41,8% dos jogadores negros já sofreram racismo no Brasil, diz estudo

Relatório produzido pelo Observatório da Discriminação Racial revela que um entre 10 profissionais já foram ofendidos dentro ce centros de treinamentos e concentrações

Foto: Daniel Ramalho/Vasco

No futebol brasileiro, cerca de 41,8% dos jogadores ou trabalhadores negros disseram ter sido vítimas de racismo durante o exercício da atividade esportiva. O dado foi divulgado numa pesquisa inédita realizada pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Nike.

A pesquisa escutou 508 profissionais do futebol brasileiro e abordou questões relacionadas a raça, religião, orientação sexual e origem.

Os dados foram coletados entre os meses de julho e agosto, com profissionais atuantes nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro masculino, além das Séries A1 e A2 do feminino.

Segundo o levantamento, 53,9% das profissionais sofreram ofensas oriundas de torcidas em estádio e 31% nas redes sociais. Cerca de 11,4% dos entrevistados também alegaram ter sofrido ataques dentro de centros de treinamentos e concentrações.

Aproximadamente 4,23% dos entrevistados declararam não ter religião específica, enquanto 5,08% se identificaram com candomblé e umbanda. O levantamento então destacou uma estatística preocupante: apenas 2,75% dos praticantes dessas religiões de origem de matriz africana sentem que suas crenças são respeitadas no contexto do futebol.

Diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho afirma que o futebol brasileiro não é um ambiente livre de racismo. “Nós precisamos expandir nosso olhar para todos os atos discriminatórios e foi justamente isso que buscamos com esse primeiro passo. Os dados desse levantamento certificam nossa desconfiança de que o futebol brasileiro está longe de ser um local democrático e com respeito às diferenças”, comentou.

Já o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, prometeu ações para reduzir os índices de ofensas racistas no esporte. “Vamos trabalhar ainda mais para excluir estas e outras práticas discriminatórias do futebol, seja dentro ou fora dos campos. Não podemos tolerar o racismo, o medo e a discriminação”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, citado em uma nota.

A CBF ampliou as penas pelos atos discriminatórios no futebol, com sanções que vão desde multas até a possibilidade de as equipes perderem pontos.

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