43º Congresso da UEE-SP elege Bianca Borges presidenta
Natural de Praia Grande, a estudante de Relações Internacionais assume o comando da resistência estudantil contra políticas neoliberais no governo de Tarcísio de Freitas
Publicado 14/09/2023 14:59 | Editado 15/09/2023 17:01
O 43º Congresso da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) realizado na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) entre os dias 8 e 10 de setembro de 2023 não apenas elegeu uma nova liderança, mas também definiu uma postura firme na luta contra as políticas “neoliberais e destrutivas” do governo de Tarcísio de Freitas para o estado. Entre os principais destaques do evento está a eleição de Bianca Borges como presidenta da entidade.
Bianca Borges, uma estudante de 23 anos, emerge como uma líder promissora no cenário do movimento estudantil. Ela liderou a Chapa 3, intitulada “Unidade e Coragem para Derrotar o Fascismo e construir uma São Paulo dos nossos sonhos,” conquistando uma esmagadora maioria de 76,3% dos votos na plenária final. Esse resultado reflete a confiança dos estudantes paulistas em sua capacidade de liderança. As outras chapas, Chapa 1 “Oposição Unificada” e Chapa 2 “Juventude sem Medo,” receberam 20% e 3,83% dos votos, respectivamente.
A nova presidenta da UEE-SP, que também é graduada em Direito pela Universidade de São Paulo, é uma figura amplamente respeitada no movimento estudantil. Bianca nasceu na Baixada Santista, na cidade de Praia Grande, e, após sua primeira graduação, mudou-se para a capital em busca de sua formação em Relações Internacionais na Universidade Anhembi Morumbi.
Sua experiência no ativismo estudantil inclui a direção do Centro Acadêmico XI de Agosto e do Diretório Central dos Estudantes Alexandre Vannucchi Leme, a entidade máxima da USP. Além disso, Borges é fluente em inglês e espanhol, tendo atuado na pasta de Relações Internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 2019 e 2021. Recentemente, serviu como secretária executiva da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE) de 2021 a 2023.
A eleição de Bianca Borges marca um ponto crucial na história da UEE-SP, uma vez que ela assume a liderança em um momento desafiador para os estudantes de São Paulo. Além de buscar fortalecer as bases do movimento estudantil por meio de visitas às universidades paulistas, sua gestão tem como prioridades mobilizar a resistência contra o desmonte da educação, defender a assistência estudantil, promover a ampliação das universidades e lutar pela regulamentação do ensino superior privado.
Para Bianca Borges, o Congresso da UEE-SP “foi apenas o pontapé de um novo ciclo de organização dos estudantes. Diante do governo de Tarcísio de Freitas, que com seu caráter obscurantista ataca a educação, além do avanço da precarização do ensino superior privado, a missão da gestão da entidade eleita é rodar o Estado de São Paulo, relançar uma caravana e construir um grande seminário de educação para formular saídas a esses desafios a partir das mãos dos estudantes”, disse.
O evento, que reuniu em São Carlos cerca de 800 estudantes representando a maioria das universidades e faculdades de São Paulo, teve como objetivo central eleger a nova direção da entidade, que desempenhará um papel crucial na representação dos estudantes paulistas no próximo biênio (2023-2025), bem como aprovar as diretrizes e resoluções que guiarão o trabalho da entidade. Ao longo de três dias de atividades foram realizados debates sobre educação, saúde mental, conjuntura política, atividades esportivas e culturais.
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Carta de São Carlos
No entanto, a eleição de Bianca Borges é apenas uma parte da história. O 43º Congresso da UEE-SP também foi marcado pela adoção da “Carta de São Carlos,” que delineou a posição da entidade em relação às políticas do governo Tarcísio de Freitas.
A Carta de São Carlos destaca a resistência dos estudantes e trabalhadores das empresas públicas ameaçadas de privatização, incluindo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e diversas linhas da Companhia Paulista de Transporte Metropolitana (CPTM) e Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). Os estudantes se comprometem a apoiar esses trabalhadores em suas paralisações, greves e atos contra as privatizações.
Além disso, a Carta expressa preocupação com o impacto da reforma tributária no estado de São Paulo, que poderia afetar o financiamento das universidades estaduais. A possibilidade de cobrança de mensalidades nas nessas universidades também é mencionada, ressaltando a importância de manter o caráter público dessas instituições.
Outro ponto abordado na carta foi a violência policial contra a juventude negra e periférica de São Paulo, com referência às recentes chacinas promovidas pela polícia militar no estado. O governo de Tarcísio de Freitas foi criticado por seguir uma política que, segundo a carta, promove o “extermínio e destruição.”
O congresso também destacou a recusa do governo estadual em aceitar livros didáticos do Ministério da Educação (MEC), optando pela digitalização do sistema de ensino. A circulação de materiais com informações consideradas falsas sobre a história de São Paulo foi amplamente condenada.
Neste contexto, Bianca Borges e os estudantes reunidos no Congresso saem com o compromisso de liderar a resistência ao governo de Tarcísio de Freitas e seu projeto bolsonarista. Eles se unem para construir um calendário de mobilizações e não pretendem recuar até que as políticas de desmonte sejam derrotadas.
Leia a íntegra da carta aqui.
Confira as resoluções aprovadas no 43º Conuee, abaixo.
Minuta da Resolução de Educação