Raul Araújo é o primeiro a votar em sessão que pode condenar Bolsonaro
Ministro pressionado pelo bolsonarismo já deu sinalização de que não pedirá vistas. Em 2022, Raul Araújo proibiu manifestações políticas no festival de música Lollapalooza.
Publicado 29/06/2023 08:17 | Editado 29/06/2023 11:41
O Tribunal Superior Eleitoral retoma nesta quinta (29) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A expectativa é de que o julgamento termine hoje, mas sessão foi reservada para esta sexta (29).
Bolsonaro é réu no TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao atacar o processo eleitoral brasileiro em reunião com embaixadores, no Palácio da Alvorada, em junho de 2022.
Na ocasião, Bolsonaro chegou a atacar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo o ex-presidente, não acatavam sugestões sobre das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas. O encontro chegou a ser transmitido pela TV Brasil, da EBC, uma emissora pública.
A sessão começa com o voto do ministro Raul Araújo, considerado um dos mais conservadores da corte. A expectativa da defesa dos réus é que o ministro interceda a favor do ex-presidente. Raul Araújo tem perfil ideológico alinhado ao bolsonarismo e responsável por proibir manifestações políticas no festival Lollapalooza, no ano passado
Ainda se fala sobre um eventual pedido de vista de Raul Araújo, mas a possibilidade é considerada pouco efetiva, uma vez que o voto do relator, ministro Benedito Gonçalves, nesta terça (27) foi avaliado como destruidor para Jair Bolsonaro.
No entanto, a pressão para que o ministro faça o pedido de vista é grande do lado do bolsonarismo. “O primeiro a votar depois do relator é o ministro Raul, conhecido por ser um jurista que tem bastante apego à lei, apesar de estar num tribunal político. Há possibilidade de pedir vista. É bom porque ajuda a gente a clarear os fatos”, afirmou Bolsonaro, na semana passada à uma rádio gaúcha.
Apesar da pressão, Raul Araújo deu sinalizações de que não optará pelo pedido de vistas. A manifestação foi feita após o extenso voto do relator, na terça, quando o presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes, consultou se Araújo preferia se manifestar naquele momento na sessão seguinte.
O ministro respondeu que “talvez na quinta-feira fosse mais adequado”, indicando que não pedirá o adiantamento do voto. Depois do ministro, votam Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia (vice-presidente do TSE), Nunes Marques e, por último, Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal.