Lula propõe ‘Parlamento Amazônico’ e desmatamento zero até 2030
Em reunião na Colômbia, Lula se encontrou com presidente Gustavo Petro; encontro antecede Cúpula da Amazônia com países da OTCA em agosto, no Pará
Publicado 08/07/2023 18:32 | Editado 10/07/2023 18:39
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou, neste sábado (8), no encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, na cidade amazônica de Letícia, na Colômbia – tríplice fronteira com Brasil e Peru. O evento foi organizado pelo governo da Colombiano, do presidente Gustavo Petro.
O encontro bilateral entre os dois líderes antecede em um mês a Cúpula da Amazônia, marcada para 8 de agosto, em Belém, no Pará, ocasião em que se reunirão os líderes dos países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
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No encontro com Petro, o presidente brasileiro enumerou uma série de propostas e expectativas sobre o fortalecimento da cooperação entre os países amazônicos, incluindo a criação de um Fórum de Cidades Amazônicas e um Parlamento Amazônico.
“É preciso valorizar o papel dos prefeitos, governadores e parlamentares. Não se faz política pública sem participação de quem conhece o território. Para isso, queremos formalizar o Foro de Cidades Amazônicas e o Parlamento Amazônico”, disse Lula.
Zerar desmatamento
O presidente ainda anunciou a criação do Observatório Regional da Amazônia, que vai sistematizar e monitorar dados de todos os países para orientar políticas públicas, além de produzir, em tempo real, boletins e alertas sobre secas, cheias, chuvas, incêndios e contaminação das águas. Além disso, propôs a criação de comitê de especialistas da Amazônia, inspirado no Painel Intergovernamental Sobre Mudança do Clima (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), para, segundo ele, “gerar conhecimento e produzir recomendações baseadas na ciência”.
No encontro Lula ainda propôs que os países da região amazônica se juntassem para unificar a proposta de zerar o desmatamento na floresta até 2030. “Meu governo vai zerar o desmatamento ilegal até 2030. Esse é um compromisso que os países amazônicos podem assumir juntos na Cúpula de Belém”.
Governança internacional
Em outro ponto do discurso, Lula criticou os atuais espaços de governança global e reivindicou maior protagonismo para os países com vastas extensões florestais.
“Quem tem as maiores reservas florestais e a maior biodiversidade merece maior representatividade. É inexplicável que mecanismos internacionais de financiamento, como o Fundo Global para o Meio Ambiente, que nasceu no Banco Mundial, reproduzam a lógica excludente das instituições de Bretton Woods. Brasil, Colômbia e Equador são obrigados a dividir uma cadeira do conselho do Fundo, enquanto países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália e Suécia, ocupam cada um seu próprio assento. Em outros foros, nossa visão também precisa ser levada em conta”, argumentou.
A questão da Amazônia estará no centro das atenções geopolíticas pelos próximos anos, culminando na realização da Conferência das Nações Unidas Sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em 2025, na capital paraense. Pela primeira vez, o principal evento das Organização das Nações Unidas (ONU) sobre questões ambientais será realizado no bioma de floresta tropical. O presidente também sugeriu que na edição deste ano da conferência climática, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, os países que compõem a Amazônia sul-americana levem posições conjuntas questões ambientais.
Confira como foi o encontro:
*Texto Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva