Além dos padres, quem mais irá às ruas da Argentina contra Milei?

Os movimentos sociais ainda não saíram às ruas para denunciar o risco de vitória do ultradireitista Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina. Mas padres e bispos com trabalhos em bairros pobres de Buenos Aires podem detonar a mobilização.

Nesta terça-feira (5), uma missa comunitária em solidariedade ao papa Francisco – e em protesto contra o discurso reacionário de Milei – reuniu dezenas desses padres. Além dos religiosos, o ato, realizado em frente à Paróquia da Virgem dos Milares de Caacupé, no bairro de Barracas, contou com mais de mil fiéis católicos.

“Esta missa é para rejeitar injúrias e em apoio ao papa. É indigno de um candidato dizer ‘a merda da justiça social’ quando parte do Evangelho, da doutrina social da igreja – é o amor ao próximo”, declarou o sacerdote José “Pepe” Di Paola, ex-auxiliar de Francisco. Enquanto fiéis mostravam fotos do chefe da Igreja Católica, os padres levaram uma faixa com a mensagem “Em solidariedade ao papa e aos pobres”.

Maior líder progressista nos dias atuais, Francisco, de 86 anos, é alvo de ataques do candidato da extrema-direita à Presidência da Argentina. O pontífice já foi chamado de “imbecil que defende a justiça social”, “filho da puta pregando o comunismo” e “o representante do maligno na Terra”, além de “personagem inapresentável e nefasto”.

Os insultos a Francisco eram constantes até nas entrevistas de Milei à imprensa. Mas, com o favoritismo do extremista na campanha eleitoral, assessores de sua campanha têm orientado o candidato a moderar no discurso. O sacerdote Di Paola chegou a dizer, na missa, que a “pregação” de Milei “vai contra nossa fé e o humanismo”. Di Paola é coordenador dos Lares de Cristo e membro da equipe de sacerdotes das favelas e dos bairros populares.