Biden anuncia candidatura à reeleição para 2024
Presidente dos EUA lançou pré-candidatura em meio a popularidade em baixa e possibilidade de revanche contra Donald Trump
Publicado 25/04/2023 17:43 | Editado 27/04/2023 08:44
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lançou oficialmente nesta terça-feira (25) sua candidatura a um segundo mandato em Washington, em 2024, de acordo com um vídeo de campanha publicado online. Com isso, acaba com as especulações de que não disputaria, enquanto Donald Trump sempre reafirmou suas intenções, mesmo diante das adversidades judiciais.
“Toda geração tem um momento onde deve defender a democracia. Defender suas liberdades fundamentais. Acredito que esse é o nosso momento. É por isso que estou concorrendo à reeleição como presidente dos Estados Unidos. Junte-se a nós. Vamos terminar o trabalho”, escreveu nas redes sociais.
Biden qualificou a disputa do próximo ano como uma luta contra o extremismo republicano, argumentando implicitamente que precisa de mais tempo para cumprir plenamente sua promessa de restaurar o caráter da nação.
“Quando concorri à presidência há quatro anos, disse que estávamos em uma batalha pela alma da América. E ainda estamos”, disse ele no vídeo, que abriu com imagens da insurreição de 6 de janeiro de 2021 e ativistas pelos direitos ao aborto protestando na Suprema Corte dos Estados Unidos.
“A questão que enfrentamos é se nos próximos anos teremos mais liberdade ou menos liberdade. Mais direitos, ou menos”, diz Biden. “Eu sei o que quero que seja a resposta e acho que você também. Este não é um momento para ser complacente. Por isso estou concorrendo à reeleição”, completa.
A disputa pode evoluir para uma revanche com seu rival em 2020, o ex-presidente Donald Trump. Logo após a derrota, o trumpismo já estava com suas bandeiras hasteadas para uma nova disputa. Com isso, o Partido Republicano se tornou refém de um extremismo que tem fraturado o partido internamente.
A candidatura presidencial de Trump perdeu fôlego nas eleições parlamentares de meio de mandato, especialmente depois do desempenho ruim dos candidatos apoiados por Trump em estados importantes.
Desafios atuais
Biden entra na corrida presidencial com vitórias legislativas relevantes, uma forte barreira na Câmara contra suas ambições, mas o fantasma do trumpismo a seu favor. No entanto, conta com baixos índices de aprovação.
Cerca de metade dos democratas é contra a reeleição, segundo uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada esta semana. Nela, 44% dos entrevistados democratas disseram que Biden não deveria concorrer a um segundo mandato. Apenas 41% dos entrevistados aprovaram seu desempenho como presidente.
Também enfrenta questionamentos sobre sua idade avançada para o cargo, – terminaria o próximo mandato com 86 anos -, desde a disputa anterior. Ele concorrerá ao lado da atual vice-presidente, Kamala Harris, de 58 anos.
Caso o Partido Republicano opte por um candidato diferente (e mais jovem), existem sólidos temores entre democratas de que Biden se sairia bem. Esta hipótese ainda é incerta, pois Trump continua liderando longe contra as outras opções republicanas.
Assim como fez em 2020, Biden está fazendo um apelo aos ideais da nação, pois sabe do receio do americano médio com o extremismo que cerca Donald Trump. Segundo ele, os extremistas estão “ditando quais decisões sobre saúde as mulheres podem tomar, proibindo livros e dizendo às pessoas quem elas podem amar”.
Como Lula, teve seu início de mandato cercado de ameaças, negacionismo eleitoral e uma invasão golpista a instituições da República. No entanto, enquanto Lula é celebrado na imprensa americana por ter dado uma resposta eficiente aos atentados, Biden e os democratas não foram capazes de soterrar Donald Trump na vergonha.
A guerra em curso na Ucrânia e a economia incerta, com inflação em alta, podem ser os obstáculos à reeleição. A possibilidade de poder contrair mais empréstimos, com autorização do Congresso, também é uma dúvida. Os Parlamentos continuam divididos, com maior republicana na Câmara e uma vaga a mais para os democratas no Senado.
Mas Biden terá uma agenda ambiciosa de realizações para mostrar em relação ao financiamento contra a pandemia de covid-19, o investimento em infraestrutura, a produção doméstica de chips semicondutores e avanços na mudança climática, assim como a retomada de acordos e parcerias internacionais. Temas que atacaram promessas do próprio Trump, que não passaram de retórica para o Make America Great Again (Fazer a América Grande de Novo).
Trajetórias
Joe Biden tem vida pública desde 1969, quando iniciou a carreira política como vereador de um condado do estado do Delaware. Três anos depois, em 1972, aos 29 anos, ele venceu eleições para o Senado do país pela primeira vez e se tornou uma das pessoas mais jovens a ocupar o cargo de senador nos EUA. O presidente era Richard Nixon, e o país ainda estava a três anos de sair da Guerra do Vietnã.
Depois disso, Biden se reelegeu outras cinco vezes, até assumir o cargo de vice-presidente na chapa de Barack Obama, em 2008. Ele teve cargos como deputado eleito entre 1969 e 2017.
Formada em direito e ex-procuradora do distrito de San Francisco e do estado da Califórnia, Kamala Harris se projetou ao questionar, em sabatinas no Senado, indicados por Trump para cargos de juiz da Suprema Corte e de Secretário de Justiça.
Harris nasceu numa família de imigrantes: a mãe dela é indiana, pesquisadora do câncer, e o pai, jamaicano, professor de economia.