Presidente argentino defende equilíbrio no acordo Mercosul-União Europeia

Após encontro com a presidenta da União Europeia, Ursula von der Leyen, Alberto Fernandez salientou ser preciso um pacto que “balanceie as economias” das duas regiões

Von der Leyen e Fernández, na Casa Rosada. Foto: Governo da Argentina

Alberto Fernández, presidente da Argentina, sinalizou, durante reunião com a presidenta da União Europeia, Ursula von der Leyen, nesta terça-feira (13) a necessidade de haver equilíbrio entre os interesses do bloco europeu e o Mercosul para que o acordo entre ambos seja fechado. A reunião ocorreu na Casa Rosada, sede do governo argentino, em Buenos Aires, um dia depois do encontro entre ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

“Queremos efetivamente um acordo com a União Europeia, mas que balanceie as economias de cada uma das regiões. E que tenha em conta essa simetria, porque de outro modo pode ser (…) um acordo que beneficia mais a União Europeia e não tanto a nós”, disse Fernández após a reunião, em declaração conjunta. 

O presidente argentino pediu que sua fala não fosse interpretada como um desacordo com a UE. “Não tomem o que falei como se não estivéssemos alinhados”, destacou, completando: “Estarei muito contente se firmarmos esse acordo até o fim do ano”. 

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Por outro lado Fernández minimizou os entraves existentes e que, como apontou,“têm a ver com o protecionismo de alguns países da Europa na produção agrícola e de grãos”. Outro problema, explicou, “é o Pacto Verde que a Europa assinou para melhorar o desenvolvimento europeu, mas que inevitavelmente afeta o acordo”. Ele destacou, no entanto, que tais questões “não são difíceis” e podem ser resolvidas. 

O discurso do líder argentino vai ao encontro da posição externada pelo presidente Lula, que foi bastante contundente frente à posição da UE. Após encontro com Ursula von der Leyen no Palácio do Planalto na segunda-feira (12), Lula declarou que “a premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções. Em paralelo, a União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil”. 

Lula fez referência a um item adicional ao acordo, apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e estabelece sanções em caso de descumprimento.

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No encontro em Buenos Aires, também foi assinado um memorando de entendimento relativo à cooperação em projetos de infraestrutura favoráveis ao clima, bem como novas pesquisas sobre cadeias de valor de matérias-primas e o desenvolvimento da indústria sustentável. 

Com agências

(PL)

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