CPMI do Golpe vai ouvir general Heleno, ex-ministro do GSI de Bolsonaro
“Trará informações de enorme valia para a condução dos nossos futuros trabalhos na presente comissão”, disse a relatora Eliziane Gama (PSD-MA), referindo-se ao depoimento
Publicado 25/09/2023 16:43 | Editado 26/09/2023 13:29
Na condição de testemunha, o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, vai depor nesta terça-feira (26) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe.
“Trará informações de enorme valia para a condução dos nossos futuros trabalhos na presente comissão”, considerou a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), referindo-se ao depoimento do general.
A defesa de Heleno já ingressou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele não compareça ao depoimento.
Entre os diversos requerimentos de convocação do general, um deles pede explicação sobre as várias visitas ao gabinete do GSI, entre os dias 1º de novembro a 31 dezembro de 2022, de pessoas envolvidas nos atos, incluindo “um dos golpistas presos em flagrante após a invasão às sedes dos Três Poderes”.
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“É imperioso e imprescindível para o desenrolar da fase instrutória e, obviamente, para futuro deslinde das investigações”, afirmou a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), autora de uma das convocações.
“É importante destacar que os atos ocorridos em 08 de janeiro foram o final trágico de uma jornada iniciada muito antes. Durante os últimos quatro anos, os brasileiros acompanharam atônitos as falas de integrantes do poder Executivo que claramente afrontavam o Estado Democrático de Direito”, disse a senadora.
Outra convocação diz que o inquérito que tramita no STF investiga os atos antidemocráticos indica que eles foram previamente arquitetados, planejados e financiados, com vista a alterar o resultado das eleições presidenciais, a partir de outubro de 2022, o que resultou na tentativa de golpe de estado.
“O GSI era chefiado pelo General Augusto Heleno à época, que era a autoridade pública responsável pelo serviço de inteligência e pela segurança do então presidente Jair Bolsonaro”.
Os parlamentares também lembram de uma acusação feita por servidor da Polícia Federal (PF), lotado na Presidência da República, sobre suposto envolvimento do serviço de inteligência do Planalto nos atos de vandalismo ocorridos na data de diplomação do presidente Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O depoimento de Heleno já estava na programação, mas passou a ser considerado fundamental após a divulgação da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Nela, o ex-ajudante contou que o ex-presidente apresentou um plano de golpe para os comandantes das Forças Armadas e outros militares.
“Nunca houve essa conversa no governo do presidente Bolsonaro. Desde o início ele falou que ia jogar nas quatro linhas e nunca houve essa conversa”, disse o general ao O Globo.
Há movimentação também na CPMI para a convocação dos ex-comandantes das Forças Armadas que teriam participado da reunião golpista com Bolsonaro: o almirante Almir Garnier Santos (Marinha), general Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e brigadeiro Carlos Batista (Força Aérea).
Na deleção, Cid disse que na reunião, apenas o almirante Almir Garnier, foi favorável ao plano golpista. Contudo, não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.