Países buscam outros ativos e diminuem as reservas em dólar
Em 20 anos, as reservas em dólar nos bancos centrais caíram de 70% para 58%. Confira quais países mudaram a moeda em transações bilaterais.
Publicado 15/05/2023 14:05 | Editado 18/05/2023 12:15
O mundo vem passando por um processo acentuado de desdolarização. De acordo com o Conselho Mundial do Ouro, em 2022, os bancos centrais em todo o mundo compraram (com dólar) a maior quantidade de ouro desde 1950.
Grandes economias, como China, Índia e Brasil, estão comprando ouro em ritmo acelerado, buscando a substituição de dólares em suas reservas. A invasão da Ucrânia e as sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia são citadas por economista como fatores que impulsionaram essa tendência nos últimos anos
Mas não é só por isso. A desdolarização também é impulsionada pelo desejo de diversificação dos ativos de reserva dos bancos centrais e pela preocupação com a desvalorização da moeda americana. Aumentos nas taxas de juros globais também influenciaram essa decisão.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC, o mundo caminha a passos largos para uma economia multipolar. Em duas décadas, as reservas em dólar caíram de 70% para 58%. A valorização do ouro em 2022 já atingiu mais de 10%, em 2022.
Ao contrário do moeda americana e de títulos, o ouro não possui tanto volatilidade no mercado, permitindo que as autoridades monetárias, em tempos de turbulência, não dependam de um órgão emissor, como no caso do Federal Reserve.
Países que já reduziram o uso do dólar em comércios bilaterais
Rússia e China: A Rússia e a China têm tomado medidas para reduzir sua dependência do dólar norte-americano em suas transações comerciais e financeiras, mas não abandonaram completamente o uso da moeda. Ambos os países têm buscado fortalecer o uso de suas próprias moedas, o rublo russo e o yuan chinês, em acordos comerciais bilaterais e em transações com outros parceiros internacionais.
A Rússia tem promovido acordos de comércio bilateral em moedas locais com vários países, buscando evitar o uso do dólar em transações comerciais. Além disso, o país tem aumentado suas reservas de ouro como forma de diversificar seus ativos e reduzir a exposição ao dólar.
A China também tem adotado estratégias para promover o uso do yuan em transações internacionais. O país tem estabelecido acordos de swap de moedas com várias nações, permitindo que os países parceiros realizem transações diretas em yuan, evitando a conversão para o dólar. Além disso, a China tem impulsionado o uso do yuan no âmbito da Iniciativa do Cinturão e Rota, facilitando o comércio e os investimentos com países ao longo dessa rota.
Brasil: Brasil também tem buscado diversificar suas transações comerciais bilaterais e reduzir sua dependência exclusiva do dólar. O país tem adotado medidas para promover o uso de outras moedas em acordos comerciais, especialmente em transações com parceiros estratégicos.
Um exemplo é o comércio bilateral entre o Brasil e a China, que evidenciou um aumento significativo das transações em moedas locais, como o real brasileiro e o yuan chinês. A iniciativa visa facilitar o comércio e reduzir a exposição ao dólar nas transações entre os dois países.
Além disso, o Brasil tem estabelecido acordos de swap de moedas com outros países, como Argentina e Uruguai, permitindo transações diretas em suas respectivas moedas, evitando a necessidade de conversão para o dólar.
Embora o dólar ainda seja amplamente utilizado nas transações internacionais do Brasil, o país tem adotado medidas para diversificar suas operações comerciais e financeiras, buscando reduzir a dependência exclusiva do dólar norte-americano.
Argentina: o país tem buscado reduzir sua dependência da moeda norte-americana. Em alguns acordos comerciais, especialmente com parceiros regionais, a Argentina tem explorado o uso de moedas locais, como o peso argentino, o real brasileiro e o euro, como alternativas ao dólar. Essa estratégia visa diversificar as transações comerciais e reduzir os riscos associados à volatilidade do dólar.
Recentemente, a Casa Rosada anunciou que passará a fazer transações para importações vindas da China em yuan.
Irã: Devido às sanções internacionais impostas ao país, o Irã tem buscado estabelecer acordos comerciais com outros países que evitem o uso do dólar, como o uso do euro, yuan chinês e outras moedas.
Turquia: O país tem feito esforços para aumentar o uso de moedas locais em suas transações comerciais com parceiros, incluindo a Rússia, a China e outros países.
Venezuela: A Venezuela tem buscado realizar transações comerciais em moedas diferentes do dólar, como o euro e o yuan chinês, devido às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos.
União Europeia: Em alguns acordos comerciais, como aqueles estabelecidos com o Irã, a UE tem buscado evitar o uso do dólar e utilizar o euro como moeda de referência.