Primeiro de Maio celebra conquistas dos trabalhadores em todo o Brasil

De norte a sul, sindicalismo se unificou para apresentar a pauta da classe trabalhadora

Primeiro de Maio em Recife teve luta e forró

Não foi apenas em São Paulo que uma multidão se reuniu para celebrar a derrota do bolsonarismo e as conquistas trabalhistas dos primeiros quatro meses de governo Lula. Por todo o país, atos unificados do sindicalismo pontuaram as reivindicações que a classe trabalhadora tem para o próximo período, além de expressar a esperança no novo tempo sem a extrema-direita no poder.

O tema do 1º de Maio de 2023 é “Emprego, Direitos, Renda e Democracia”. Este tema foi acordado pelas oito centrais sindicais que se uniram em uníssono nas praças do país. Participaram dirigentes da Intersindical, da CUT, da CTB, da UGT, da NCST, da Pública, da Força Sindical e da CSB.

As centrais sindicais de Pernambuco se encontraram no ato político-cultural, na praia do Pina, em Recife, que teve início às  10h, próximo do Cassino Americano. Com programação cultural e artística, a atividade política teve como objetivo reivindicar  emprego, renda redução dos juros, valorização do salário mínimo e do serviço público e revogação do novo ensino médio, entre outros eixos.

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Um trio elétrico foi montado no calçadão da praia que fica na zona sul, para as apresentações dos artistas: Andrezinho e amigos; Orquestra Backstage e Dany Milet. Eles cantaram e tocaram muito forró, frevo e brega durante toda a manhã ensolarada.

O presidente da CUT Pernambuco, Paulo Rocha, acentuou a importância desse ato político-cultural unificado. “Pelo fim do trabalho análogo à escravidão e para lembrar dos trabalhadores e trabalhadoras que lutaram e morreram para conquistar os direitos que temos hoje e que a luta não parar” enfatizou.

Dirigentes partidários da Bahia e as centrais sindicais participaram da comemoração ao Dia do Trabalhador, no Farol da Barra, em Salvador. No ato, que reuniu apoiadores, o partido e os organizadores reafirmaram a luta em defesa dos trabalhadores, destacaram a “retomada do governo democrático” com a eleição de Lula e defenderam os avanços das pautas da categoria.

O Festival do Trabalhador começou às 9h da manhã e se estendeu até o início da noite no Parque Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro. O evento é organizado pela Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, em parceria com as centrais sindicais.

Às 11h, houve ato ecumênico, seguido por discursos das lideranças sindicais no período da tarde. A partir das 16h30, começaram os shows do grupo de samba feminino Moça Prosa, e do cantor Diogo Nogueira, às 18h.

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A Prefeitura garantiu cadastro de trabalhadores para banco de empregos, vagas para pessoas com deficiência, jovem aprendiz e estágio, inscrição para cursos e orientação sobre elaboração de currículo. Também foram oferecidos, durante o evento, serviços como postos de vacinação, cadastro único para programas sociais, feira cultural e de artesanato, distribuição de mudas, homenagens a trabalhadores, serviços do INSS e do Ministério da Previdência Social.

A diretora de comunicação da CTB no Rio de Janeiro, Ana Paula Brito, destacou a importância de o ato ocorrer fora da região central, levando atividades políticas e culturais para a zona norte. “Vamos fazer uma grande festa popular, com a cara, presença e coragem do povo, para debater nossas pautas e também celebrar nossa cultura”, disse ela. 

O secretário municipal de Trabalho e Renda do Rio, Everton Gomes, disse que a iniciativa tem como objetivo estimular o debate de políticas que garantam novos direitos para os trabalhadores cariocas.

“É um dia especial, de celebração e de luta por mais direitos. Queremos mais empregos verdes. A prefeitura do Rio celebra nessa data as lutas históricas dos trabalhadores olhando também para os desafios do presente e do futuro. O Rio tem o potencial de se transformar, em período curto, na capital nacional dos empregos verdes. Portanto, o 1º de maio é uma data para celebração e defesa de mais direitos. Queremos transformar o Rio na capital nacional dos empregos verdes”, afirmou.

Em Fortaleza, o ato público aconteceu na Vila do Mar, no Pirambu, tendo concentração inicial no cruzamento das avenidas Dr. Theberge e Leste-oeste, seguindo para a Vila do Mar e depois para a areninha do bairro.

A manifestação foi fortemente marcada por protestos contra as altas taxas de juros no Brasil e contra a taxa do lixo em Fortaleza, temas das falas de diversas lideranças, sindicalistas, parlamentares, representantes de movimentos sociais, associações comunitárias, coletivos e outras instituições e grupos.

A luta por aumento real do salário mínimo, pela valorização dos trabalhadores e por melhores condições de trabalho também foi ressaltada em vários pronunciamentos. Muitos manifestantes também cobraram apuração rigorosa e punição para os crimes cometidos pela gestão Bolsonaro no Governo Federal. “Sem anistia”.

Trabalhadores de limpeza pública e asseio e conservação, representados pelo Seeaconce, participaram da manifestação pelo Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Eles destacaram que estão em plena campanha salarial, tendo fechado recentemente a convenção coletiva de limpeza pública, mas ainda lutando pelo melhor reajuste, com ganho real, para os trabalhadores terceirizados de asseio e conservação, atuantes em empresas públicas e privadas, escolas, unidades da Cagece, entre um sem-número de espaços de trabalho.

Penha Mesquita, presidente do Seeaconce, enfatizou na manifestação que a luta da campanha salarial e para obter o melhor reajuste, com ganho real, continua a ser feita todos os dias. “Neste Primeiro de Maio, nossa luta em defesa de todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores se soma à campanha salarial. Com muita força das categorias representadas pelo Seeaconce, vamos continuar lutando para fechar um reajuste que represente ganho real para os trabalhadores”, ressaltou Penha, agradecendo pelo apoio da categoria.

Entre outros participantes, participaram Luciano Simplício, presidente da CTB-CE, Luis Carlos Paes, integrante do Comitê Estadual do PCdoB, e Inácio Arruda, ex-senador e atual integrante da equipe do Ministério de Ciência e Tecnologia. A manifestação contou com grande número de participantes e reforçou as bandeiras dos trabalhadores, neste novo momento do País.

No Norte, houve atos em Manaus, Belém e outras capitais de estado. Na capital amazonense, os trabalhadores também pediam a revogação das reformas trabalhista e da previdência.

Em Minas Gerais, os principais atos ocorreram no Centro de Belo Horizonte e em Contagem, onde ocorreu a tradicional missa do trabalhador, organizada pelos setores progressistas católicos. Nas duas manifestações, a população pedia também a punição de Bolsonaro e seus cúmplices golpistas.

No Sul, a classe trabalhadora também saiu às ruas para pedir a revogação das reformas antipopulares que destruiu os direitos trabalhistas. Em Porto Alegre, os manifestantes se concentraram na Orla do Guaíba, num ato-show organizado pelas centrais sindicais. As outras capitais sulistas também registraram ações de agitação organizada por sindicatos.

Em Santa Maria (RS), o Dia do Trabalhador foi marcado por manifestações artísticas promovidas por entidades sindicais. Os atos iniciaram às 10h, na Associação de Moradores Estação dos Ventos, localizada no Bairro KM 3, escolhida em virtude da importância política das pessoas e dos movimentos que ali germinam diariamente.

“O primeiro de maio é um momento de muita representatividade para os trabalhadores e as trabalhadoras e nada melhor do que ser rememorado num espaço cheio de significado para a luta social em Santa Maria. O KM 3 sempre foi símbolo de resistência, desde a luta ferroviária até a luta pela moradia. Nesse local histórico, em um momento onde os grandes temas relativos aos rumos do país voltaram à agenda nacional, é que iremos dialogar com a população a partir do chamado Um Brasil digno para a classe trabalhadora”, explica Botega.

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