Mercadante diz que juros altos são obstáculo para função social do BNDES
Em evento que celebra 71 anos do banco, ele descreveu o cenário propício à redução dos juros: inflação e dólar em queda, preços desacelerando e responsabilidade fiscal do governo
Publicado 21/06/2023 15:41 | Editado 22/06/2023 16:38

Na nesta terça-feira (20), em comemoração aos 71 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi realizada a série de painéis Nosso Passado, Presente e Futuro, no Rio de Janeiro.
Na oportunidade, o presidente do banco, Aloízio Mercadante, disse que a taxa básica de juros em 13,75% ao ano é um obstáculo à função social da instituição e ao crédito.
Segundo ele, o alto patamar da Selic ocasiona a retração do crédito para empresas e aumento da inadimplência para empresas e pessoas.
“O ambiente macroeconômico melhorou muito. Parabenizo aqui o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, [a ministra do Planejamento, Simone] Tebet e o governo. Esse novo marco de responsabilidade fiscal ajudou a que a taxa de juros no mercado futuro de longo prazo cedesse, o câmbio veio para R$ 4,70 ontem, a inflação desabou e o preço dos atacados desacelerando, mas estamos com uma taxa de juros crescendo em termos reais. Enquanto a inflação está caindo, a taxa de juros continua em 13,75%. O país que tem uma das menores inflações tem a maior taxa de juros”, alertou.
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Como fez em evento na Fiesp, não criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas pediu uma salva de palmas para a futura decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). “Não vou fazer pressão hoje. Vou fazer como fiz na Fiesp. Vamos dar uma salva de palmas para o presidente do Banco Central na expectativa do que vai vir esta semana no Copom. Ainda que não tenha grandes expectativas, vamos bater palmas para ele. Quem sabe a gente consegue sensibilizar?”, disse.
Papel de um banco público
De acordo com Mercadante, o atual momento pede que se debata o papel de um banco público no Brasil, seguindo exemplos de outros países como Estados Unidos e Alemanha, que tem bancos públicos fomentando o que há de mais avançado em tecnologia e sustentabilidade em seus países com aportes bilionários e juros zero.
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Nesse sentido, o Brasil deve aproveitar a sua matriz energética mais limpa do que dos países que compõem o G20 e liderar o processo de transição energética ao aproveitar o alto grau de conhecimento desenvolvido acerca do etanol, concluiu o chefe do BNDES.
*Informações Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva.