Como o Desenrola Brasil pode ajudar cerca de 70 milhões de pessoas?
Programa de renegociação de dívidas será lançado no segundo semestre e vai auxiliar brasileiros a limparem seus nomes
Publicado 22/06/2023 18:14 | Editado 23/06/2023 15:43
Programado para ser lançado no início do segundo semestre, o Desenrola Brasil pode beneficiar até 70 milhões de brasileiros nas duas faixas de atuação estabelecidas.
O programa do governo federal será voltado para quem possui dívidas até R$ 5 mil e estavam com os nomes negativados em 31 de dezembro de 2022.
No dia 6 de maio foi publicado no Diário Oficial da União a Medida Provisória (MP) 1.176/2023 que instituiu o Desenrola, após ser assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a presença do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Entre os benefícios, o Desenrola vai permitir:
– tirar pessoas do cadastro de negativados;
– descontos nas dívidas e juros baixos para pagamento;
-parcelamento das dívidas em até 60 vezes.
Serão duas faixas contempladas. A primeira para pessoas que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.640,00) ou que estejam inscritas no CadÚnico. A segunda faixa é para pessoas com dívidas nos bancos.
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Estimativa do governo aponta que a Faixa I visa atingir 40 milhões de pessoas e Faixa II cerca de 30 milhões.
Para a economista Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas (FGV), em entrevista para a Agência Brasil, a medida é importante para que as pessoas com renda mais baixa possam “voltar a respirar e até poder voltar a consumir”.
Beni observa que o programa poderá reduzir em até 40% a inadimplência no país, que hoje atinge 66,08 milhões de pessoas, ou 40,6% dos brasileiros adultos, segundo dados divulgados em maio pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
O governo estuda uma forma de os beneficiados pelo Desenrola realizarem um curso de Educação Financeira.
Entenda as faixas
- Faixa I
A Faixa I irá atender famílias com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640), ou que estejam inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), e que tenham dívidas inferiores a R$ 5 mil realizadas até 2022.
Podem ser dívidas bancárias e não bancárias que devem ter descontos pelos credores. Estima-se em mais de R$ 50 bilhões o potencial de renegociação.
O pagamento da renegociação poderá “ser à vista ou por financiamento bancário em até 60 meses, sem entrada, por 1,99% de juros ao mês e primeira parcela após 30 dias”, indica a Fazenda.
Além disso, a operação pode ser feita pelo celular. Para quem for parcelar, o pagamento poderá ser realizado em débito em conta, boleto bancário e pix. O pagamento à vista será feito via Plataforma e o valor será repassado ao credor.
Como exemplo, a Fazenda coloca:
“Uma dívida que custava R$ 1.000 e depois de renegociada baixou para R$ 350. O devedor escolhe um banco para pagar à vista ou fazer um financiamento de R$ 350 para ser parcelado nas condições mencionadas acima.”
No entanto, é explicado que em caso de não pagamento da parcela da renegociação, o banco pode voltar a negativar o cidadão.
Só não podem ser renegociadas dívidas de “crédito rural, financiamento imobiliário, créditos com garantia real, operações com funding ou risco de terceiros e outras operações definidas em ato do Ministério da Fazenda.”
- Faixa II
Já a Faixa II é voltada exclusivamente para as dívidas com bancos, com adesão ao critério da instituição. Nesse caso a renegociação é direta e o banco recebe como contrapartida pelo desconto oferecido ao cliente “um incentivo regulatório [do governo] para que aumentem a oferta de crédito.” Para estas operações não existe garantia do Fundo FGO.
As duas Faixas (I e II) estarão isentas de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
*Com informações Agência Brasil e Brasil de Fato.