Oferta de crédito diminui, juros e inadimplência crescem
Cenário é de desaceleração do crédito, aponta o Banco Central, que mantém juros em 13,75%: Empréstimos a empresas caiu 24,2%
Publicado 01/06/2023 08:30 | Editado 02/06/2023 09:03
Dados do Banco Central indicam que o volume de novos empréstimos e financiamentos caiu 1,2% em abril comparado com março. De forma isolada, a queda foi de 0,4% para pessoas físicas e o número se repetiu para pessoas jurídicas. Estes números se referem ao que é chamado de série dessazonalizada, em que se procura igualar todos os meses em número de dias úteis.
A queda de 17,5% no volume de concessões de crédito no mês (de forma não dessazonalizada), teve redução de 24,2% de empréstimos corporativos e de 12% para as famílias. Isto fez com que o estoque total de crédito também entrasse em declínio, recuando em 0,1% em abril, para R$ 5,363 trilhões. Em outros tipos de concessões os volumes também caíram.
Leia também: Taxa de juros pressiona dívida pública e pode neutralizar esforço fiscal
Apesar disso, enquanto o crédito fica escasso, a taxa de juros cobrada pelo sistema financeiro nas operações de crédito subiu 0,4% no mês de referência, com um aumento acumulado em 12 meses de 4,4%. A taxa de juros média cobrada em abril foi de 32,2%.
Para completar, a inadimplência subiu nas operações de crédito em 0,1%, chegando em 3,4% em abril.
Selic e o crédito
Todo este cenário de retração é condicionado pelo alto patamar da taxa básica de juros (Selic), mantida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em 13,75% ao ano. O nível elevado restringe a atividade econômica, dentre as quais a oferta de crédito, sob alegação de controle inflacionário.
Leia também: Juro do cartão de crédito rotativo beira 450%, mais alto em 6 anos
De acordo com a última ata do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), também do BC, a desaceleração da oferta de crédito é condizente com o “estágio do ciclo de política monetária”.
“O crescimento do crédito amplo continuou desacelerando nas diferentes modalidades. Esse movimento mostra-se compatível com a atual estágio do ciclo de política monetária. Nas pessoas físicas, a desaceleração continuou maior nas operações de maior risco, como as ligadas a transações de pagamento. Nas pessoas jurídicas, aumentou a desaceleração do crédito bancário. O mercado de capitais seguiu reduzindo o seu ritmo de expansão, mas se mantém como fonte relevante de financiamento, principalmente para as grandes empresas”, traz a ata.
*Informações de agências. Edição Vermelho, Murilo da Silva.