomada do diálogo.
- Comunicações interrompidas: As comunicações entre altos oficiais militares dos EUA e seus homólogos chineses permanecem congeladas, apesar das tentativas de retomada do contato, o que dificulta a coordenação em questões de segurança.
- Declarações polêmicas: Declarações públicas feitas, como Biden chamando Xi de “ditador” e mencionando dificuldades econômicas enfrentadas pela China, causaram atrito e podem complicar a reunião.
- Ausências significativas: A ausência de Xi Jinping em importantes eventos internacionais, como a cúpula do G-20 em Nova Delhi, levanta questões sobre sua disponibilidade e disposição para compromissos bilaterais.
- Exclusão de autoridades de Hong Kong: A Casa Branca decidiu impedir a participação do principal funcionário do governo de Hong Kong, John Lee, na reunião, devido a sanções anteriores relacionadas à lei de segurança nacional imposta por Pequim.
- Dificuldades econômicas e políticas internas: Biden enfrenta pressões internas e questões econômicas, o que pode limitar sua disposição para fazer concessões significativas.
- Pressões Externas: A China tem pressionado os EUA para aliviar controles de exportação de tecnologias-chave, enquanto questões como a crise dos opiáceos na América também podem adicionar tensões às negociações.
- Suspensão da Cooperação: A visita da então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, a Taiwan, levou Pequim a congelar a cooperação com os EUA em questões como o combate ao narcotráfico e a aplicação da lei.