Movimento Candelária Nunca Mais lembra dos 30 anos da Chacina

Atos no Rio de Janeiro homenageiam as vítimas da Chacina da Candelária e pedem para que situação não se repita

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

No dia 23 de julho de 1993, oito jovens foram assassinados próximo à igreja da Candelária, no centro da cidade do Rio de Janeiro, situação que ficou conhecida como Chacina da Candelária.

Na manhã dessa segunda-feira (24), uma lavagem simbólica dos degraus que levam à igreja foi realizada como protesto em memória do acontecimento.

Pinturas na calçada lembravam os corpos dos jovens, vítimas da violência policial. Ao lado das pinturas uma cruz e os nomes dos mortos. A motivação do crime: os garotos haviam atirado pedras em uma viatura da Polícia Militar no dia anterior.

Nos protestos para não deixar cair em esquecimento o ato bárbaro, mais de 20 adolescentes do grupo de percussão Casa do Menor São Miguel Arcanjo, de Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio, tocaram seus instrumentos em apoio aos familiares das vítimas.

Já no interior da igreja foi celebrada uma missa e feito um ato inter-religioso.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Como informa a Agência Brasil, as homenagens foram organizadas pelo Movimento Candelária Nunca Mais. Fátima Silva, uma das fundadoras da organização não governamental, disse que o movimento vai além de pedir justiça pelos oito assassinados: “A gente tem hoje crianças morrendo antes de criar seus sonhos, crianças que nem chegam a dez anos de idade. A gente quer avanço nas políticas públicas, protagonismo, que as crianças e adolescentes possam viver em paz nas suas comunidades.”

Pelos crimes foram condenados os PMs Nelson Oliveira dos Santos, Marco Aurélio Dias de Alcântara e Marcus Vinícius Emmanuel Borges (reformado). Todos tiveram condenação por mais de 200 anos. Santos cumpriu a pena até o máximo que lei permite e saiu da prisão em 2008, ou outros dois recebem indultos, em 2011, Alcântara, e 2012, Borges.

Na ocasião o jovem Wagner dos Santos conseguiu se salvar mesmo recebendo quatro tiros dos policiais. Ele se recuperou e foi peça fundamental como testemunha. Passou a viver fora do Brasil para se proteger de represálias.

Marielle presente

A advogada Marinete da Silva, mãe da vereadora carioca Marielle Franco – assassinada a tiros em março de 2018 – esteve presente na missa e lembrou que a filha participou, por vários anos, do Movimento Candelária Nunca Mais.

No mesmo dia o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, foi preso como parte da primeira etapa da investigação sobre os assassinatos de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Ao final da missa uma caminhada pelo centro da cidade encerrou os atos. Os participantes empunhavam faixas em memória dos 30 anos da Chacina da Candelária, assim como cartazes pedindo respeito aos direitos humanos e aos direitos das crianças e adolescentes.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

*Informações Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva.

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