China diz que União Europeia age sem contato com a realidade
Mais: Sudão, uma abordagem colonial e racista / Comunistas do Nepal voltam a discutir unificação / O périplo de um patético Juan Guaidó, entre outras notas.
Publicado 25/04/2023 14:11 | Editado 25/04/2023 14:39
O representante da União Europeia (UE) para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, declarou, no último sábado (22), que a UE deveria ser mais ativa na questão de Taiwan e convocou as marinhas europeias a patrulhar o Estreito de Taiwan. Mais uma vez a UE segue caninamente a política externa estadunidense, desta vez atacando diretamente seu principal parceiro comercial a China, sem auferir qualquer benefício com essa atitude. A China não mediu palavras na resposta. Em editorial publicado nesta segunda-feira (24), o Global Times, porta-voz oficioso do governo chinês para política internacional, diz que o episódio “não apenas lembra as pessoas da infame história colonial, que ainda é esquecida por alguns europeus, mas também torna mais repugnante que a Europa não consiga abandonar a ideia de interferir nos assuntos da Ásia-Pacífico, apesar de seu declínio absoluto de poder e de estar atolada em múltiplas dificuldades. Assim como um velho senil que há muito está fora de contato com os tempos atuais, se os navios de guerra europeus ainda quiserem mostrar sua força no Pacífico hoje, o resultado seria apenas um fracasso embaraçoso. Para o Exército de Libertação Popular, que tem uma força poderosa para defender a sua pátria, enfrentar os navios de guerra europeus que vêm para provocar não exigirá o esforço de erguer uma sobrancelha”.
Sudão, uma abordagem colonial e racista
Desde o dia 15 de abril um conflito entre facções militares do Sudão, que desejam conquistar ou consolidar o poder, mergulhou a nação africana no caos causando centenas de mortos e destruindo infraestrutura urbana, casas, prédios etc. O Sudão é o terceiro maior país da África com mais de 45 milhões de habitantes, mas a abordagem da mídia hegemônica tem como foco a evacuação de uns tantos estrangeiros, a maioria europeus e estadunidenses. A manchete da Editoria Mundo de O Globo, na edição desta terça-feira, é “Estrangeiros em Fuga”. Alguém viu coisa parecida durante a cobertura dos atentados às torres gêmeas em Nova York, em 2001? Uma manchete desta seria possível durante a recente repressão das forças policiais francesas nos massivos protestos contra a reforma da previdência nas cidades da França? Essa abordagem midiática releva o olhar colonial e racista predominante, para o qual o drama da população sudanesa e os dilemas do país são irrelevantes. Essa linha não foi adotada nem no conflito da Ucrânia onde em primeiro plano era (e continua sendo) mostrado o sofrimento da população civil e os desenvolvimentos no campo militar. Mas a vida de milhões de africanos bem como o próprio destino da nação sudanesa representam pouco diante da necessidade de salvaguardar os representantes, em geral brancos, “da civilização”. Como reportamos na Súmula de ontem, em dezembro de 2019 uma revolução popular derrubou uma ditadura de 30 anos e tinha como objetivo democratizar o Sudão, estabelecendo um poder civil estável que estivesse submetido às leis de um estado de direito. No entanto, velhas e corruptas camarilhas militares deram um golpe em 2021 e agora lutam entre elas.
Sudão: Partidos da região expressam apoio
Em apoio à luta do povo sudanês, dezessete partidos da região divulgaram uma declaração onde: condenam esta reviravolta violenta e terrorista “em que o povo sudanês não tem qualquer interesse” e exigem o cessar-fogo imediato; expressam solidariedade e “apoio incondicional e de princípios ao irmão povo sudanês nesta difícil circunstância”; renovam “o apoio às forças revolucionárias no Sudão, lideradas pelo Partido Comunista Sudanês” e conclamam “todas as forças progressistas da região e do mundo a fortalecer o apoio ao povo sudanês e sua revolução, e a enfrentar todas as formas de ingerência regional e internacional que buscam interromper o processo revolucionário e detê-lo”. Assinam organizações da Tunísia, do Marrocos, do Saara Ocidental, do Bahrein, da Palestina, da Mauritânia, do Kuwait, da Jordânia, do Líbano, do Egito, além do próprio Sudão.
Comunistas do Nepal voltam a discutir unificação
Os dois maiores partidos do Nepal, o Partido Comunista do Nepal (Unificado Marxista-Leninista) e o Partido Comunista do Nepal (Centro Maoísta) estão debatendo maneiras de voltar a formar uma só organização. Os dois partidos, que juntos têm a maioria do parlamento nepalês, já chegaram a se unificar, em 2018, e formaram o Partido Comunista do Nepal, mas como já havia um partido com este mesmo nome registrado, em 2021 a Suprema Corte anulou a fusão e os dois partidos originais voltaram a atuar separadamente. Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro Pushpa Kamal Dahal (PCN-CM) defendeu a unidade das organizações comunistas e anunciou a criação de uma frente socialista para preparar o caminho para esse objetivo. Dahal, que também é presidente do PCN-CM, sublinhou que deve-se continuar a unir forças com base em ideologias e políticas corretas e de acordo com as necessidades da nação e do povo, informou o Kathmandu Post, acrescentando que a unidade entre as forças comunistas é essencial para proteger a independência, a unidade nacional, garantir a subsistência das pessoas, a justiça social, estimular o desenvolvimento, fortalecer a democracia e a ordem da nação, declarou.
O périplo de um patético Juan Guaidó
Se houvesse um rosto para representar a crescente desmoralização do imperialismo seria a face de Juan Guaidó. Não faz muito tempo, ele era festejado pelos EUA, pela União Europeia, pela direita e pela extrema-direita brasileira, que lhe outorgaram o título de presidente da Venezuela, à revelia do povo venezuelano. Como sempre, a mídia hegemônica entoou, em um coro desafinado, loas ao novo “campeão da liberdade”. Hoje, desmoralizado, isolado até mesmo na oposição, respondendo a processos por corrupção, ninguém tem pena de Guaidó. Nesta segunda-feira ele atravessou a pé a fronteira com a Colômbia e tuitou que iria participar da Mesa de negociações entre o governo e a oposição venezuelana que acontecerá em Bogotá e que pretendia “se reunir com delegações internacionais que estavam chegando à Colômbia para participar da cúpula desta terça-feira (25)”. Era mentira, e Guaidó foi desmascarado tanto pelo governo anfitrião da Colômbia, que disse claramente que ele não estava convidado, quanto pela própria oposição, de onde não se levantou sequer uma voz para defender sua presença. Os EUA, um dos países convidados a participar das negociações, também optou pelo silêncio. O governo da Colômbia informou ainda que “os serviços de imigração da Colômbia levaram o senhor Juan Guaidó, de nacionalidade venezuelana, que se encontrava em Bogotá de maneira irregular, ao aeroporto de El Dorado com o intuito de verificar sua partida em uma companhia aérea comercial para os Estados Unidos, durante a noite”. De fato, Guaidó embarcou rumo aos EUA e lamentou: “fui expulso”. Patético.
Turquia anuncia reunião de Defesa e Inteligência com Rússia, Irã e Síria
O ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, anunciou nesta segunda-feira que os ministros da Defesa e chefes de inteligência da Turquia, Rússia, Irã e Síria se reunirão nesta terça-feira em Moscou, com o objetivo de avançar na normalização das relações entre Ancara e Damasco. “Seja na Turquia ou na Síria, temos irmãos e irmãs sírios com quem estamos juntos. Não tomaremos qualquer decisão ou criaremos qualquer situação que os coloque em apuros. Que fiquem calmos”, disse Akar à agência de notícias oficial Anadolu. Essas palavras visam afastar as preocupações de cerca de 3,5 milhões de sírios, refugiados na Turquia e em áreas controladas pelo exército turco no norte da Síria. “Esperamos alguns desenvolvimentos positivos após a reunião (na terça-feira)”, disse Akar. Informações da agência EFE.
Gastos com armas de Guerra atingem novo recorde e apontam “mundo cada vez mais inseguro”
O jornal O Globo, na edição desta terça-feira, divulgou um estudo publicado pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri) revelando que os gastos com armas atingiram novo recorde em 2022, chegando a US$ 2,24 trilhões de dólares (R$ 11,31 trilhões). Os EUA são, mais uma vez, o país campeão disparado em gastos com armas de guerra, respondendo sozinho por 39% de todo valor. Em segundo lugar aparece a China com 13% e a Rússia em terceiro com 3,9%. O pesquisador sênior do Sipri, Nan Tian, avalia que “o contínuo aumento no gasto militar global é um sinal de que vivemos em um mundo cada vez mais inseguro”. Para o pesquisador, “não se prevê melhora (nesse ambiente de insegurança) em um futuro próximo”.
Polônia: A hiena da Europa?
A agência Sputnik News reproduziu, nesta segunda-feira, declarações do vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, e do chefe do Serviço de Inteligência Externa (SVR), Sergei Narishkin, que acusam a Polônia de buscar a expansão territorial às custas da Ucrânia. “Os poloneses mais uma vez sonham em reviver a união interestatal com a Ucrânia e restaurar a Rzeczpospolita (Comunidade polonesa-lituana), um império inacabado ‘de um mar ao outro’. Sem recursos intelectuais para criar uma imagem viável do futuro, a Polônia, confirmando sua reputação de ‘país voltado para o passado’, inspira-se em mapas de 400 anos atrás, quando partes da atual Ucrânia estavam em seu poder”, declarou Medvedev, que também foi presidente da Federação Russa. O chefe da inteligência russa, Sergei Narishkin, seguiu a mesma linha. “De fato, a Polônia de hoje está se tornando um estado da era Józef Pilsudski (1867-1935), quando Varsóvia estava em conflito com todos os seus vizinhos e ansiava por expansão territorial. Foi precisamente essa Polônia que Winston Churchill apropriadamente chamou de ‘hiena da Europa’ na véspera da Segunda Guerra Mundial”, disse Narishkin. No dia 7 de abril, o editor-chefe do site polonês Niezależny Dziennik Polityczny, Marek Galas, afirmou que o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, “ciente de que a contraofensiva ucraniana está fadada ao fracasso”, teria retomado, em reunião com seu homólogo polonês, Andrzej Duda, a questão do eventual retorno de territórios ocidentais como Volyn, Rovno e Lviv à Polônia, além do controle das empresas ucranianas mais importantes a investidores poloneses em troca do pagamento da dívida externa da Ucrânia.
49º aniversário da Revolução dos Cravos
Nesta terça-feira completam-se 49 anos da Revolução dos Cravos. O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, em ato comemorativo realizado no domingo (23), declarou que “celebramos esse ato libertador que pôs fim à longa noite fascista, de 48 anos de miséria, analfabetismo, prisões, torturas, morte, colonialismo, guerra”. O PCP foi o único partido de oposição ao fascismo que atuou ininterruptamente durante os 48 anos de ditadura. Hoje, o deputado comunista Manuel Loff, em discurso na Assembleia da República, asseverou que “a Revolução portuguesa que hoje aqui comemoramos, contudo, não é simplesmente memória. Muito pelo contrário: quando dizemos ‘25 de Abril sempre!’ estamos a dizer que não renunciaremos em cada dia que passa ao que se conquistou em abril – direitos, liberdades e garantias cívicas que não aceitaremos nunca mais ver restringidas, direitos sociais como os de uma educação, um SNS (Sistema Nacional de Saúde) e uma Segurança Social públicas, que assegurem o bem-estar de todos e não apenas de alguns (…) O direito a defender a paz contra a guerra, hoje como há 50 anos. O direito a dizer, hoje como então: Fascismo nunca mais!” Em São Paulo, às 19 horas desta terça-feira, ocorrerá um ato solene na Assembleia Legislativa (Alesp) em comemoração à data histórica.