51% dos brasileiros apoiam legalização do casamento entre LGBT+
Levantamento “Global Advisor – LGBT+ Pride 2023” mostra que taxa é menor que a média mundial de 56%
Publicado 12/06/2023 18:47 | Editado 12/06/2023 18:52
Mais da metade dos brasileiros (51%) é favorável à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, de acordo com a pesquisa “Global Advisor – LGBT+ Pride 2023”, feita pela Ipsos em 30 países. Por outro lado, 15% responderam que casais homoafetivos deveriam obter algum reconhecimento legal, mas não o casamento, enquanto 14% não concordam com nenhum reconhecimento legal dessas relações, e 20% não souberam opinar.
No Brasil, não há legislação que regulamente o casamento entre LGBT+, devido ao conservadorismo do Congresso Nacional. No entanto, o Poder Judiciário determinou a constitucionalidade da união homoafetiva com direito à certidão de casamento para estas pessoas, desde 2011. No Brasil, em 10 anos (desde 2013), os cartórios contabilizaram 76.430 casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
O apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo varia de 49% a 80% em todos os 20 países pesquisados onde é legalizado. Entre os 10 países onde não é, as maiorias na Itália e na Tailândia apoiam o casamento entre pessoas do mesmo sexo e as maiorias em todos os outros países, exceto a Turquia, apoiam pelo menos alguma forma de reconhecimento legal para casais do mesmo sexo.
O Brasil se mostra menos tolerante com os direitos de casais homoafetivos do que o resto do mundo, já que a média global de aceitação de casamentos de pessoas do mesmo sexo é de 56%. Isso contrasta com o fato de que o Brasil também foi o país onde as pessoas mais se afirmam LGBT+, com 14% das menções, contra uma média mundial de 8%.
O Brasil ficou colocado acima da Colômbia, onde apenas 49% da população concorda com a união de pessoas do mesmo sexo, e abaixo da Suíça, que obteve o índice de 54%.
Os países que lideraram o ranking são Holanda (80%), Portugal (80%), Espanha (78%) e Suécia (75%). Já os países que menos concordam com uniões homoafetivas são: Turquia (20%), Romênia (25%), Singapura (32%), Polônia (32%), Coreia do Sul (35%). Os opositores de qualquer forma de reconhecimento legal para casais do mesmo sexo representam não mais do que um terço de todos os entrevistados em qualquer um dos países pesquisados.
Holanda e Portugal são os países que mais apoiam, com 80% concordando com o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seguido da Espanha (78%). Já em Singapura, apenas 32% defendem que casais compostos por pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos casais heterossexuais.
Em 13 dos 15 países onde a Ipsos rastreou o apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo desde 2013, ele cresceu significativamente até 2021.
Adoção e família
A pesquisa também revela que 69% dos brasileiros acreditam que os casais homoafetivos devem ter os mesmos direitos para adoção do que casais heterossexuais, e 71% afirmam que casais com pessoas do mesmo sexo são tão prováveis quanto outros pais de terem sucesso na criação dos filhos.
Nos últimos dois anos, o apoio à adoção pelo mesmo sexo diminuiu significativamente na Suécia, Estados Unidos, Canadá, Holanda e Turquia, mas aumentou significativamente na França, Itália, Colômbia e Peru.
Visibilidade
A Espanha é onde os entrevistados têm maior probabilidade de dizer que são gays ou lésbicas (6%), enquanto o Brasil e a Holanda são onde eles são mais propensos a dizer que são bissexuais (7% ambos). O Japão é o país onde eles têm menos probabilidade de se identificar como gay ou lésbica (menos de 1%) ou como bissexual (1%).
Outro dado que o estudo revela é que 68% das pessoas afirmam ter um parente, amigo ou colega de trabalho que se identifica como lésbica, gay ou homossexual, e 47% disseram conhecer alguém bissexual. Por outro lado, apenas 20% responderam que conhecem alguém transgênero. A média global é de 13%.
A diversidade de gênero é mais visível em toda a Anglosfera, no Brasil e especialmente na Tailândia, numa demonstração de avanço dessas comunidades em países mais liberais. Da mesma forma, que países que reprimem estes comportamentos ou negam a existências dessas pessoas têm visibilidade menor, como no Japão, Coreia do Sul, Turquia, Romênia, Hungria e Polônia.
A pesquisa foi realizada pela Ipsos em 30 países, com 22.514 entrevistados, sendo aproximadamente 1000 no Brasil, entre 17 de fevereiro e 3 de março de 2023. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.