Candidata no Equador cobra agilidade em investigação sobre atentado na campanha

Plano de assassinato conhecido desde 30 de agosto, não avança investigação, fazendo com que ativistas fossem ao Ministério Público pressionar contra a obstrução

Luisa, Arauz, parlamentares e simpatizantes do Revolução Cidadã foram até o Ministério Público nesta segunda-feira (Los panas de Luisa&Andrés)

A candidata à Presidência do Equador pelo movimento Revolução Cidadã (RC), Luisa González, apresentou oficialmente na última segunda-feira (18) uma denúncia ao Ministério Público em que cobra agilidade na investigação do plano para atentar contra a sua vida.

Ao lado de Andrés Arauz, seu candidato à vice, de vários parlamentares eleitos, e diante de simpatizantes reunidos frente à sede da instituição, Luisa alertou que embora os fatos sejam conhecidos desde 30 de agosto, precisou ingressar com a denúncia por sentir que o processo não avança. A candidata acusa o governo do presidente Guillermo Lasso e a administração penitenciária de colocarem “obstáculos”, dificultando que os suspeitos sejam ouvidos.

O plano, somado ao assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio em 9 de agosto com três tiros na cabeça fez soar o alerta do RC, fazendo com que Luisa González passasse a usar colete à prova de balas e aceitasse o apoio das Forças Armadas.

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Com 33,61% dos votos, a candidata venceu a eleição presidencial em 20 de agosto, abrindo mais de 10% de votos de vantagem sobre Daniel Noboa, filho do magnata Álvaro, que segue ao segundo turno no próximo 15 de outubro.

Mochila com granadas

É sabido por todos que o autor do ataque, de sobrenome Mancilla, carregava uma mochila com granadas para um comício político onde atentaria contra a vida da candidata do presidente Rafael Correa (2007-2017). “Quando os dois policiais me encontraram, eu lhes disse que as três granadas eram para o ataque à senhorita Luísa”, revelou Mancilla, frisando que graças ao seu alerta a Polícia pôde identificar e deter outro sujeito com uma metralhadora e várias munições com a mesma finalidade.

“Eles ameaçaram minha esposa e minha filha com uma arma de fogo para me dizer que, se eu não cooperasse com a mochila e a deixasse onde tinha que deixá-la, eles iriam matar minha filha e minha esposa”, confessou Mancilla.

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Luisa ressaltou que começou a se proteger mais a partir dos crescentes riscos. “Normalmente não uso colete à prova de balas. E conversamos com minha equipe. Eles disseram: você tem que colocar o colete à prova de balas. Eu falei para eles, mas se for uma bomba, vou voar com colete e tudo”, explicou a candidata no início do mês.

Luisa explicou as razões de ter começado a utilizar colete à prova de balas e exigiu o fim da impunidade, mal que afeta a todos os equatorianos (Los panas de Luisa&Andrés)

Impunidade

“Apresentei uma denúncia que representa não só a necessidade de me salvaguardar, de esclarecer este processo e encontrar os responsáveis ​​por um possível atentado à minha vida, mas também de todos os equatorianos, porque esta é a impunidade com que vivemos. Os processos não se esclarecem nem avançam”, protestou Luisa.

De acordo com a candidata correísta, é esta impunidade que deixa o país mergulhado numa sensação de insegurança, diante do auge da violência do crime organizado nos últimos cinco anos. A taxa de assassinatos aumentou de 5,8 para 25,32 para cada 100 mil habitantes em 2022, a mais alta da história.

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“Eles libertam criminosos que podem fazer o que quiserem com as nossas vidas, porque as nossas vidas seguem em risco. Que o Ministério Público e o Serviço Nacional de Atenção Integral às Pessoas Privadas de Liberdade (SNAI) trabalhem com a celeridade que o caso requer para avançar em direção a um país seguro”, acrescentou.

Ao longo da campanha, o coordenador do Revolução Cidadã e prefeito de La Libertad, Francisco Tamariz, foi vítima de um atentado pela Polícia Nacional do Equador na noite de 18 de agosto, aumentando o clima de terrorismo de Estado às vésperas do primeiro turno. “Tentaram me matar. Se o carro não fosse blindado, irmão equatoriano, eu não estaria aqui.  Seria impossível eu estar falando com você com 30 tiros dirigidos à caminhonete onde estava”, esclareceu.

Apesar das cobranças dos manifestantes, o Ministério Público ainda não se pronunciou sobre as denúncias do seu comportamento.

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