Delação de Mauro Cid acusará Jovem Pan e outros veículos pró-Bolsonaro

O acordo de delação premiada negociado pelo tenente-coronel Mauro Cid inclui uma pauta que não estava no radar das investigações, mas que dará muita dor de cabeça para o bolsonarismo. Ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Cid vai dar detalhes da promíscua relação entre o governo Jair Bolsonaro e a Jovem Pan.

Parcerias com outros veículos “chapa branca” também serão devassados, mas a Jovem Pan é prioridade seja pelo volume de recursos pagos pelo governo, seja pela audiência que a emissora conquistou nos anos Bolsonaro. Foram cerca de R$ 18,8 milhões em contratos da gestão federal com a rede – e aqui só estão contabilizadas verbas da Secom (Secretaria de Comunicação Social).

Segundo o F5, que divulgou a informação com exclusividade, Cid foi um dos interlocutores do ex-presidente que gozou de mais proximidade com a Jovem Pan. Ele próprio chegou a “marcar entrevistas com a Jovem Pan”, além de ter entrado permanentemente em “contato direto com comentaristas e repórteres da emissora para alinhamento de discurso”,

Já é público e notório que a emissora contratou um time de jornalistas e comentaristas alinhados à gestão bolsonarista, parecendo, muitas vezes, o próprio canal oficial do governo. O programa Pânico, em particular, foi usado por Bolsonaro até na campanha eleitoral para fazer promoção pessoal, com perguntas encomendadas e tratamento diferenciado ao então candidato à reeleição.

O interesse maior das investigações é usar essas provas para subsidiar o inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as fake news do governo Bolsonaro. De acordo com o F5, Cid vai expor “a relação financeira com empresários, jornalistas e donos de órgãos de imprensa ligados à extrema-direita”. O militar terá de comprovar que o ex-presidente fez pagamentos irregulares para que essas pessoas promovessem sua administração.