A demissão do embaixador ucraniano e algumas conjecturas

Mais: Putin – Polônia quer ocupar parte da Ucrânia / Indicadores preveem recessão nos EUA / China e Rússia iniciam exercício militar conjunto, entre outras notas.

Zelensky dando posse a Vadym Prystaiko em agosto de 2019 como Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia

Agências de notícias informam que o presidente ucraniano Vladimir Zelensky demitiu, nesta sexta-feira (21), o embaixador da Ucrânia no Reino Unido, Vadym Prystaiko. Prystaiko, que já havia sido afastado do cargo de representante da Ucrânia na Organização Marítima Internacional, não é um personagem qualquer. Experiente diplomata de carreira, logo no início do mandato de Zelensky, em 2019, ele foi o escolhido para ser Ministro das Relações Exteriores, posto que ocupou durante oito meses. O último ato deste pequeno drama que fez cair em desgraça o prestigiado diplomata pode ser resumido assim: durante a Cúpula da OTAN (11 e 12/7), o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, reclamou que os ucranianos não mostravam gratidão suficiente pelo apoio que estavam recebendo em dinheiro e armas. Zelensky ironizou afirmando que a partir de então iria ligar todo dia de manhã para Ben Wallace, agradecendo. É claro que tal resposta não repercutiu bem na Inglaterra, e ao ser cobrado sobre isso o embaixador ucraniano criticou Zelensky: “Não acredito que esse sarcasmo seja saudável“. O acontecimento permite algumas conjecturas. É lícito imaginar, por exemplo, que a suposta “falta de gratidão” vem do fato de que Zelensky, em março de 2022, estava pronto a assinar um acordo de paz com a Rússia, quando o então primeiro-ministro britânico Boris Johnson, instado pelos EUA, lhe pressionou a continuar lutando pois contaria com total apoio de Washington, da União Europeia e da OTAN. Assim, Zelensky, ao exigir cada vez mais armas e dinheiro está, antes de tudo, cobrando a promissória que lhe deram. Quando o presidente ucraniano se deita à noite depois de ser informado do número de baixas em suas tropas, podemos supor que talvez tenha dificuldade para dormir. Não é o som de bombas explodindo em Kiev – evento que ocorre com certa frequência – que o incomoda, mas um pensamento recorrente: “será que eu tomei a decisão certa em março de 2022?”, e aos poucos uma profunda irritação contra tudo e contra todos vai se apoderando do cada vez mais inseguro e irascível ex-comediante. Quanto ao diplomata demitido, o caso é que um embaixador NUNCA critica, em público, o presidente do seu país, muito menos em tempo de guerra, a não ser que exista, nos círculos de poder em Kiev, um ambiente crítico fervilhando, pronto a entrar em ebulição.

Putin denuncia planos da Polônia de ocupar a parte ocidental da Ucrânia

Durante reunião do Conselho de Segurança da Federação Russa, realizada nesta quinta-feira (20), Sergey Naryshkin, diretor do Serviço de Inteligência, informou sobre movimentações de tropas polonesas próximas à fronteira com a Ucrânia e com a Bielorrússia, relatam agências de notícias. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, em matéria assinada por Igor Gielow, Naryshkin teria afirmado que “o Ocidente começou a entender que a derrota da Ucrânia é questão de tempo. Nesse sentido, a liderança polonesa intensifica a intenção de controlar os territórios ocidentais da Ucrânia, destacando suas tropas para lá“. Intervindo sobre este assunto, Putin declarou que “eles [os líderes poloneses] provavelmente esperam formar um tipo de coalizão sob o guarda-chuva da Otan e intervir no conflito da Ucrânia, para cortar um pedaço mais gordo para eles, ganhar de volta, como acreditam, seus territórios históricos, a atual Ucrânia ocidental“. Putin advertiu que consideraria qualquer ataque à Bielorrússia como um ataque contra a própria Rússia e seriam usados todos os meios disponíveis para resposta. Lembramos que Moscou recentemente deslocou armas nucleares táticas para o território de Belarus. Nesta mesma reunião do Conselho de Segurança, aponta a agência TASS, Putin mencionou as enormes perdas do exército ucraniano, o esgotamento dos arsenais ocidentais e uma mudança no humor do público na Ucrânia e na Europa como consequências da tão alardeada contraofensiva de Kiev que não produziu resultados. “É óbvio hoje que os manipuladores ocidentais do regime de Kiev estão claramente desapontados com os resultados da chamada contraofensiva alardeada ruidosamente pelas atuais autoridades ucranianas nos meses anteriores (…) Não há resultados, pelo menos por enquanto. Nem os enormes recursos injetados no regime de Kiev, nem as entregas de armas ocidentais – tanques, artilharia, blindados e mísseis – nem milhares de mercenários estrangeiros enviados para lá e usados ​​mais ativamente em tentativas de romper a frente de nosso exército são de alguma ajuda“, disse o líder russo, que elogiou muito o comando na zona da operação militar especial na Ucrânia. “O comando da operação militar especial atua profissionalmente. Nossos soldados e oficiais, unidades e formações cumprem seu dever para com sua pátria com coragem, perseverança e heroísmo“, enfatizou Putin.

Novos indicadores voltam a prever recessão em breve nos EUA

Elk Point, Dakota do Sul, EUA / Foto: REUTERS-Ryan Henriksen/Foto de arquivo

Um índice projetado para rastrear mudanças nos ciclos de negócios dos Estados Unidos caiu pelo 15º mês consecutivo em junho, puxado para baixo por um enfraquecimento das perspectivas do consumidor e aumento do desemprego, marcando a mais longa sequência de quedas desde o período que antecedeu a recessão de 2007-2009. O “Conference Board” informou, nesta quinta-feira, que seu “Leading Economic Index”, uma medida que antecipa a atividade econômica futura, caiu 0,7% em junho após uma queda revisada de 0,6% em maio. “Em conjunto, os dados de junho sugerem que a atividade econômica continuará desacelerando nos próximos meses”, disse Justyna Zabinska-La Monica, gerente sênior de indicadores de ciclo de negócios do “The Conference Board”, em comunicado. O “Conference Board” reiterou sua previsão de que a economia dos EUA provavelmente estará em recessão do atual terceiro trimestre até o primeiro trimestre de 2024. “Preços elevados, política monetária mais rígida, crédito mais difícil de obter e gastos governamentais reduzidos devem prejudicar ainda mais o crescimento econômico“, disse Zabinska-La Monica. Fonte: Reuters, artigo de Safiyah Riddle.

China e Rússia iniciam exercício militar conjunto no Mar do Japão, em meio ao “aumento das tensões”

A agência EFE informa que os exercícios navais sino-russos “North/Interaction-2023” começaram nesta quinta-feira nas águas do Mar do Japão, informou a Frota do Pacífico da Marinha Russa. “De acordo com o programa de cooperação internacional, os exercícios navais conjuntos russo-chineses ocorrerão de 20 a 23 de julho nas águas do Mar do Japão“, disse o comunicado naval. A Rússia é representada nos exercícios por dois contratorpedeiros caçadores de submarinos e por duas corvetas. A esquadra russa é comandada pelo contra-almirante Valeri Kazakov, comandante da flotilha Primorye, que faz parte da Frota do Pacífico. Quatro navios de guerra e um navio de apoio da Marinha do Exército de Libertação do Povo Chinês estão participando dos exercícios do lado chinês. “O principal objetivo desses exercícios é fortalecer a cooperação naval entre a Federação Russa e a República Popular da China, bem como apoiar a estabilidade e a paz na região da Ásia-Pacífico“, enfatizou a Frota do Pacífico em seu comunicado. A agência Xinhua, reportou que, na opinião de especialistas “os exercícios de quatro dias fortalecerão a cooperação militar dos dois países e contribuirão para salvaguardar a paz e a estabilidade na Ásia-Pacífico em meio a tensões e ameaças potenciais na região”. Com o objetivo da salvaguarda de rotas marítimas estratégicas, serão realizados procedimentos básicos de combate contra alvos aéreos, de superfície e submarinos, aponta o Global Times, citando Li Yaqiang, especialista naval chinês. Com a participação das principais forças navais e de aviação de ambos os lados, o exercício deve ser considerado de grande escala, disse Li. A agência Xinhua informa ainda que os exercícios conjuntos sino-russos estão ocorrendo num momento em que as tensões estão aumentando na região da Ásia-Pacífico. O Japão tem interferido na questão chinesa de Taiwan, alegando que “uma emergência de Taiwan é uma emergência japonesa“, enquanto os EUA teriam enviado um submarino com armas nucleares para a Coreia do Sul na terça-feira (18) pela primeira vez em quatro décadas numa tentativa de intimidar a Coreia Popular.

Maior produtor mundial, Índia corta 50% da exportação de arroz, Brasil não será afetado, opina especialista

Cultivo de arroz na Índia: país restringe exportações / Foto: Getty Images

A agência Reuters informa que a Índia ordenou, nesta quinta-feira, a suspensão de sua maior categoria de exportação de arroz, uma medida que reduzirá pela metade os embarques do maior exportador mundial do grão, provocando temores de mais inflação nos mercados globais de alimentos. A Índia responde por mais de 40% das exportações mundiais de arroz, e os baixos estoques de outros exportadores significam que qualquer corte nos embarques pode inflar os preços dos alimentos, já impulsionados pelo conflito na Ucrânia. O primeiro-ministro Narendra Modi resolveu tomar a medida depois que o preço do arroz no país disparou, prejudicando o consumo interno de um item fundamental na dieta indiana. Luciano Rezende Moreira, engenheiro agrônomo e Professor Doutor do Instituto Federal de Brasília, consultado por esta Súmula, opinou que uma possível crise causada pela decisão indiana terá muito pouco impacto, positivo ou negativo, no Brasil, mesmo em relação à exportação desta commodity. “A soja e o milho respondem por 90% de toda a produção de grãos brasileira. Grande parte do arroz que produzimos é direcionado para o mercado interno. Além disso, o arroz que é produzido na Índia é diferente do arroz que tem a predileção do brasileiro. De qualquer maneira, a Índia está de parabéns por se preocupar com a soberania alimentar do seu país, ao contrário do que aconteceu no governo Bolsonaro, quando assistimos a uma escalada dos preços porque não houve uma intervenção do Estado. O que estamos assistindo na Índia é uma justa e necessária intervenção do Estado nacional indiano. A fome no Brasil é, em grande medida, oriunda da falta de uma política de preços, de estoques reguladores e de regulação das exportações”.

UNESCO preocupada com “utilização conjunta e descontrolada das neurotecnologias e da inteligência artificial”

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) alertou nesta quinta-feira para os perigos da utilização conjunta e descontrolada das neurotecnologias e da inteligência artificial (IA), na Conferência Internacional sobre a Ética da Neurotecnologia, realizada em Paris. Além disso, anunciou que desenvolveria uma estrutura ética para proteger os direitos humanos e a integridade mental dos usuários. A UNESCO especifica que a neurotecnologia, “como uma das tecnologias mais promissoras do nosso tempo“, está fornecendo novos tratamentos para milhões de pessoas que sofrem de doenças neurológicas e mentais, além de transformar outros aspectos da vida humana, “desde o aprendizado e a cognição dos alunos até sistemas de realidade virtual e entretenimento“. No entanto, é preciso estar “atento aos novos desafios que surgem do rápido e desregulado desenvolvimento e implantação dessa tecnologia inovadora, incluindo, entre outros, riscos à integridade mental, dignidade humana, identidade pessoal, autonomia, justiça, equidade e privacidade mental“, afirmou a agência. “Estamos caminhando para um mundo em que os algoritmos nos permitirão decodificar os processos mentais das pessoas e manipular diretamente os mecanismos cerebrais que fundamentam suas intenções, emoções e decisões”, disse a vice-diretora-geral de Ciências Sociais e Humanas da UNESCO, Gabriela Ramos, no âmbito da conferência. A especialista aponta para o perigo de uma utilização descontrolada das neurotecnologias na sua convergência com a inteligência artificial, que é “de grande alcance e potencialmente prejudicial”. “Coisas que antes pareciam ficção científica, como mapear pensamentos, acessar nossas memórias ou gerenciar dispositivos com nossas mentes, estão perto de acontecer”, disse a subsecretária de Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, Carolina Gainza, que estava na lista de convidados da conferência. Por outro lado, a secretária de Estado de Digitalização e IA da Espanha, Carme Artigas, defendeu a criação de uma agência supranacional para a neurotecnologia, assim como existe para a energia atômica. A vontade do órgão de regulamentar a neurotecnologia e a IA chega em um momento chave para o setor. Das pouco mais de 400 patentes anuais registradas em 2010, foram mais de 1.500 em 2020. O magnata americano Elon Musk, que apresentou esta semana a sua mais recente empresa de IA, obteve autorização das autoridades norte-americanas em maio deste ano para realizar ensaios clínicos de implantes cerebrais com a sua empresa Neuralink. Outro exemplo vem da China, onde um computador foi conectado com sucesso ao cérebro de um macaco. Fonte: RT.

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