Há indícios de lavagem de dinheiro e conta de Bolsonaro no exterior
Após depoimentos e confirmações, PF deve pedir quebra de sigilo em banco nos EUA, que pode ter movimentado dinheiro das joias roubadas do acervo da Presidência
Publicado 15/08/2023 18:05 | Editado 16/08/2023 17:10
A Polícia Federal encontrou indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem uma conta em um banco localizado no estado norte-americano da Flórida. Os investigadores já confirmaram a existência de uma conta ligada a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
As suspeitas surgiram durante análise do material encontrado nos celulares de Bolsonaro e Mauro Cid, seu ajudante de ordens. Na semana passada, a TV Globo revelou que a perícia no celular do tenente-coronel identificou conversas sobre remessas de dinheiro ao exterior.
Em áudio enviado para Marcelo Camara, então assessor de Bolsonaro, Cid diz: “Tem 25 mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente […] E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta […]. Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né?”
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De acordo com a emissora, também há mensagens trocadas entre Cid e o suposto operador de sua conta nos Estados Unidos. A suspeita é de que uma conta ligada a Bolsonaro tenha sido criada na BB Americas, subsidiária internacional do Banco do Brasil, na Flórida, mesma instituição em que Mauro Cid possui conta.
Investigação da PF também suspeita que a conta do pai de Mauro Cid, Mauro César Lourena Cid, teria sido usada para recebimento de valores relativos a vendas de presentes de alto valor de autoridades árabes.
Cooperação Internacional
Se os investigadores confirmarem a suspeita, a PF pedirá esclarecimentos aos envolvidos, quando poderá ser solicitado ao Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), a quebra de sigilo.
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Se a conta não tiver sido declarada ao fisco no Brasil, a PF inicia uma investigação sobre possível lavagem de dinheiro. No decorrer deste processo, o ex-presidente pode ser chamado a se explicar.
Há evidências de que Bolsonaro utilizou-se do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República para transferir os objetivos para si e também o avião presidencial para burlar controle de alfândega. A investigação “identificou que esse modus operandi foi utilizado para retirar do país pelo menos quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-Presidente da República em viagens internacionais, na condição de chefe de Estado”, aponta o relatório.
“As mensagens evidenciam que, além da existência de um esquema de peculato para desviar ao acervo privado do ex-Presidente da República, Jair Bolsonaro, os presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-Presidente, Marcelo Camara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais da venda dos bens no exterior”, acrescenta relatório da PF.
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Vacinação falsificada
Bolsonaro deve prestar depoimento à PF nesta terça-feira (16) no inquérito que mira o esquema de falsificação de dados sobre vacinação. Ele foi intimado a depor na semana passada, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão em sua residência em Brasília. Mauro Cid será chamado para depor na quinta feira (18) e a mulher dele, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, na sexta feira (19).
Cid foi preso na semana retrasada durante uma operação da Polícia Federal contra supostas adulterações em carteiras de vacinação, incluindo a do ex-presidente. Agentes também apreenderam 35 mil dólares e 16 mil reais em dinheiro vivo na casa do militar, em Brasília. A acusação é de que ele faz parte de uma organização criminosa que fraudava certificados de imunização para driblar legislações do Brasil e dos Estados Unidos.